Em entrevista recente ao jornal Brasil de Fato, João Pedro Stedile, membro das coordenações do MST e da Via Campesina, mostrou-se otimista com uma virada à esquerda na América Latina neste ano. Esta guinada já teria se iniciado em 2020 com as vitórias nas eleições da Argentina e da Bolívia e no plebiscito no Chile.
"Começaram a soprar os ventos favoráveis dos Andes. As eleições na Argentina e Bolívia e o aprofundamento da crise no Chile, Peru, Equador e Colômbia já estão revelando que vamos ter mudanças no caminho do progresso da esquerda", argumentou. Esperançoso, ele até listou quais seriam as próximas vitórias:
"Vamos ter eleições em fevereiro no Equador, depois no Peru e no Chile. As forças progressistas vão ganhar essas três eleições, e isso vai então alterar a correlação de forças na América Latina. Praticamente vai ficar apenas o Brasil como um governo direitista, e a Colômbia"
João Pedro Stedile ainda tratou das possíveis mudanças políticas com a posse do novo presidente dos EUA. "Acredito que o Biden não é a mesma coisa que o Trump, ainda que represente os interesses do capital. Mas ele vai ter uma outra política. Não é que seja a nosso favor, mas será de maior convivência e democracia".
A "união pela esperança" no Equador
Uma rápida pesquisa na internet confirma que 2021 será um ano de embates decisivos na América Latina e com chances reais de vitória das forças de esquerda. Não serão batalhas fáceis, mas há esperança. A jornada terá início pelo Equador em 7 de fevereiro com a eleição do novo presidente e de 137 deputados nacionais.
Dois candidatos estão à frente nas pesquisas: o banqueiro Guillermo Lasso, do direitista “Movimiento Creo”, com 24% das intenções de voto; e Andrés Arauz Galarza, ex-ministro de Rafael Correa, pela “Unión por la Esperanza”, com 20%. O "traidor" Lenin Moreno nem disputará a reeleição tal é o seu desgaste.
O risco do "outsider" no Peru
Na sequência, em 11 de abril, o Peru elegerá seu novo presidente. O país vive uma crise crônica. Nos últimos meses, o país teve três presidentes. Martín Vizcarra sofreu impeachment por “incapacidade moral”. Manuel Arturo, presidente do Congresso Nacional, assumiu e renunciou cinco dias após fortes protestos de rua.
Em novembro, Francisco Sagasti Hochhausler assumiu com a função exclusiva de organizar o pleito. A direita disputa com vários candidatos, mas quem aparece à frente é o "outsider" George Forsyth, um similar de Jair Bolsonaro. Já a esquerda aparece com chances com Verónika Mendoza, da coalizão de Juntos por el Perú.
Um comunista no páreo no Chile
No mesmo dia 11 de abril os chilenos elegem 16 governadores, 345 prefeitos e – o mais impactante – 138 dos 155 membros da Convenção Constituinte, que vai elaborar a nova Constituição – enterrando o entulho pinochetista. Mapuches, aimarás e outros povos originários completam a composição da Constituinte.
Já em 21 de novembro, os chilenos voltam às urnas para escolher o presidente, 155 deputados e 23 dos 43 senadores. As candidaturas presidenciais ainda não foram sacramentadas, mas a esquerda já aparece com força para a disputa – inclusive com um candidato do Partido Comunista Chileno, o jovem Daniel Jadue.
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