Por Altamiro Borges
Desemprego recorde, corte de até 70% nos salários, ataque aos direitos trabalhistas, “uberização”, etc. 2020 foi um ano terrível para os trabalhadores brasileiros, em especial para a juventude trabalhadora. Segundo pesquisa divulgada pelo Estadão, mais de dois terços dos jovens estão hoje em empregos precários.
O estudo foi feito pela consultoria Idados e comprova que 77,4% dos jovens têm empregos de baixa qualidade no país. “Ou seja, de cada 10 trabalhadores com até 24 anos, quase 8 trabalham em situação vulnerável... Em números absolutos, isso significa perto de 7,7 milhões de pessoas”, descreve o jornalão.
Na faixa etária entre 25 e 64 anos, o percentual é de 39,6%; acima de 65 anos, é de 27,4%. "Para considerar se um emprego é de má qualidade ou não, foram analisados quatro aspectos: salário, estabilidade, rede de proteção social (como Previdência) e condições de trabalho". Em todos, a juventude é quem sofre mais.
Péssima qualidade do trabalho
“No mundo todo, o jovem tem renda menor e maior dificuldade de se colocar no mercado. Mas, no Brasil, os percentuais indicam uma qualidade do emprego pior por causa da maior rotatividade e da informalidade", explica o economista Bruno Ottoni, responsável pela pesquisa do Idados.
De acordo com o estudo, baseado nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, cerca de 90% dos jovens têm renda abaixo da necessidade; 75% têm menos de 36 meses de tempo de trabalho; quase metade não contribui com a Previdência; e muitos não têm benefícios como plano de saúde ou vale-refeição.
"Considerando a população total ocupada (não só os jovens), o Brasil tem níveis de qualidade do trabalho parecidos com o de Honduras (41,6%) e Nicarágua (43,3%) e bem pior do que Costa Rica (18,8%) e Panamá (29%)", registra o oligárquico Estadão – um ardoroso defensor da regressão trabalhista no país.
Os mais afetados pela pandemia da Covid-19
Outra reportagem enfatiza que “os jovens em trabalhos vulneráveis são os que mais sofrem com os efeitos de uma crise. Por terem menos experiência e, muitas vezes, não terem vínculo empregatício, são os primeiros a serem demitidos... Também são os que têm mais dificuldade para voltar ao mercado de trabalho”.
Entrevistado pelo Estadão, o economista Marcelo Neri, diretor da FGV-Social, comprova que os jovens da faixa etária entre 15 e 19 anos e entre 20 e 24 anos foram os que tiveram maior queda na renda entre o primeiro e segundo trimestres de 2020. No primeiro grupo, o recuo foi de 34% e no segundo, de 26%.
Com isso, a participação dos jovens no mercado recuou 20% e 11%, respectivamente. Na média, essa queda foi de 8,6%. “Os jovens já vinham perdendo muito nos últimos anos e perderam mais uma vez (na pandemia). Além da renda, as horas trabalhadas caíram muito e a jornada de estudo também”, afirma o economista.
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