Os truculentos fazendeiros, que “passaram a boiada” durante o reinado do fascista Jair Bolsonaro e do seu jagunço Ricardo Salles, ainda se acham com total impunidade. No último domingo (21), esses agrotrogloditas assassinaram a líder indígena Maria de Fátima Muniz, conhecida como Nega Pataxó, e tentaram matar o seu irmão, o cacique Nailton Muniz, no Sul da Bahia. Agora se sabe que o crime brutal foi acertado via WhatsApp.
“O Ministério dos Povos Indígenas afirmou que cerca de 200 desses criminosos, entre produtores rurais e comerciantes, se organizaram usando a plataforma para tramar um ataque ao acampamento do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe a fim de retomar a área com as próprias mãos. Ou seja, sem decisão judicial, o que é ilegal. O Movimento Invasão Zero convocou o ataque”, relata o jornalista Leonardo Sakamoto em matéria no site UOL.
O colunista acrescenta outra informação perturbadora. “Ainda é necessário esclarecer se a polícia garantiu a segurança aos milicianos, concordou com o crime através de sua inação ou foi incompetente por não ter impedido. Tanto o Ministério Público Federal quanto as Defensorias Públicas do Estado e da União apontam que a ação pode ter contado com a participação de policiais”.
29 indígenas Pataxó Ha-Hã-Hãe já foram assassinados
Em dezembro passado, o cacique Lucas Pataxó já havia sido assassinado na região. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), 29 indígenas Pataxó Ha-Hã-Hãe foram mortos ao longo dos últimos anos “devido à morosidade na demarcação e homologação das terras indígenas”. Leonardo Sakamoto ainda enfatiza que “essa violência organizada por via digital não é novidade, nem monopólio da Bahia”.
“Em 2016, um indígena morreu e outros seis ficaram feridos no que ficou conhecido como o Massacre de Caarapó, no Mato Grosso do Sul. Segundo o Ministério Público Federal, fazendeiros organizaram via WhatsApp e executaram um ataque à comunidade Tey'i Kue em 14 de junho daquele ano. Teriam participado cerca de 40 caminhonetes, com três pás carregadeiras e mais de 100 pessoas, muitas delas armadas. O objetivo seria retirar um grupo de 40 indígenas Guarani-Kaiowá de uma propriedade ocupada por contra própria”.
Dia do Fogo e terrorismo dos golpistas
Outro caso lembrado é o do famigerado Dia do Fogo, “quando fazendeiros do Pará combinaram de atear fogo na Amazônia, em 2019. Ele foi organizado pelo WhatsApp. Nos dias 10 e 11 de agosto daquele ano, os sistemas de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) detectaram 1.457 focos de incêndio no estado, 2.000% a mais em relação ao ano anterior”. O jornalista também inclui a articulação digital dos agrotrogloditas em atos contra a democracia.
“Produtores rurais foram apontados como financiadores de bloqueios de rodovias e acampamentos de bolsonaristas que defendiam um golpe militar, primeiro para impedir que Lula chegasse ao poder após ter vencido as eleições, depois para derrubá-lo do cargo e devolver Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Depois, apareceram como tendo ajudado a bancar a ida de militantes de extrema direita a Brasília para a fracassada tentativa de golpe de Estado no dia 8 de janeiro, que terminou com a invasão e depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal”.
“Investigação da Repórter Brasil, publicada em janeiro do ano passado, aponta que o Pix de uma loja de informática do Sul do Pará era divulgado por pecuaristas da região via WhatsApp a fim de arrecadar recursos para os acampamentos golpistas no estado e na capital federal. Lembrando que o núcleo de Brasília foi usado como base para queimar ônibus e carros, plantar uma bomba a fim de explodir o aeroporto e atacar as sedes dos Três Poderes”.
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