segunda-feira, 4 de julho de 2022

O racista Piquet recua temendo represálias

Por Altamiro Borges


Nelson Piquet, o ex-piloto de Fórmula-1 que virou chofer do fascista Jair Bolsonaro, volta aos holofotes por suas posições reacionárias. Em uma entrevista de novembro do ano passado que foi ressuscitada pelas redes sociais, ele destila seu ódio racista contra o heptacampeão britânico Lewis Hamilton, afirmando que o “neguinho devia estar dando mais o cu”.

Diante da repercussão negativa, ele logo se acovardou. Na maior caradura, o bolsonarista afirmou em nota oficial: “Eu condeno fortemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto pela cor de sua pele. Desculpas de todo coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, um piloto incrível”.

"Mentalidades arcaicas" nos esportes

O pedido de desculpas, porém, não convenceu ninguém – a começar do próprio Lewis Hamilton, que é conhecido por sua luta contra o racismo e suas posições progressistas. Após o assassinato do estadunidense George Floyd, ele participou de manifestações de rua e levou ao pódio a mensagem “vidas negras importam”. Em 2020, diante da morte de João Alberto Silveira Freitas por seguranças no Carrefour em Porto Alegre (RS), ele também protestou e homenageou a vítima.

Agora, pelas redes sociais, ele desprezou a conduta do racista nativo. “Por que continuamos dando espaço a estas velhas vozes? Não devemos dar uma plataforma a estas pessoas. Falam do nosso esporte e nós tentamos ir em uma direção diferente. Não é representativo... Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte"

Reação da Fórmula 1 e da Mercedes

Mas a reação não se limitou apenas à internet. Segundo nota da BBC de Londres, Nelson Piquet já sofre retaliações. Ele não poderá voltar ao “paddock” – local que abriga equipes, veículos, oficiais de prova e convidados durante as corridas da Fórmula 1. A Mercedes também divulgou notas condenando as falas racistas e discriminatórias contra o heptacampeão.

Já na sexta-feira (1), a bancada federal do PSOL apresentou ao Ministério Público Federal do Distrito Federal denúncia contra o chofer de luxo do “capetão”. Os deputados solicitam que seja aberto um inquérito para apurar as falas racistas e homofóbicas do ex-piloto e pedem ainda que seja reconhecido “dano moral coletivo” resultante das declarações.

“Verificadas as ilegalidades no descumprimento dos ditames legais/constitucionais, que sejam tomadas as providências administrativas, civis ou penais cabíveis, inclusive com a requisição de abertura de inquérito policial junto à DECRIN – Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência, visando ao cumprimento da lei e resguardo dos direitos constitucionais atinentes, em desfavor do Sr. Nelson Piquet Souto Maior, entre outros eventuais envolvidos”, afirma o requerimento.

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