Foto: Ricardo Stuckert |
Ainda que a resposta seja quase óbvia, diante do quadro de terror que o país atravessa, creio que é preciso assumir sem medo de patrulhas que sim, não apenas tem razão como é seu dever inescapável superar o quanto puder as rejeições movidas pelo preconceito e pela imensa campanha de demonização midiática que ele sofreu e que é o único empecilho que há hoje para afirmar que ele terá uma estrondosa vitória nas eleições de 2022.
As supostas condenações de Lula, agora anuladas na Justiça, permanecem ainda em parte da classe média que simplifica no maniqueísmo de “bem e mal” a vida, e que se deixa contaminar por vestais, como o juiz e os promotores de Curitiba, ainda funcionam como freios à obviedade de que se compara um presidente desastroso e desumano àquele que que mais obteve apoio da população e que a fez progredir econômica e socialmente, embora com muitas falhas – e quem não as têm, exceto os cínicos?
É o espaço onde, claramente, procura crescer Ciro Gomes, à espera de que um posicionamento razoável nas pesquisas atraia-lhe o apoio da direita órfã de Bolsonaro – mas que guarda a herança do antipetismo – e dos sobreviventes do empresariado não-financeiro do país.
O potencial de votos nem-nem (nem Bolsonaro, nem Lula) é limitado, porém, pela atuação do próprio presidente, que assume a cada dia discurso e atos cada vez mais radicais, garantindo para si o posto exclusivo de “anti-Lula”. E, por consequência, garantindo a Lula o lugar de “anti-Bolsonaro”, sem precisar, para isso, radicalizar seu discurso. Com isso, assume a condição de proponente de um grande “reconciliação nacional” de um país para lá de dividido e cansado dos ódios políticos, sociais, religiosos e econômicos.
Paradoxalmente, o fato de Bolsonaro conservar perto de um terço das intenções e votos ajuda Lula, porque o firma como única alternativa ao ex-capitão e o leva à condição de destinatário dos votos dos quase 60% que o rejeitam. É só olhar o salto de quase 20% das intenções de voto que tem o ex-presidente nas simulações de 2° turno, o triplo ou mais do que o atual presidente obtém no voto que é “sim ou não”.
A outra constatação é a de que um eventual novo governo Lula não será um governo de aprofundamento, mas de restauração de mecanismos sociais e econômicos de justiça e desenvolvimento em meio a uma situação de estagnação da atividade produtiva e de elevação de inflação e de juros. De alguma forma, algo semelhante ao que o ex-presidente enfrentou no seu primeiro mandato, ao qual respondeu com o famoso “Lulinha Paz e Amor”.
Não há outro caminho para um novo governo senão o de atirar-se no ciclo emprego-renda-consumo.
Para isso, é preciso governabilidade político-parlamentar que vai além de uma frente de esquerda, mas que precisa de uma sustentação mais ampla, ainda que nucleada pela esquerda.
Está longe de ser uma escolha – muito menos apenas uma escolha eleitoral – para Lula a necessidade de ampliar seu leque de alianças.
Vencer as eleições e viabilizar um governo de reerguimento e recivilização do país é um dever.
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