domingo, 15 de novembro de 2020

As três tendências das eleições municipais

Por Altamiro Borges


Não dá para confiar nas pesquisas eleitorais nem em períodos normais. Pior ainda em tempos de pandemia, de redes sociais e de fake news – só para citar alguns fatores desestabilizadores do voto. Mesmo assim, as mais recentes pesquisas parecem indicar três grandes tendências no pleito deste domingo (15):

1- O bolsonarismo não cativou o eleitorado e pode ser o maior derrotado nas urnas. Dos seis candidatos apoiados pelo "capetão" a prefeito nas capitais, quatro já naufragaram (São Paulo, Recife, Manaus e Belo Horizonte) e só dois ainda têm alguma chance de ir ao segundo turno (Rio de Janeiro e Fortaleza).

Refluxo da onda de extrema-direita

Na capital cearense, o tal Capitão Wagner até tentou esconder o apoio do presidente. Já na capital paulista, o midiático-picareta Celso Russomanno também decidiu ocultar o "capetão" na reta final, mas já era tarde. Jair Bolsonaro também apoiou candidatos a prefeitos fora das capitais, mas todos afundaram.

A onda de extrema-direita no país – que resultou no golpe do impeachment contra Dilma Rousseff e chocou o ovo da serpente fascista com a vitória de Bolsonaro – parece que sofrerá um revés nesta eleição. Mesmo os tais "outsiders", os da antipolítica que surpreenderam nos pleitos de 2016 e 2018, agora estão em baixa.

Forças tradicionais ressuscitam

2- A segunda tendência é que as forças de centro-direita e direita devem ressuscitar. Partidos tradicionais e do establishment, como DEM e PSDB, que estavam cambaleantes, ressurgem com força nos centros urbanos. A negação da política e a satanização das esquerdas, patrocinadas pela mídia, parece que agora dão frutos.

Setores da cloaca burguesa, com forte expressão na mídia, apostam no caminho do meio, do "centro". Eles temem o autoritarismo político e as maluquices obscurantistas do bolsonarismo; mas não toleram as forças de esquerda. Daí a aposta nos candidatos "tradicionais", nas velhas raposas da política.

A incógnita sobre as forças de esquerda

3- A terceira tendência, a que está menos nítida, é sobre o desempenho das esquerdas. Elas sofreram duras derrotas nos últimos anos e seguem sendo demonizadas pela mídia. Em 2016 e 2018, os revezes nas urnas foram terríveis. A catástrofe não deve se repetir agora, o que indicaria uma certa recuperação das esquerdas.

Em três capitais, as forças populares têm possibilidades reais de vitória. Em Porto Alegre (RS), com Manuela D'Ávila (PCdoB); Vitória (ES), com João Coser (PT); e Belém (PA), com Edmilson Rodrigues (PSOL). Em São Paulo e Rio de Janeiro, as disputas estratégicas ainda vão gerar muita tensão e adrenalina. As forças de esquerda também disputam várias cidades de porte médio. A conferir!

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