terça-feira, 14 de junho de 2022
Manifesto dos economistas em apoio a Lula
Foto: Ricardo Stuckert |
Diante da profundidade e das múltiplas dimensões da crise social, política, econômica e ambiental instalada no país, mais de mil economistas subscreveram o manifesto Movimento dos Economistas pela Democracia e Contra a Barbárie. O documento explicita o seu posicionamento em relação às eleições que se aproximam e às medidas necessárias para recuperar o crescimento sustentável com redução das desigualdades.
Os signatários se opõem ao projeto político de Jair Bolsonaro e seus apoiadores. Entendem que as tentativas de enfraquecimento das instituições têm por intuito a implantação de um sistema político autoritário, uma ditadura neofascista sustentada por polícias e milícias armadas.
Quem matou Bruno e Dom?
Ilustração: Thiago |
No momento em que escrevo, esvaiu-se a esperança de que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips sejam encontrados com vida. A família do cidadão britânico teria recebido o aviso de que dois corpos foram localizados num dos pontos de busca do Vale do Javari, na imensidão da floresta amazônica, que eles tanto amaram.
Quem os matou? Bruno e Dom foram mortos por todos os que incentivam o crime contra os povos indígenas, suas terras, a floresta, suas águas, bichos e plantas. Por aqueles que enfraqueceram os órgãos de fiscalização nos últimos anos, tirando-lhes verba e equipamentos, perseguindo e coagindo os servidores públicos. Como fizeram com Bruno, afastado da Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados, em 2019.
Oportunidade de ouro para o Brasil
Charge: Henfil |
Posso fazer mais uma fuite en avant? Queria falar um pouco da enorme oportunidade que se abre para a atuação internacional do Brasil de 2023 em diante, admitindo-se, claro, que não venhamos a cometer o desatino de reeleger o atual presidente da República.
Enorme mesmo? Às vezes, fico pensando se, na esperança ardente de vislumbrar uma recuperação do Brasil, não acabo superestimando o ex-presidente Lula ou subestimando as dificuldades que ele terá de enfrentar. Pode ser, mas não creio. A oportunidade não tem precedentes e decorre da conjugação de três fatores: a) um país que é um dos gigantes do mundo com b) um presidente experiente e respeitado mundialmente, c) em ambiente de escassez de lideranças políticas no mundo – lideranças que sejam não só fortes, como aceitas amplamente.
Bolsonaro e o silêncio da mídia-mercado
Charge: Elias Ramires Monteiro |
O primeiro ato de Bolsonaro que mostrava claramente que em sua tentativa de reeleição ele não abriria mão de usar todos os recursos do Estado foi a criação do Auxílio Brasil.
O governo acabou com o Bolsa Família e criou esse penduricalho só até dezembro deste ano com um valor mensal maior, de 400 reais.
Ou seja, um auxílio visando apenas melhorar a popularidade do presidente neste período eleitoral.
O que a mídia-mercado fez?
Nada. Se calou noticiando o fato sem associá-lo a um claro estelionato.
A revista Playboy e o general Villas Bôas
Charge: Kleber |
Na vasta e insondável região amazônica, o “fator tempo” é crucial para encontrar-se pessoas desaparecidas; pode significar a diferença entre a vida e a morte. O Exército conhece muito bem a essencialidade do “fator tempo” em ações de salvamento humano na Amazônia.
Apesar disso, porém, o Exército agiu com descaso e inumanidade em relação aos desaparecimentos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips.
Após ser cobrado a empregar equipamentos, soldados e helicópteros na busca dos dois desaparecidos, o Comando Militar da Amazônia do Exército [CMA] soltou uma nota infame e burocrática.
Nela, se diz “em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento”. Mas, no entanto, ressalva: “contudo, as ações serão iniciadas mediante acionamento por parte do Escalão Superior”.
Golpismo militar vai parar no ‘NYTimes’
Charge: Ivan Cabral |
Pronto, general Paulo Sérgio, o senhor conseguiu: colocou-se, e ao Brasil, nas páginas do The New York Times e na capa do site do jornal norte-americano.
Mas pelas piores razões possíveis: o jornal diz que as Forças Armada são o “novo aliado” de Jair Bolsonaro para colocar sob ameaça o processo eleitoral brasileiro:
“O presidente Jair Bolsonaro, do Brasil, está há meses atrás nas pesquisas para a crucial corrida presidencial do país. E por meses, ele questionou repetidamente seus sistemas de votação, alertando que se ele perder a eleição de outubro, provavelmente será graças ao roubo de votos. Essas alegações foram amplamente consideradas simples conversa. Mas agora, Bolsonaro alistou um novo aliado em sua luta contra o processo eleitoral: os militares do país.”
Indignar-se pelo assassinato de Bruno e Dom
Ilustração: Nando Motta |
Acabamos de receber a notícia de que dois corpos humanos sem vida foram encontrados amarrados a árvores no meio da Floresta Amazônica.
Embora ainda não tenha sido possível confirmar a identificação dos cadáveres, todos temos o forte pressentimento de que se trata daquilo que não queríamos que fosse: a morte do indigenista brasileiro Bruno Pereira e seu amigo jornalista britânico Dom Phillips.
Mesmo que nos possa restar a maravilhosa esperança de estarmos enganados, prevalece a convicção de que eles já não estão vivos. Por isso, nossa luta maior passa a ser outra. Como não pudemos impedir que este monstruoso crime fosse cometido, devemos nos dedicar agora a fazer com que essa valorosa entrega de vidas não tenha ocorrido em vão.