quinta-feira, 29 de abril de 2021

CPI atiça a briga entre olavetes e milicos

Por Altamiro Borges

A CPI do Genocídio deve esgarçar ainda mais as relações já tensas no laranjal bolsonariano. Em notinha postada na quarta-feira (28), a revista Época revela que "o Palácio do Planalto teme que a guerra entre o enfraquecido núcleo ideológico, formado pelos apoiadores mais radicais de Jair Bolsonaro, e o núcleo militar, cause um bombardeio em cima de Eduardo Pazuello na CPI da Pandemia".

"O receio é que os olavistas sejam convocados na CPI para apontar erros de Pazuello, tal qual o ex-secretário de Comunicação Fábio Wajngarten fez à revista Veja, e isso leve o ex-ministro da Saúde a fazer o mesmo em seu depoimento. Só que, ao detonar olavistas, Pazuello pode acabar entregando segredos que coloquem a cabeça de Jair Bolsonaro a prêmio".

O medaço do Clube Militar

Outra prova de que o clima está tenso com a criação da CPI foi a nota divulgada nesta quarta-feira pelo Clube Militar, que reúne os milicos de pijama saudosos dos tempos da ditadura. Esbravejando contra “o poder das trevas no Brasil”, ela ataca o STF, o Congresso Nacional e os governadores. Mas o seu principal alvo é a CPI do Genocídio – o que confirma o pânico dos militares.

Entre outras agressões, a nota assinada pelo general Eduardo José Barbosa, presidente da entidade golpista, afirma que “bastou a eleição de um presidente que acredita em Deus para que todo o inferno se levantasse contra ele... E como ‘as trevas’ têm poder devastador, no dia 27 de abril de 2021, instalou-se uma CPI no Senado Federal... O resultado dessa ‘investigação’ todos já sabemos: culpar o Presidente por aquilo que não o deixaram fazer”.

Talvez para defender os privilégios da instituição e as boquinhas do laranjal bolsonariano – são quase 7 mil oficiais em cargos no atual governo –, a nota do Clube Militar desqualifica todas as forças vivas da nação – “extrema mídia”, congressistas, magistrados. Ela agride o próprio povo brasileiro. “Acovardada é a população que aceita o cerceamento de suas liberdades pétreas passivamente”.

A treva do general que toma vacina escondido

Ao final, ela prega abertamente um novo golpe militar, propondo que o “mito” Jair Bolsonaro “utilize o artigo 142 da Constituição (vigente) para restabelecer a Lei e a Ordem. Que as algemas voltem a ser utilizadas, mas não nos trabalhadores que querem ganhar o sustento dos seus lares, e sim nos verdadeiros criminosos que estão a serviço do ‘Poder das Trevas’”. Haja medaço dos milicos!

Em tempo: Diante de tamanha maluquice, vale reproduzir o tuíte de resposta do deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ): "O Clube Militar disse que a CPI da Covid é a 'treva no Brasil'. Treva é general tomar vacina escondido por medo do capitão cloroquina. Treva é aceitar que as Forças Armadas sejam tratadas como se fossem uma milícia presidencial. Treva é apoiar um governo corrupto e genocida".

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