Foto: Ricardo Stuckert |
O mês de agosto registrou uma importante vitória da candidatura de Lula nas redes sociais. Ela finalmente conseguiu quebrar a hegemonia do “capetão” em plataformas de vídeos como YouTube e TikTok. O levantamento foi feito pela Escola de Comunicação, Mídia e Informação da Fundação Getúlio Vargas (FGV-ECMI), a pedido da Folha de S.Paulo.
Segundo relato do jornal, “com apelo emocional – como o discurso em que Lula diz que quer ‘garantir que toda criança tenha um café da manhã para tomar’ – e vídeos de malhação com a legenda ‘partiu pós-treino’, o petista ultrapassou o presidente na rede chinesa de microvídeos, o novo pilar das campanhas de internet nesta eleição. No YouTube, a campanha também tem impulsionado vídeos com anúncios, o que tem gerado mais visualizações”.
O estudo foi feito com as métricas de engajamento e alcance dos perfis dos dois candidatos mais bem colocados nas pesquisas. Abarcou o período de 28 de julho a 29 de agosto. Como registra a Folha, “Bolsonaro tem mais seguidores em todas as redes, legado da persona digital trabalhada há anos com o auxílio do filho Carlos Bolsonaro. Esse número não significa, contudo, que seus conteúdos alcancem mais pessoas, como mostram os dados da FGV”.
Fascista ainda lidera no Facebook e Instagram
Em engajamento, o fascista ainda lidera no Facebook e no Instagram, com quase o triplo de compartilhamentos, curtidas, comentários e reações na comparação com Lula. No Twitter, embora com distância menor, ele segue na frente. “Por outro lado, Lula explodiu no YouTube e TikTok, sendo que nesta última ele criou o perfil oficial apenas em junho. A campanha designou uma pessoa para cuidar dessa rede. No YouTube, está investindo em publicidade”.
A Folha analisou os conteúdos em cada plataforma. O vídeo mais viral do canal de Lula do TikTok foi no período de um comício em Minas Gerais. "Quero ver vocês alegres, quero ver vocês trabalhando, quero ver vocês estudando, quero ver vocês amando, gostando da vida", discursa o líder petista. Outras publicações virais tratam da fome e do legado do seu governo. Nos vídeos, Lula se apresenta como um político do povo, em tom bem afetivo.
Já os conteúdos de Bolsonaro com maior tração exibem ataques à esquerda e à imprensa. No TikTok, apenas seis passam de 2 milhões de visualizações em agosto; três são recortes da entrevista ao Jornal Nacional. “A produção mais popular, com 6 milhões de visualizações, exibe a palavra ‘mentira’ quando a âncora Renata Vasconcellos diz que ele estava ‘imitando pessoas com falta de ar’ na pandemia”, descreve o jornal.
"Pessoas estão cansadas de agressividade"
Para Marco Ruediger, diretor da FGV-ECMI, o crescimento da campanha petista em redes de vídeos dialoga com as mudanças da conjuntura de 2018 para 2022. Na eleição deste ano, a economia se impõe como tema mais urgente diante de questões morais ou religiosas. “Tanto Lula como Bolsonaro operam no emocional, ambos são carismáticos, mas acho que as pessoas estão cansadas de agressividade o tempo todo”, afirma. Para ele, essa “é a eleição do vídeo”.
Já para Fábio Malini, pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), o audiovisual terá centralidade na eleição por trazer os formatos dos microvídeos e a máquina de edição rápida e barata do TikTok. “Tem animação, reacts, todo tipo de conteúdo divertido, mas requer, obviamente, uma internet mais acelerada ao usuário. É uma realidade vivida mais por quem vivencia as áreas metropolitanas”.
Além do YouTube e do TikTok, outra plataforma de vídeos explorada pelas candidaturas é Kwai – aplicativo que hoje tem mais força no Nordeste. “Os dois têm postado pelo menos um vídeo por dia no Kwai. Lula tem 1,8 milhão de seguidores e Bolsonaro, 2,4 milhões. Como ela é mais nova, ainda há pouco monitoramento e pesquisa sobre a rede”.
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