terça-feira, 23 de março de 2021

O desmascaramento de um juiz parcial

Por Juca Kfouri

Antipática a prática do "eu já sabia". Mas, às vezes, necessária.

Tenho, no entanto, a felicidade de, na primeira foto que vi de Sergio Moro, de paletó, camisa e gravata pretas, ter escrito na "Folha de S.Paulo", que desconfiava do estilo mais para justiceiro do que para juiz.

Nem os de futebol se vestem mais de preto, escrevi.

Um amigo até pediu que eu fosse mais cauteloso, porque a sociedade toda estava entusiasmada com o então juiz — que virou ministro da Justiça e hoje advoga para empresas que levou à quebradeira.

O andamento de sua atuação com investigador, julgador, sentenciador e carcereiro demonstrou claramente quem é.

E a frase de Jair Bolsonaro, em 8 de novembro de 2019, comprova:

"Se essa missão dele não fosse bem cumprida, eu também não estaria aqui, então em parte o que acontece na política do Brasil, devemos a Sergio Moro".

Pois eis que hoje, pouco depois de se completarem sete anos de Operação Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal sentenciou que Moro foi parcial em seu trabalho, o que, somado à anulação de seus atos, por decisão de outro ministro do STF, faz dele aquilo que sempre foi: inconfiável.

E, justiça se faça, durante 580 dias na prisão, o ex-presidente Lula, garantiu que este dia chegaria, com a desmoralização de Moro e sua turma.

Jornalistas podem não ser neutros, mas devem ser imparciais.

Juízes, de futebol e de Direito, têm a obrigação não só da imparcialidade como, também, da neutralidade.

Moro não foi nem uma coisa nem outra.

É constrangedor que esteja solto.

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