domingo, 19 de março de 2023

Governador bolsonarista do Acre pode cair

Montagem publicada no site Notícias da Hora
Por Altamiro Borges


A situação do governador bolsonarista do Acre está cada dia mais enrolada. Agora o jornal Estadão revela que “uma das provas consideradas centrais pela PF na Operação Ptolomeu, que atribui a Gladson Cameli a liderança de um esquema de corrupção e desvio de dinheiro, é a compra de um apartamento, avaliado em R$ 6 milhões, no bairro dos Jardins, em São Paulo”. Pelo andar das investigações, ele pode até sofrer impeachment em breve.

Segundo as apurações da Polícia Federal, a própria construtora do imóvel acionou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) depois que o político tentou indicar terceiros como pagadores. “Os investigadores mapearam a origem do dinheiro: a entrada de R$ 200 mil foi dada pela empresa Rio Negro, do irmão do governador, logo após ter recebido um repasse de mesmo valor da Seven Construções e Empreendimentos, que segundo a PF servia como 'conta de passagem' para escoar o dinheiro desviado no esquema”.

Imóveis, carros e aeronaves para lavar dinheiro

“É inequívoco que Gladson Cameli e sua esposa, Ana Paula Correia da Silva Cameli, são os reais proprietários do apartamento de luxo e, assim, beneficiários diretos de vantagem indevida em decorrência do cargo público ocupado pelo atual governador do Acre”, afirma o relatório da PF. No tablet de Gladson Cameli, apreendido na Operação Ptolomeu, os policiais encontraram cópias do contrato de compra e venda do apartamento, em nome do governador e da mulher, e do projeto de arquitetura do imóvel.

“A PF afirma que o governador comprou imóveis, carros e aeronaves como estratégia para lavar o dinheiro que teria sido desviado a partir do direcionamento e superfaturamento de contratos públicos”, afirma o Estadão. Diante da gravidade dos indícios, no início de março a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), já havia pedido a “suspensão do exercício de atividade de natureza econômica” das empreiteiras ligadas à família do governo acreano. Ela também determinou o bloqueio de R$ 120 milhões dos investigados, com base na denúncia de movimentações financeiras suspeitas que ultrapassam R$ 828 milhões.

Impeachment de Dilma e campanha de Bolsonaro

Deflagrada pela Polícia Federal, a Operação Ptolomeu já está em sua terceira fase. Segundo matéria da Folha, o governador ricaço já teve apreendidos um carro blindado avaliado em R$ 200 mil, uma aeronave modelo Beech Aircraft de R$ 1,5 milhão e três imóveis – além do apartamento citado de São Paulo, uma casa de R$ 7 milhões em Rio Branco (AC) e um imóvel em Brasília avaliado em R$ 600 mil. “Além do governador, são investigados seu pai, a ex-esposa, dois primos, dois tios e dois irmãos. Outra medida autorizada foi o afastamento de 34 agentes públicos e a suspensão da atividade de 15 empresas”.

Numa curta biografia, o site UOL lembra que Gladson Cameli “cursou engenharia civil no Instituto Luterano de Ensino Superior de Manaus e começou cedo sua trajetória política, por influência familiar. Ele é sobrinho do ex-governador do Acre Orleir Cameli, que chefiou o estado entre 1995 e 1999. Em 2014, depois de dois mandatos na Câmara, foi eleito senador e votou a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT). Em 2018, ele foi eleito governador do Acre no 1º turno e, em 2022, repetiu o feito... O governador é aliado de Bolsonaro e apoiou a campanha do ex-presidente à reeleição no ano passado”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente: