Por Eric Nepomuceno, no site Brasil-247:
O que se viu em Washington nesta primeira quarta-feira de 2021 foi absolutamente inédito: o Congresso dos Estados Unidos invadido por uma horda de seguidores fanáticos de Donald Trump para impedir que fosse confirmada a vitória de Joe Biden.
Uma violência insólita na capital do país que já contribuiu de maneira decisiva para que ocorresse algo idêntico em outras nações, ou seja, derrubar um presidente eleito e fechar o Congresso. Duas horas antes da sessão que confirmaria o resultado das eleições, Donald Trump foi até a multidão que já estava reunida na frente do Congresso e incitou uma vez mais o que aconteceria pouco depois. Depois de todas as cenas absurdas, ele voltou a falar aos manifestantes, desta vez pedindo que fossem para casa.
Não fez isso numa cadeia nacional de televisão, como seria lógico. Preferiu as tais redes sociais. E em nenhum instante deixou de ser Trump: repetiu que a eleição dele foi roubada.
Resumindo: uma tentativa clara de golpe de Estado. Só que lá não acontece como cá e em outros rincões da América Latina e de um sem-fim de países do mundo: as Forças Armadas não entraram no barco. Agora, tudo são grandes incógnitas: uma onda de dúvidas varreu o cenário e não vai sumir rapidamente. Por exemplo: todo mundo sabia que Trump incitava o que aconteceu. Como explicar então a gritante falha de uma ação preventiva de segurança? Cadê o esquema repressivo para impedir manifestações contra o racismo assassino ignorado, quando não incentivado, por Trump?
Uma polarização que não vai sumir no horizonte durante um longo tempo se tornou a ameaça não só para o presidente eleito e seu governo, mas para a própria institucionalização da democracia interna tão louvada nos Estados Unidos. Como será governar um país que nunca esteve tão dividido? Um país literalmente fraturado?
O que vai acontecer com Trump, aliás, é outra incógnita. Será punido por ter claramente incitado a violenta invasão do Congresso? Ou sai fortalecido por essa parcela mais que significativa de fanáticos seguidores manipulados e, por sua vez, manipuladores? Mais dúvidas: Biden conseguirá assumir a presidência conquistada nas urnas no dia 20? Haverá a tradicional cerimônia de posse? As falhas na segurança preventiva acontecerão de novo?
Um ponto, em todo caso, não deixa dúvida alguma: o que fez Donald Trump, mentiroso compulsivo e desequilibrado, servirá de fonte de inspiração para outro psicopata que mente compulsivamente, Jair Messias. Esse o grande risco para o Brasil: que o Aprendiz de Genocida continue vendo Trump como exemplo e modelo, e resolva imitar aqui o dia de hoje quando chegar a sua vez. Entre as diferenças fundamentais entre Brasil e Estados Unidos, ninguém em sã consciência apostaria que as Forças Armadas daqui seguirão o exemplo e o modelo das Forças Armadas de lá. E esse é outro perigo tenebroso no nosso horizonte.
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