segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Blogueiro bolsonarista usa filha como escudo

Charge: Bruno Struzani/Desenholadino
Por Altamiro Borges


Na semana passada, o ministro Alexandre de Moares, do Supremo Tribunal Federal, determinou o bloqueio da conta bancária da adolescente M., filha do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que teve a prisão decretada por incitar atos antidemocráticos e está foragido da Justiça desde dezembro de 2022. Ao ordenar o bloqueio no Nubank da conta da menina de 15 anos, o magistrado alegou ter “afastado, excepcionalmente, as garantias individuais” para que ela não fosse usada como “escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas”.

Segundo as investigações, a filha do blogueiro estaria usando doações via Pix para enviar dinheiro ao pai. Em seu despacho, Alexandre de Moraes argumenta que o “sorrateiro” Oswaldo Eustáquio propaga mentiras para receber doações, “possibilitar a continuidade da prática criminosa e permanecer foragido”. Ainda de acordo com a sentença, ele instiga a “animosidade entre as Forças Armadas e os Poderes... Seu comportamento é gravíssimo e pode colocar em risco, inclusive, a vida do presidente da República eleito em 2022”.

Fugitivo da polícia está em Madri

Essa é a segunda ordem de bloqueio nas contas da adolescente. Em março, o ministro já havia trancado outra conta da jovem, no Santander. Antes disso, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio de contas, cartões bancários, imóveis e carros em nome do blogueiro bolsonarista. Oswaldo Eustáquio é um criminoso perigoso. Ele foi detido duas vezes ainda durante as trevas de Jair Bolsonaro por decisão do STF – em 2020 e 2021.

Em 23 de dezembro de 2022, a pedido da Polícia Federal e da Procuradoria-Geral da República, ele teve a sua prisão temporária novamente decretada sob a acusação de incitação ao crime, associação criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Mas ele conseguiu fugir da Justiça numa ação suspeita, que contou com a cumplicidade de autoridades do governo bolsonariano. Até a semana passada, o seu nome sequer tinha sido incluído na lista de mais procurados da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), apesar da solicitação ter sido feita pelo ministro Alexandre de Moraes em junho passado.

Num primeiro momento, Oswaldo Eustáquio se refugiou no Paraguai. Mas em setembro, o governo do país vizinho recusou dar status permanente ao criminoso, que sumiu do radar. Agora, segundo o site Metrópoles, o bolsonarista reapareceu em Madri. “Ele tem o direito de permanecer na Espanha e não ser extraditado pelo menos até abril do próximo ano, enquanto o país não dá uma resposta final ao pedido. O documento em que solicitou ‘proteção internacional’ foi registrado em 22 de junho no Ministério do Interior. O cadastro foi feito presencialmente em Toledo, cidade a 70 quilômetros da capital Madri”.

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