Em sua coluna na revista Época, o jornalista Guilherme Amado
aponta alguns motivos que explicariam porque o presidente "saiu da
casinha", disparando a sua arminha verbal nestes dias. "O destempero de
Bolsonaro, que nunca se moderou de fato, apenas recolheu armas
estrategicamente, teve razão. Três razões, aliás", afirma.
A primeira, diz o colunista, é que "o presidente e os
seus aliados mais próximos sentiram a derrota de Donald Trump. O naufrágio do
strongman populista americano fez muitos apoiadores do presidente,
principalmente os não fanáticos, se questionarem se estão certos ao apoiar a
versão brasileira".
O segundo motivo é que "a família presidencial assustou-se com a movimentação de Sergio Moro e Luciano Huck rumo a 2022. O surgimento de novas configurações eleitorais na direita, com Moro agora abertamente candidato, também abre fissuras especialmente no eleitorado que não tem relação de idolatria com o Mito".
Derrota eleitoral e queda de popularidade
Já a terceira causa é "a provável derrota de praticamente todos os candidatos apoiados pelo presidente nas capitais, a maioria ainda no primeiro turno... Até a quinta-feira, 12, só dois dos seis candidatos para quem o presidente pediu voto nas capitais tinham chance de ir ao segundo turno".
O colunista da revista Época conclui: “Os três fatores
mostraram que a reeleição em 2022 talvez não seja um passeio. A pesquisa
Datafolha divulgada na quinta-feira, 12 reforçou isso: o “ruim e péssimo” de
Bolsonaro em São Paulo está em 50%. No Rio, 42%”.
Às três razões expostas por Guilherme Amado é possível
acrescentar várias outras que explicariam o recente piriri verborrágico do Bolsonaro. Cito mais duas: A primeira é o cerco ao filhote 01, o Flávio Rachadinha, está
se fechando. Já há quem preveja a cassação do seu mandato de senador; outros
falam até em possível prisão.
O segundo motivo da irritação presidencial (ou quinto na
soma) é o temor do total descarrilamento da economia no pós-eleições. O fim do
auxílio emergencial em dezembro, a explosão das taxas de desemprego e a frágil
retomada da economia assustam Jair Bolsonaro. Ele sabe que isto pode significar
o seu fim!
Na semana passada, a Folha noticiou que “os indicadores
especiais de atividade, criados durante a pandemia para monitorar a retomada,
mostram que o período de forte recuperação da economia, iniciado já em meados
de abril, se encerrou em outubro – mês em que ocorreu a redução de estímulos
governamentais”.
A bravata do "V" de Paulo Guedes
“Dados para novembro confirmam que a atividade se estabilizou em um nível ainda abaixo do patamar pré-crise, e a expectativa dos analistas responsáveis por esses índices é de uma recuperação mais lenta na sequência”, informa o jornal rentista.
Ou seja: o próprio “deus-mercado” não acredita na tal “recuperação
em V” tão bravateada pelo abutre Paulo Guedes, que está cada dia mais com a cabeça
a prêmio. Se a própria mídia neoliberal, que segue apoiando a agenda econômica do
laranjal, está tão pessimista, imagine-se a irritação do desbocado Jair
Bolsonaro.
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