Foto: Facebook de Gustavo Petro |
Conforme o que estava previsto, Gustavo Petro, ex-guerrilheiro e ex-prefeito de Bogotá, chegou em primeiro lugar nas eleições presidenciais deste domingo: ele teve 40,34% dos votos.
O segundo mais votado foi o milionário ultradireitista Rodolfo Hernández, com 28,17%.
E Federico Gutiérrez, o candidato apoiado pelo atual presidente, o direitista Iván Duque, amargou um terceiro lugar com 23,87% dos votos.
É a segunda vez que Petro disputa a presidência. Em 2018, também foi derrotado, mas agora conseguiu muito mais votos.
Assim que o resultado foi divulgado, Gutiérrez anunciou seu apoio ao ultradireitista. Outros candidatos seguiram a mesma trilha.
Com isso, ficou claro que Petro tem uma única saída: convencer quem se absteve a votar, e votar nele.
Na Colômbia o voto não é obrigatório. Com isso, 45% dos eleitores não compareceram aos locais de votação. E é esse naco, ou a maior parte dele, que Petro agora precisa seduzir.
A entrada em cena do ultradireitista diluiu o cenário que era especialmente favorável a Gustavo Petro: é que Hernández também se apresenta como “o lado novo” na disputa presidencial, num eleitorado ávido por romper a velha estrutura partidária reinante.
Caso vença o segundo turno, que vai acontecer daqui a três semanas – ou mais precisamente no domingo, 19 de junho – Petro irá mergulhar em outro desafio perigoso: como reagirão os empresários e, muito mais complicado, as Forças Armadas?
Analistas colombianos e de outros países latino-americanos dizem que com o empresariado poderá ser aberta uma via de diálogo.
Já durante a campanha a maior parte deles se mostrou pragmática, indicando que, caso Petro se eleja, haveria algum tipo de acomodamento.
Resta ver se a presença do milionário empresário no segundo turno mudará o quadro caso Petro ganhe.
Já com as Forças Armadas a coisa é bem mais feia – e perigosa.
Os fardados colombianos são muito ideologizados, impregnados de um anticomunismo feroz, completamente contrários a qualquer coisa que venha da esquerda.
Vale recordar que o ex-presidente Juan Manuel Santos conseguiu, sabe-se lá como, montar uma cúpula militar mais, digamos, profissional, institucional, que inclusive apoiou o processo de paz com a guerrilha. Mas quando Iván Duque chegou à presidência essa cúpula foi desfeita, e substituída por outra, especialmente reacionária.
Reverter esse quatro será um desafio especial, caso Petro chegue à presidência.
E se não há cheiro de golpe militar nos ares colombianos, há carregadas nuvens indicando que seu governo será torpedeado o tempo todo.
Agora, um detalhe final: se o ultradireitista Hernández – que chegou a elogiar Hitler e depois tentou se explicar dizendo que na verdade queria elogiar Einstein... – ganhar, a Colômbia irá mergulhar mais fundo no lodo em que já se encontra desde o fim de governos como o de Ernesto Samper e Juan Manuel Santos, liberais de verdade e não de fachada.
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