Putin e Xi Jinping. Foto: RT |
Os presidentes da China e da Rússia se reuniram na sexta-feira (4). Putin visitou a China para participar dos Jogos Olímpicos de Inverno 2022. Foi a primeira visita ao exterior do presidente russo e a primeira reunião presencial em dois anos do presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista da China. Na ocasião, os dois mantiveram conversações de alto nível que resultaram na elevação a patamares superiores das relações bilaterais e em uma cooperação mais ativa e assertiva diante dos grandes desafios mundiais.
China e Rússia estão decididas a doravante atuar conjuntamente em todas as agendas internacionais. Mantendo o princípio de não interferência nos assuntos internos de outro país, a China deixou claro de que lado está na atual crise que envolve os EUA, a Otan, a Ucrânia e a Rússia. O país socialista asiático apoiou as posições russas em face das tensões geradas pela expansão da Otan, liderada pelos Estados Unidos, rumo às fronteiras da Europa com a Rússia. Reciprocamente, Moscou apoiou o princípio defendido por Pequim de que no mundo existe apenas uma China e rechaçou a incitação por parte dos Estados Unidos a separatistas em Taiwan, parte inalienável da integridade territorial chinesa e da unidade política da República Popular da China.
China e Rússia estão irmanadas nos esforços pelo multilateralismo autêntico e pelo soerguimento de um sistema internacional multipolar, baseado no Direito Internacional, no papel preponderante da ONU e na execução plena do princípio de resolver por vias políticas específicas os conflitos entre as nações. Igualmente, vão reforçar a atuação em organismos internacionais e fóruns regionais e globais.
Os dois gigantes levam às últimas consequências a cooperação bilateral abrangente, uma parceria estratégica orientada para o futuro, correspondente à nova era, no caso da China do desenvolvimento do seu peculiar sistema socialista e, no caso da Rússia, da consolidação do seu poderio nacional, ameaçado pelos Estados Unidos. Ambos os países captaram muito bem as mensagens de Biden que, ao tomar posse e inaugurar os mandatos dos novos secretários de Estado e da Defesa, proclamou que o objetivo central do seu mandato na arena internacional é impedir a ascensão da China e conter o poderio nacional russo.
A grande novidade resultante da reunião de cúpula bilateral de 4 de fevereiro – um dos mais importantes, senão o mais importante acontecimento do século 21 até agora – é que a China e a Rússia assumiram-se como potências mundiais decididas a frear os planos hegemonistas do imperialismo estadunidense. Sua atuação conjunta nas agendas globais tende a se tornar o fator preponderante para a inauguração de novo tipo de cooperação e de relações internacionais, o que poderá favorecer enormemente a luta pela autodeterminação dos povos e o advento da paz. As duas potências demonstraram cabalmente a sua disposição para construir um mundo multipolar, a tornar uma norma o multilateralismo genuíno e normalizar a cooperação internacional. Vão atuar como países estabilizadores, conscientes que estão da gravidade dos desafios mundiais e ao mesmo tempo de seu papel para estabelecer um novo equilíbrio do mundo.
A cooperação entre China e Rússia é multidimensional e vai marcar época: no comércio, nas finanças, indústria, serviços, energia, ciência e tecnologia, meio ambiente e no combate às pandemias. Igualmente, as duas potências cooperam no setor militar, aprimorando o caráter defensivo das suas forças armadas.
As relações entre a China e a Rússia destacam-se pelo aspecto pragmático, não ideológico. Os princípios básicos e as diretrizes para o trabalho conjunto foram definidos pelos dois países no Tratado de Boa Vizinhança e Cooperação Amistosa, cujo vigésimo aniversário transcorreu no ano passado. Esses princípios são: igualdade, consideração dos interesses uns dos outros, isenção de circunstâncias políticas e ideológicas dos vestígios do passado.
No encontro de 4 de fevereiro os dois estadistas assinaram uma nova Declaração que, para além de reafirmar esses princípios, estabelece as bases e os parâmetros para a construção de relações correspondentes à nova era emergente no mundo.
China e Rússia se tornam assim países construtores de um novo sistema internacional.
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