domingo, 4 de setembro de 2022
CNBB repudia manipulação religiosa na eleição
Por Altamiro Borges
A 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nesta sexta-feira (2) um documento incisivo contra a “manipulação religiosa” em curso na campanha eleitoral e em defesa da “nossa jovem democracia”. Sem citar os nomes do “capetão” Jair Bolsonaro e dos lobistas da fé que o apoiam criminosamente, o documento do fórum máximo da Igreja Católica serve de alerta aos cristãos e à sociedade.
Ele aponta os graves problemas nacionais que deveriam pautar as eleições: “Nosso país está envolto numa complexa e sistêmica crise, que escancara a desigualdade estrutural, historicamente enraizada na sociedade... Entre outros aspectos destes tempos estão o desemprego e a falta de acesso à educação de qualidade para todos. A fome é certamente o mais cruel e criminoso deles, pois a alimentação é um direito inalienável (cf. Papa Francisco, Fratelli Tutti, 189)”.
Os bispos reunidos em Aparecida (SP) também revelam preocupação com a “violência latente, explícita e crescente”, que é “potencializada pela flexibilização da posse e porte de armas que ameaçam o convívio humano harmonioso e pacífico na sociedade”. Diante desse cenário, a CNBB realça: “Como se não bastassem todos os desafios estruturais e conjunturais a serem enfrentados, urge reafirmar o óbvio: nossa jovem democracia precisa ser protegida, por meio de amplo pacto nacional”.
Desvirtuando os valores do Evangelho
Nesse trecho, o texto cita a “manipulação religiosa” e a difusão de fake news que têm o “poder de desestruturar a harmonia entre pessoas, povos e culturas, colocando em risco a democracia”. Ele é incisivo na crítica aos fariseus: “A manipulação religiosa, protagonizada por políticos e religiosos, desvirtua os valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que necessitam ser debatidos e enfrentados em nosso Brasil. É fundamental um compromisso autêntico com o Evangelho e com a verdade”.
O texto ainda menciona, sem citar o “capetão”, os ataques à ordem institucional. “Tentativas de ruptura da ordem institucional, veladas ou explícitas, buscam colocar em xeque a lisura desse processo, bem como, a conquista irrevogável do voto... Reiteramos nosso apoio incondicional às instituições da República, responsáveis pela legitimação do processo e dos resultados das eleições”.
Ao final, a 59ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil conclama “toda a sociedade brasileira a participar ativa e pacificamente das eleições, escolhendo candidatos e candidatas, para o executivo (presidente e governadores) e o legislativo (senadores e deputados federais, estaduais e distritais), que representem projetos comprometidos com o bem comum, a justiça social, a defesa integral da vida, da família e da Casa Comum”.
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