Foto: Cláudio Kbene/Divulgação |
Ao reler os contos de Machado de Assis temos as mesmas sensações de um avarento ao recontar as moedas de seu tesouro. Cada um deles, assim como cada uma delas, é um novo deslumbramento.
É o que acontece com o conto “Tempo de crise”, de 1873, em que se narram as especulações políticas sobre uma troca de governo. Com exceção do dito “lamber os vidros por dentro”, que à época queria dizer o mesmo que “trocar as meias sem tirar os sapatos”, de hoje, o conto é de uma atualidade e precisão surpreendentes ( o que se passava na Rua do Ouvidor passa-se agora aceleradamente nas redes sociais).
Cabem todas as dúvidas e opiniões de quem participa ou de quem apenas comenta, que são muitas.
Isso também acontece na atual conjuntura em que a multidão de participantes e palpiteiros tem seus aspectos positivos, o do interesse em ajudar o novo governo a acertar a mão.
Muitos são pertinentes e desinteressados, mas alguns têm o laivo da vaidade, da intempestividade ou da ranhetice.
Insisto em dizer que a variedade é boa, desde que compatível como uma orientação geral correta, o que vem acontecendo (reforçada pelo sucesso na Copa do Mundo que ajuda a normalizar a situação).
A nota das centrais sindicais apoiando o governo e a transição e sugerindo já uma proposta de aumento real do salario mínimo é pertinente porque orienta o cumprimento da tarefa essencial, qual seja a de aprovar no atual Congresso Nacional a PEC do Bolsa Família, garantidora da capacidade de ação do novo governo e de suas promessas.
As discussões efetivas de temas substantivos da questão trabalhista devem ser travadas em seu tempo certo, com o novo governo e uma nova conjuntura, econômica e política, de maneira tripartite e democrática.
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