sexta-feira, 30 de julho de 2021

Pazuello acha que este é um país de otários

Por Fernando Brito, em seu blog:

O resumo da história é assim:

Avisado de possíveis irregularidades num contrato de R$ 1,6 bilhão para compra de vacinas, o presidente da República chama seu ministro da Saúde e lhe transmite as suspeitas: ô Pazuello, fiquei sabendo aí de uma história cabeludas no que tange à vacina da Índia. Dá uma olhada lá para ver se procede, talquei?

Isso no dia 20 de março, um sábado à noite ou logo no domingo de manhã.

Segunda-feira, 22, depois de escarrapachar-se na cadeira, manda chamar seu secretário: ô Élcio, o presida veio me falar de umas c… aí na compra da Covaxin, vi lá ver que m… é essa.

Terça, 23, volta ao Ministério para assinar a transmissão do cargo para Marcelo Queiroga, que há uma semana era o ministro-porcina extra oficial da Saúde.

E o coronel Élcio chega para ele e diz: olha, aquela parada lá da vacina era furada, o rapaz lá me falou que tá tudo certo.

Creia ou não, foi esta a história de “cabo de esquadra” que o general Eduardo Pazuello contou hoje em seu depoimento à Polícia Federal.

Pouca coisa mais inacreditável que a contada pelos ministros da Saúde – o atual, Marcelo Queiroga – e o da Controladoria Geral da União, Wagner Rosário, dizendo que o contrato entre o Ministério da saúde e a Precisa Medicamentos era “absolutamente normal” em preços e prazos, exceto pelo pequeno detalhe de que tinha documentos falsos, autorizando a farmacêutica a discutir e contratar pelos indianos, justamente os preços, prazos e outros compromissos contratuais.

E se saem com um “não sabemos ainda” quem teria levado os documentos falsos ao processo e com que finalidade.

Ora, é obvio que os documentos não chegaram voando pela janela e o protocolo do ministério tem o registro de quem o protocolou ou pediu que fossem protocolados.

E eles servem exatamente para o que dizem que servem: dar à Precisa o poder de contratar, como contratou, preços e prazos da entrega das vacinas.

Se documentos falsos foram usados para isso é, sem meias palavras, crime.

E crime doloso, pois a algo a fraude visava.

E será isso outra proeza daquele poderoso “o rapaz”, que juntou as procurações “frias” ao processo?

A tentativa de jogar uma pá de cal na questão da Covaxin antes da volta das sessões públicas da CPI é tão evidente quanto primária.

Assim como é inútil.

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