sexta-feira, 23 de julho de 2021

Braga Netto enterra a intervenção militar

Por Gilberto Maringoni, no Diário do Centro do Mundo:


Uma mudança radical está em curso no interior do governo Bolsonaro: o Centrão mostra-se muito mais profissional e preparado do que todas as Forças Armadas reunidas. Seus comandantes, acostumados a falarem grosso e verem os civis se acoelharem, agora encontraram inimigo a altura. Não se via nada no gênero desde a retirada da Laguna.

Naquele outono de 1867, um contingente de 3 mil soldados brasileiros que tentava entrar no território paraguaio foi humilhado pelas tropas de Solano López, pelo cólera, pelo tifo e pelo beribéri. A campanha durou pouco mais de um mês e o efetivo perdeu metade dos seus homens. Sem alternativa, fez meia-volta e retornou a Mato Grosso.

Os paraguaios da hora são os líderes do poderoso Centrão. Com treinamento e profissionalismo muito superior ao de generais, brigadeiros, almirantes e demais trapalhões fardados, as tropas chefiadas por Ciro Nogueira, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco empreenderam façanha tida como impossível. Está acabando com a propalada intervenção militar e – de quebra – com os esgares hidrófobos de gente como Braga Netto e seus gorilas pouco amestrados.

Na superfície tudo segue como dantes. O técnico – Bolsonaro – seguirá prestigiado, bem como a turma da caserna. Mas uma mudança na composição – digamos – sociometabólica do governo já aconteceu. A investida começou pelo ministério da Saúde, alcançou a Casa Civil e neste momento cerca a pasta da Economia. O próprio mandatário se humilhou nesta quinta, diante das câmeras, para confessar “eu sempre fui do Centrão”.

Sim, é uma mudança lampedusiana – muda-se tudo para que nada mude -, operada para evitar o impeachment ou a inviabilização total da quadrilha no poder. Bolsonaro vendeu o ano e meio de mandato que tem pela frente para escapar de cascas de banana espalhadas pela conjuntura.

Ao mesmo tempo, inviabiliza-se qualquer aventura golpista. O Centrão não precisa disso. A pretendida fusão de DEM, PSL e PP rema na direção da hegemonia palaciana.

As eleições de 2022 vão acontecer, com urna eletrônica e tudo e a CPI pode deixar Pazuello, Franco e outros membros da gangue em maus lençóis.

Braga Netto deu o tiro de misericórdia no voto impresso, além de aparecer como o maior impulsionador das manifestações deste sábado, 24.

O atual comando das FFAA brasileiras merece o troféu Três Patetas de tirocínio político.

(Tempos alucinados estes: o Centrão aparece como fator civilizatório da cena política!)

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