A estratégia, de certa forma eficiente, de Araraquara no combate à pandemia da Covid-19 não se resumiu em publicar no Diário Oficial o decreto instituindo o lockdown e esperar os resultados.
A cidade, governada pelo prefeito Edinho Silva (PT), foi muito além.
Para conseguir reduzir a transmissão do coronavírus e, por consequência, o número de pessoas infectadas e de óbitos, foi construído um plano abrangente, no qual o lockdown (bloqueio total) é a face mais visível.
Ao formalizar um Comitê de Contingência do Coronavírus com representantes das universidades, entidades médicas e com poder de decisão, foi aberto diálogo permanente com as associações comerciais e das indústrias, além das escolas e de outros setores.
Após a confirmação de casos positivados na cidade com as variantes de Manaus, no Amazonas, e do Reino Unido, o município resolveu endurecer as medidas de isolamento social com a proibição de circulação de veículos e da população pelas ruas.
Os índices crescentes de casos, mortes e de ocupação de leitos reforçaram a decisão por medidas rígidas.
Araraquara chegou a registrar 100% de ocupação dos leitos de enfermaria e 96% em UTI, com pico de 201 novos casos diários.
No plano, o deslocamento só foi autorizado para trabalhadores de serviços essenciais ou pessoas com necessidade comprovada.
Igrejas católicas, templos evangélicos e clubes foram proibidos de abrir as suas portas durante o boqueio.
Até mesmo o comércio essencial passou a funcionar só até às 20 horas.
Os supermercados, hipermercados e estabelecimentos de alimentação tinham que distribuir senhas.
Só eram permitidas a entrada de uma pessoa por família e limite de até 30% das suas capacidades totais.
Os postos de combustível paravam de abastecer às 19 horas.
Para fazer valer o rígido confinamento, equipes da prefeitura orientavam e, ainda, aplicavam multas de R$ 120 a R$ 6 mil aos que descumprissem as regras.
Barreiras sanitárias também foram implantadas nas entradas da cidade para testar visitantes.
O resultado não tardou. Em 15 dias, a cidade diminuiu em 80% o número de mortes pela doença.
Das 81 mortes nas primeiras duas semanas de março, caiu para 16 entre 1º de abril e 14 de abril.
Em fins de março a cidade ainda zerou os óbitos por quatro dias seguidos.
Testagens em massa
Essa redução significativa não deve ser creditada apenas ao lockdown.
A testagem em massa da população com rastreamento de quem teve contato com a pessoa positivada fez parte central dessa estratégia.
Ao menor sintoma de gripe, o teste é realizado.
Graças à parceria com a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) os resultados dos exames PCR saem em 24 horas. Araraquara está apta a realizar mil testes por dia com suas onze equipes.
Eis, aí, outra diferença colossal em relação ao que acontece no restante do Brasil.
Dos 10 países com mais casos do mundo, o Brasil é o que menos testa.
Faz apenas 78 testes para 100 mil habitantes.
Ações complementares em Araraquara contribuíram para quebrar a corrente de transmissão.
A administração municipal disponibilizou instalações para a quarentena de 14 dias a pessoas infectadas, sintomáticas ou não, ou com suspeita de covid-19.
Para pacientes sem condições de realizar a quarentena, sobretudo moradores da periferia da cidade, a Prefeitura criou um centro de retaguarda com acompanhamento clínico.
As internações precoces fizeram a diferença para baixar o nível de letalidade da doença.
E equipes com médicos também fizeram visitas como nas instituições que abrigam pessoas idosas e atendiam em consultas por telemedicina.
Um capítulo à parte são os programas sociais e a rede de solidariedade da cidade.
Além de cestas básicas, também coordenam projetos de vagas de empregos temporários.
Com esse leque de medidas, a Prefeitura tem o controle da doença.
À frente desse plano está a secretaria de Saúde, Eliana Honain, enfermeira de carreira.
E agora, em mais um passo à frente, Araraquara anunciou que vai investigar o vírus na rede de esgoto.
Dependendo do resultado, pode adotar o isolamento vertical de certas regiões.
Cientistas defendem o lockdown para frear o avanço do vírus, mas o presidente Bolsonaro é seu inimigo número 1.
Já o governador João Doria e o prefeito Bruno Covas adotam medidas restritivas, mas nada comparável ao plano de Araraquara.
Com 283 mil habitantes, a cidade tem população quase equivalente ao bairro de Sapopemba (296 mil), aliás, o distrito que lidera o trágico ranking de São Paulo com 667 óbitos até fim de março.
“Se fizéssemos isso nacionalmente, o Brasil apresentaria queda nas internações, nas mortes, e teria condições de organizar leitos, sistema de vacinação, e poderíamos, inclusive, começar o planejamento da retomada da economia”, declarou o prefeito à imprensa.
* Juliana Cardoso é vereadora (PT), vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Paulo e integrante da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança.
A cidade, governada pelo prefeito Edinho Silva (PT), foi muito além.
Para conseguir reduzir a transmissão do coronavírus e, por consequência, o número de pessoas infectadas e de óbitos, foi construído um plano abrangente, no qual o lockdown (bloqueio total) é a face mais visível.
Ao formalizar um Comitê de Contingência do Coronavírus com representantes das universidades, entidades médicas e com poder de decisão, foi aberto diálogo permanente com as associações comerciais e das indústrias, além das escolas e de outros setores.
Após a confirmação de casos positivados na cidade com as variantes de Manaus, no Amazonas, e do Reino Unido, o município resolveu endurecer as medidas de isolamento social com a proibição de circulação de veículos e da população pelas ruas.
Os índices crescentes de casos, mortes e de ocupação de leitos reforçaram a decisão por medidas rígidas.
Araraquara chegou a registrar 100% de ocupação dos leitos de enfermaria e 96% em UTI, com pico de 201 novos casos diários.
No plano, o deslocamento só foi autorizado para trabalhadores de serviços essenciais ou pessoas com necessidade comprovada.
Igrejas católicas, templos evangélicos e clubes foram proibidos de abrir as suas portas durante o boqueio.
Até mesmo o comércio essencial passou a funcionar só até às 20 horas.
Os supermercados, hipermercados e estabelecimentos de alimentação tinham que distribuir senhas.
Só eram permitidas a entrada de uma pessoa por família e limite de até 30% das suas capacidades totais.
Os postos de combustível paravam de abastecer às 19 horas.
Para fazer valer o rígido confinamento, equipes da prefeitura orientavam e, ainda, aplicavam multas de R$ 120 a R$ 6 mil aos que descumprissem as regras.
Barreiras sanitárias também foram implantadas nas entradas da cidade para testar visitantes.
O resultado não tardou. Em 15 dias, a cidade diminuiu em 80% o número de mortes pela doença.
Das 81 mortes nas primeiras duas semanas de março, caiu para 16 entre 1º de abril e 14 de abril.
Em fins de março a cidade ainda zerou os óbitos por quatro dias seguidos.
Testagens em massa
Essa redução significativa não deve ser creditada apenas ao lockdown.
A testagem em massa da população com rastreamento de quem teve contato com a pessoa positivada fez parte central dessa estratégia.
Ao menor sintoma de gripe, o teste é realizado.
Graças à parceria com a Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) os resultados dos exames PCR saem em 24 horas. Araraquara está apta a realizar mil testes por dia com suas onze equipes.
Eis, aí, outra diferença colossal em relação ao que acontece no restante do Brasil.
Dos 10 países com mais casos do mundo, o Brasil é o que menos testa.
Faz apenas 78 testes para 100 mil habitantes.
Ações complementares em Araraquara contribuíram para quebrar a corrente de transmissão.
A administração municipal disponibilizou instalações para a quarentena de 14 dias a pessoas infectadas, sintomáticas ou não, ou com suspeita de covid-19.
Para pacientes sem condições de realizar a quarentena, sobretudo moradores da periferia da cidade, a Prefeitura criou um centro de retaguarda com acompanhamento clínico.
As internações precoces fizeram a diferença para baixar o nível de letalidade da doença.
E equipes com médicos também fizeram visitas como nas instituições que abrigam pessoas idosas e atendiam em consultas por telemedicina.
Um capítulo à parte são os programas sociais e a rede de solidariedade da cidade.
Além de cestas básicas, também coordenam projetos de vagas de empregos temporários.
Com esse leque de medidas, a Prefeitura tem o controle da doença.
À frente desse plano está a secretaria de Saúde, Eliana Honain, enfermeira de carreira.
E agora, em mais um passo à frente, Araraquara anunciou que vai investigar o vírus na rede de esgoto.
Dependendo do resultado, pode adotar o isolamento vertical de certas regiões.
Cientistas defendem o lockdown para frear o avanço do vírus, mas o presidente Bolsonaro é seu inimigo número 1.
Já o governador João Doria e o prefeito Bruno Covas adotam medidas restritivas, mas nada comparável ao plano de Araraquara.
Com 283 mil habitantes, a cidade tem população quase equivalente ao bairro de Sapopemba (296 mil), aliás, o distrito que lidera o trágico ranking de São Paulo com 667 óbitos até fim de março.
“Se fizéssemos isso nacionalmente, o Brasil apresentaria queda nas internações, nas mortes, e teria condições de organizar leitos, sistema de vacinação, e poderíamos, inclusive, começar o planejamento da retomada da economia”, declarou o prefeito à imprensa.
* Juliana Cardoso é vereadora (PT), vice-presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de São Paulo e integrante da Comissão de Defesa dos Direitos da Criança.
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