terça-feira, 17 de novembro de 2020

“Pé-frio”, Bolsonaro foi o grande derrotado

Por Altamiro Borges


Num típico crime eleitoral, Jair Bolsonaro usou a estrutura do governo para fazer "lives" em defesa de vários candidatos. Ele até batizou de "horário eleitoral gratuito" do presidente. Agora, o pé-frio tenta esconder seu desastre nas urnas. O “capetão” foi o grande derrotado nas eleições municipais deste domingo (15).

Bolsonaro pediu voto para familiares e comparsas, exibiu santinhos e cartazes, distribuiu “colinhas” nas redes sociais e até gravou peças de campanha. Mas parece que a onda fascista sofreu um refluxo nas urnas. Segundo levantamento da revista Veja, "o resultado do esforço revelou-se uma decepção".

"Mick Jagger da política"

Dos 14 candidatos a prefeito que ele declarou apoio, dois foram ao segundo turno, mas estão capengando: Marcelo Crivella (RJ) e Capitão Wagner, em Fortaleza. Outros três se elegeram em cidades do interior: Mão Santa (DEM) em Parnaíba (PI); Gustavo Nunes (PSL) em Ipatinga (MG); e Divaldo Lara (PTB) em Bagé (RS).

Já no caso dos candidatos a vereador, o fiasco foi ainda maior: dos 59 postulantes a quem ele fez propaganda aberta, só nove foram eleitos. O desastre atingiu até sua ex-funcionária fantasma, a Wal do Açaí, em Angra dos Reis (RJ). Ela mudou de nome e apareceu na urna como Wal Bolsonaro. Mas recebeu apenas 266 votos.

Como ironiza a revista Veja, "foi na disputa às prefeituras, no entanto, que o presidente confirmou o apelido que ganhou nas redes – o 'Mick Jagger da Política', em referência ao roqueiro 'pé frio'". O tombo de Celso Russomanno em São Paulo, que começou em primeiro e terminou em quarto lugar, é o mais emblemático.

Carluxo deixa gosto amargo no clã

A revista lembra ainda da "candidata à prefeitura de Recife, Delegada Patrícia (Podemos), que declarou ao lado do presidente que iria 'varrer a esquerda' na capital pernambucana, e amargou a quarta posição, com 13,6% dos votos”. Já em Manaus, o Coronel Menezes (PSC) terminou na quinta colocação, com 11,32%.

O terceiro desastre lembrado é o da capital mineira. “Em Belo Horizonte, o candidato Bruno Engler (PRTB) não fez nem cócegas no prefeito Alexandre Kalil (PSD), reeleito em primeiro turno. A derrota dele confirmou a máxima de que os radicais bolsonaristas podem até fazer barulho nas redes, mas têm poucos votos".

Para atazanar o “capetão”, a Veja fustiga: "Um dos maiores termômetros para Bolsonaro era a eleição de seu filho Carlos... Mesmo com todo o apoio do presidente, Zero Dois perdeu votos em relação ao pleito passado e a posição de vereador mais votado para Tarcísio Motta (PSOL), o que deixou um gosto amargo no clã".

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Levantamento da Veja sobre o desempenho dos candidatos do “capetão”:

Postulantes a prefeitura não eleitos

Celso Russomanno (Republicanos) – São Paulo

Bruno Engler (PRTB) – Belo Horizonte

Delegada Patrícia (Podemos) – Recife

Coronel Menezes (Patriota) – Manaus

Oscar Rodrigues (MDB) – Sobral

Júlia Zanatta (PL) – Criciúma

Doutor Serginho (Republicanos) – Cabo Frio (RJ)

Morgana Macena (MDB) – Cabedelo (PB)

Postulantes a prefeito eleitos no primeiro turno

Gustavo Nunes (PSL) – Ipatinga (MG)

Mão Santa (DEM) – Parnaíba (PI)

Divaldo Lara (PTB) – Bagé (RS)

Postulantes a prefeito que passaram ao segundo turno

Marcelo Crivella (Republicanos) – Rio de Janeiro

Capitão Wagner (PROS) – Fortaleza

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