domingo, 18 de junho de 2023

CNN Brasil assedia para proteger Arthur Lira

Charge: Ivan Cabral
Por Altamiro Borges


O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo denunciou na semana passada que os profissionais da CNN-Brasil têm sofrido pressão da direção da emissora com o objetivo de interferir na linha editorial das reportagens e de proteger algumas figuras da política nativa. Um dos blindados seria o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (PP-AL) – o principal cacique do fisiológico Centrão.

Segundo a entidade, desde o final de 2022, quando o executivo João Camargo ascendeu ao comando do conselho da CNN-Brasil, uma série de denúncias foi apresentada por jornalistas – que tiveram seus nomes mantidos em sigilo para evitar perseguições. Eles inclusive relataram casos de demissões após a difusão de matérias que desagradaram alguns interlocutores poderosos da emissora.

Um dos casos mais recentes de assedio se refere à denúncia de corrupção no caso dos “kits robóticas”. No início de junho, o programa CNN-360 divulgou a notícia, obtida a partir de fontes na Polícia Federal, de que um cofre com R$ 4 milhões em dinheiro vivo foi encontrado na casa de um ex-assessor do presidente da Câmara Federal. A informação não estava precisa e foi corrigida a partir de uma errata da própria PF.

Violação de garantia constitucional

Em uma ação inusitada, a direção da empresa passou a exigir que os profissionais revelassem o nome da fonte. Com base nos valores éticos da profissão, os jornalistas resistiram à violenta pressão. “A atitude é uma clara tentativa de quebra do sigilo de fonte, base do trabalho jornalístico, violando assim a garantia constitucional definida no artigo 5º, inciso XIV, da Constituição”, denunciou uma nota do sindicato.

“Em nossas convenções coletivas, defendemos historicamente o direito de consciência, a liberdade de expressão e o exercício da cidadania para todas e todos os jornalistas. Pelo respeito à ética jornalística e à liberdade de expressão e de imprensa, reivindicamos o direito das e dos jornalistas de se recusarem a produzir conteúdos que violem a sua consciência, contrariem a sua apuração dos fatos e que (por estas ou por quaisquer outras razões) firam o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros”, acrescenta a nota.

O Sindicato dos Jornalistas ainda lembrou que, “coincidentemente ou não”, Arthur Lira compareceu, em 5 de junho, a um jantar promovido pela Esfera Brasil, organização que tem o mesmo João Camargo como presidente do seu Conselho de Administração. A entidade, que se diz “apartidária e independente”, reúne empresários e defende os interesses do “deus-mercado” e o seu receituário ultraneoliberal.

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