Charge: Jônatas |
Antes mesmo do vazamento dos áudios que confirmam a interferência direta de Jair Bolsonaro para tentar salvar seu ex-ministro Milton Ribeiro, a oposição já havia conseguido as assinaturas necessárias para a instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o balcão de negócios no Ministério da Educação. O requerimento reuniu 28 adesões na quinta-feira (23), uma a mais do que o mínimo exigido.
Mesmo assim, o presidente do Senado, o fisiológico Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já sinalizou que sabotará sua criação. No maior cinismo, ele afirmou em entrevista coletiva considerar que a proximidade das eleições “prejudica o escopo de uma comissão de inquérito”. Quando do pedido de criação da CPI da Covid, no ano passado, o oportunista também protelou a leitura do requerimento por mais de dois meses. Ela só foi instalada após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).
Apesar da possível sabotagem, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) ficou animado com a rápida coleta de assinaturas para a CPI do MEC e avalia que é possível viabilizar sua criação em curto espaço de tempo. A previsão é que o pedido seja protocolado já na próxima semana. "Vamos perseguir outras assinaturas para dar ao requerimento a robustez necessária para evitar quaisquer abordagens do governo”, informa o ativo político do Amapá.
No teatro típico da diplomacia parlamentar, Randolfe Rodrigues afirma que não pretende ingressar, “ainda”, com ação no STF caso o presidente do Senado volte a sabotar uma CPI. “Eu não cogito ainda a ida ao Supremo porque tenho certeza da instalação da comissão. Reitero que o presidente Rodrigo Pacheco, constitucionalista que é, com a formação jurídica que tem e como um dos presidentes que mais tem cumprido a Constituição na história do Senado, dará cabo, no tempo certo, à leitura do requerimento da CPI”.
Como poucos acreditam nessa biografia laudatória do matreiro político mineiro, é bom aumentar a pressão na sociedade. Com seus poderes de convocação e investigação, a CPI do balcão de negócios do MEC pode ser a pá de cal no desgoverno de Jair Bolsonaro e no seu falso discurso de combate à corrupção. O escândalo envolve diretamente o “capetão”, seu ex-ministro pastor e dois pastores lobistas, milhões em recursos do Ministério da Educação e muitas propinas – inclusive em barras de ouro.
O “capetão” sabe dos estragos que a CPI pode causar. Afinal, ele botou a “cara no fogo” por Milton Ribeiro!
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