Por Altamiro Borges
A "Cova América" ainda vai dar muita dor de cabeça ao "capetão" Jair Bolsonaro. Nessa quinta-feira (10), em sessão emergencial, o Supremo Tribunal Federal (STF) analisará o pedido da suspensão dos jogos sob o argumento de que eles deverão elevar ainda mais o número de infectados, hospitalizados e mortos pela Covid-19 no Brasil.
O julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF-849) e do Mandado de Segurança 37.933 ocorrerá no plenário virtual e os ministros terão até às 23h59 de sexta-feira (11) para votar. Os casos foram incluídos em uma pauta extraordinária a pedido da ministra Cármen Lúcia, relatora do processo no STF.
A ADPF foi elaborada a pedido da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos e argumenta que o torneio é uma irresponsabilidade no atual estágio da pandemia no país. Já o mandado de segurança foi apresentado pelo PSB e alega que a Copa América, marcada para começar neste domingo (13), viola os direitos fundamentais à vida e à saúde.
A reação "tímida" dos jogadores da seleção
Segundo especulação da mídia, a tendência é que o plenário virtual do Supremo não barre a realização da competição para evitar nova tensão com o Palácio do Planalto. O clima já anda bem quente entre os dois poderes. De qualquer forma, só o fato da “pauta esportiva” ir a julgamento no STF já causará mais desgaste ao laranjal bolsonariano.
Mesmo assim, temendo pelo pior, o “capetão” foi pessoalmente ao Supremo na terça-feira (8) para uma conversa com o presidente da corte, ministro Luiz Fux. A visita aconteceu logo após a confirmação da sessão extraordinária. Oficialmente, as partes disseram que a visita foi de “cortesia” e que não houve qualquer menção à “Cova América”. Alguém acredita?
Além da sessão no STF, a decisão do laranjal de bancar os jogos no Brasil já gerou uma tímida – para não dizer covarde – reação dos atletas da seleção. Eles até insinuaram que poderiam boicotar o torneio, mas era apenas jogo de pressão para derrubar o presidente picareta da CBF, Rogério Caboclo – que acabou caindo após graves denúncias de assédio sexual.
Os protestos de rua podem crescer
Há ainda a possibilidade da marcação de protestos de rua contra os jogos. O grito de “não vai ter Cova” pode pipocar em vários locais. No último domingo (6), alguns manifestantes já fizeram carreata em Brasília contra a realização do torneio. Segundo relato da Agência Estadão, o protesto foi convocado por partidos de oposição, sindicatos e movimentos sociais.
“A carreata reuniu dezenas de carros, com os manifestantes gritando palavras de ordem como ‘Copa não, vacina sim’ e ‘Fora Bolsonaro’. Eles percorreram a Esplanada com faixas, cartazes e o apoio de um caminhão de som”. Outros protestos deverão ocorrer a partir da abertura da “Cova América”, inclusive de forma espontânea. A conferir!
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