domingo, 11 de junho de 2023

Acesso à internet estagnou com Bolsonaro

Exclusão digital/Desenho social
Por Altamiro Borges


Estudo divulgado em maio pelo Nic.br (Núcleo de Informação de Coordenação do Ponto BR) comprova que o acesso à internet no Brasil estagnou durante as trevas de Jair Bolsonaro. Após atingir um teto de 83% dos domicílios ligados em 2020, o nível de conectividade oscilou negativamente para 81% em 2021 e para 80% no ano passado. A falta de planejamento e investimentos do covil fascista e a pandemia da Covid-19 explicam essa preocupante estagnação.

Para o coordenador da pesquisa, Fabio Storino, o movimento registrado entre 2021 e 2022 “indica que o acesso às redes, no mínimo, deixou de crescer após cinco anos seguidos de alta entre 2015 e 2017”. De acordo com o estudo, 149 milhões de brasileiros estão conectados e 36 milhões estão excluídos da internet. Destes, 29 milhões vivem em áreas urbanas – sendo 18 milhões no Sudeste e 10 milhões no Nordeste. Também compõem o grupo pessoas que estudaram até o ensino fundamental (29 milhões), negros e pardos (21 milhões) e das classes D e E (19 milhões)”.

Exclusão digital está ligada à desigualdade  

Em entrevista à Folha, Fabio Storino afirma que esses dados revelam que a exclusão está ligada à desigualdade e à pobreza. “Não é uma questão só de disponibilidade tecnológica”. Pela pesquisa, 28% dos domicílios desconectados não têm acesso por causa do preço; 26% alegam falta de habilidade; e 16% dizem não ter interesse. Entre os usuários, 92 milhões (62%) acessam a internet apenas pelo celular. O aparelho é usado por 99% das pessoas conectadas às redes. O segundo meio de acesso mais comum é a televisão (55%), seguida pelo computador (38%).

“De acordo com Fabio Storino, o celular limita as atividades possíveis na internet. O número de pessoas que criam planilhas de cálculo ou programas é menor entre usuários exclusivos de celular. Parte dos usuários que acessam a internet pelo celular tem planos de franquia limitada, conhecidos como ‘zero rating’, que restringem o acesso da conexão a redes sociais e aplicativos de mensagem. As companhias não fornecem justificativas técnicas para justificar essa limitação, segundo a diretora do Iris Paloma Rocillo. ‘Com esse aprisionamento a certos aplicativos, pessoas perdem oportunidades de estudo, de trabalho e de encontrar melhores preços em uma promoção’, diz Rocillo. Essa situação viola o Código de Defesa do Consumidor, de acordo com a diretora do Iris”.

“Dos 149 milhões de usuários de internet no território nacional, 142 milhões se conectam todos ou quase todos os dias – com prevalência nas classes A (93%) e B (91%) e em menores proporções nas C (81%) e DE (60%). A parcela de pessoas que usou a internet para realizar atividades escolares também caiu em relação a 2020, quando ficou em 45%. Em 2022, essas foram 40%, na mesma faixa dos 41% registrados em 2019, antes da crise sanitária”, descreve a reportagem da Folha.

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