Foi a primeira grande manifestação popular contra Jair Messias desde o início da pandemia que, graças a ele e seus asseclas, se tornou genocídio. E pairam no ar, desde sábado, várias questões em aberto – umas interessantes, outras alarmantes.
Por exemplo: caso as manifestações se repitam, e nas mesmas proporções, haverá algum movimento na Câmara de Deputados para dar início a um debate consistente sobre os mais de cem pedidos de impeachment adormecidos na gaveta do anterior presidente, Rodrigo Maia, e do atual, Arthur Lira?
Como sabemos todos, é injusto chamar os partidos do tal Centrão de vendilhões. Eles não se venderam nem se vendem: se alugam. E no caso da pressão aumentar, qual seria a elevação dos preços desse aluguel, além dos bilhões já derramados?
Outra questão: como reagirá Jair Messias? O comentário inicial – havia poucos manifestantes porque ninguém distribuiu maconha – é pífio. Deixa claro apenas que ele e seus sequazes foram surpreendidos com o tamanho da manifestação de sábado.
Recomenda a prudência, porém, esperar reações mais contundentes. Como todo desequilibrado, quando acuado, Jair Messias reage com violência. A menos que sofra um breve surto de lucidez e entenda que não dar resposta serve para tentar diminuir a repercussão do que se viu país afora no sábado 29, deve-se esperar chumbo grosso a qualquer momento.
Houve, porém, algo especialmente alarmante – a violência da Polícia Militar em Recife. Não havia motivo algum, e não há justificativa alguma para o que se viu. Há uma dramática coincidência entre a ação daqui e a dos carabineiros chilenos em 2019: acertar o olho das vítimas.
No Recife, ninguém enfrentou a PM, ninguém resistiu a nada: os manifestantes foram perseguidos com sanha sanguinária.
Convém recordar, em todo caso, que desde a chegada de Jair Messias à poltrona presidencial aconteceram rebeliões de policiais militares no Ceará e na Bahia. Que a violência policial – tanto a militar como a civil – mais que dobrou pelo Brasil. Que em mais de uma ocasião Jair Messias e seu bando deixaram clara a intenção de diminuir o poder de governadores sobre a polícia militar de cada estado brasileiro.
Está mais que claro que se não conseguir o pleno apoio do Exército – aquele que Jair Messias chama de “meu” – uma das alternativas que mira será tentar mobilizar as polícias, tanto a militar como a civil, para se entrincheirar no poder depois de ser esborrachado nas urnas.
As milícias especialmente próximas à família presidencial não têm força suficiente para nada além de dominar vastas áreas dos grandes centros urbanos e fazer cidadãos virarem seus vassalos. Podem, sim, eleger – como elegem há décadas – vereadores, deputados estaduais, prefeitos e até governadores –, mas não têm como assegurar a poltrona presidencial para Jair Messias, por mais próximos que sejam dele e da família.
Depositar 89 mil reais na conta da senhora esposa é uma coisa, manter o maridão depositado no Palácio do Planalto é outra.
Resta, pois, o apoio de um ou outro partido, dos generais empijamados, de parte da oficialidade média, dos sargentos e cabos, e aí sim, da Polícia Militar.
E isso é assustador. Depois do que se viu no sábado 29, essa questão não pode passar ao largo: tem de ser foco de preocupação. Mais um.
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