quinta-feira, 24 de dezembro de 2020
Fim do auxílio emergencial vai agitar o país
A Folha registra que, em outubro, "a redução do auxílio emergencial pela metade já colocou a renda de cerca de 7 milhões de pessoas abaixo do nível de pobreza de até R$ 5,50 por dia... E esse número deve subir para quase 17 milhões após a extinção do benefício, no início de 2021".
Esse contingente assustador de pessoas abaixo do nível de pobreza representa 26,2% da população brasileira, um ponto percentual acima do patamar verificado em 2019. "Em setembro deste ano, por causa do auxílio emergencial, esse percentual estava em 18,3%, menor valor da década".
A reportagem da Folha se baseia em um estudo do pesquisador Vinícius Botelho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE-FGV). O trabalho considera todas as linhas internacionais de pobreza (de US$ 1,00 até US$ 5,50 de renda familiar per capita).
Na linha de até US$ 1,00 (extrema pobreza), por exemplo, 6,5 milhões superaram esse patamar no período do pagamento do auxílio de R$ 600. Mas 800 mil pessoas já voltaram a ficar abaixo com o corte do voucher para R$ 300. Mais oito milhões devem engrossar o contingente de miseráveis com o fim do benefício.
Única fonte de renda para 36% dos brasileiros
Uma pesquisa recente do Datafolha mostra que o auxílio emergencial é a única fonte de renda para 36% das pessoas que receberam o benefício. Ela também mostrou que a redução do “voucher” de R$ 600 para R$ 300 levou 75% dos beneficiários a diminuir a compra de alimentos. Faltou comida para milhões de famílias.
Ainda de acordo com sondagem, 55% cortaram despesas com remédios, 57% diminuíram o consumo de luz, água e gás e 51% deixaram de pagar as contas da casa. Mais da metade dos beneficiários também reduziu os gastos com transporte (65%). Disseram ter parado de pagar a escola particular ou a faculdade 27%.
Bolsonaro e a explosão social no Brasil
Apesar desse quadro dramático, o "capetão" Jair Bolsonaro afirmou na semana passada que não haverá prorrogação do auxílio emergencial e nem a criação de um novo programa de distribuição de renda. Ele disse que a ideia é "aumentar um pouquinho" o valor do programa Bolsa Família. Haja maldade!
No mesmo rumo, o abutre rentista Paulo Guedes voltou a repetir a bravata de que a economia está em plena “retomada em V”, o que torna desnecessário o auxílio emergencial – fixado para terminar em 31 de dezembro. Não há nada que convença os genocidas Bolsonaro e Guedes sobre a tragédia do fim do benefício.
Nem mesmo o alerta de Kristalina Georgieva, diretora do Fundo Monetário Internacional, que afirmou que é prematuro o fim do auxílio. A chefona do FMI adverte que isso “pode significar obstáculos à recuperação da economia e aumento da desigualdade”, fazendo com que o país alcance a marca de 24 milhões de pessoas em situação de extrema pobreza. Será que ela teme uma explosão social no Brasil?
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