terça-feira, 3 de setembro de 2024

Musk e a conspiração da ultradireita

Ilustração: Taylor Callery
Por Luís Nassif, no Jornal GGN:

O alerta foi dado por Pedro Costa Jr na TV GGN 20 horas. Há um conjunto preocupante de indícios de uma armação geral para o 7 de setembro e nas vésperas das eleições municipais.

Primeiro, foi a ofensiva da Folha de S. Paulo contra o Ministro Alexandre Moraes, em cima de arquivos de celular levantados no ano passado. O material foi enviado a Glenn Greenwald.

Desde que foi censurado no The Intercept, em denúncia que escrevera sobre as ligações do filho de Joe Biden na Ucrânia, Glenn aproximou-se da ultradireita norte-americana e tornou-se habitual do programa de Tucker Carlson, o principal comentarista de ultradireita do país.

Em seguida, ampliam-se as provocações de Elon Musk contra Alexandre Moraes, até chegar ao enfrentamento final, que levou à retirada do X. Agora, está aproveitando o episódio para potencializar ao máximo os ataques a Moraes e estimular as manifestações de 7 de Setembro.

Não apenas isso. Parlamentares da ultradireita da Califórnia tentam emplacar uma legislação de represália ao Brasil. Musk acenou com a possibilidade de “apreensão recíproca” de ativos do estado brasileiro. Simultaneamente, os Estados Unidos apreenderam o avião de Nicolás Maduro.

Nesse mesmo curto período, militares brasileiros mostraram insatisfação com a interrupção dos serviços da Starlink – a empresa de satélites de Musk -, e com a interrupção de negociações com Israel, para adquirir tanques de guerra, em um momento de orçamento apertado.

Musk é essencialmente um empresário que depende dos estados nacionais. A Starlink é bancada pelo Departamento de Estado. O apoio de Musk a Milei tem como meta o controle das minas de lítio na Argentina.

Finalmente, Eduardo Bolsonaro, que atua como representante da ultradireita de Steve Bannon na América Latina, revogou a proibição de se atacar o Supremo nas manifestações do dia 7 de Setembro.

Matéria do The New York Times relata:

“Musk, 52, usou repetidamente uma parte de seu império empresarial — X, anteriormente conhecido como Twitter — para apoiar vocalmente políticos como Milei, Jair Bolsonaro do Brasil e Narendra Modi da Índia. Na plataforma, Musk apoiou suas visões sobre gênero, festejou sua oposição ao socialismo e confrontou agressivamente seus inimigos. Musk até interveio pessoalmente nas políticas de conteúdo do X de maneiras que pareciam ajudar Bolsonaro, disseram dois ex-funcionários do X”.

Ao mesmo tempo, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, deu declarações reforçando as narrativas da ultradireita, sendo censurada. Na segunda-feira da semana passada, enviou carta ao Comitê Judiciário da Câmara, denunciando supostas “pressões” para censurar conteúdos durante a pandemia.

Há uma lógica nessa articulação e explica parte da sensação de poder de Musk:

- As grandes corporações sempre foram extensão do poder americano;

- Hoje em dia, o único setor com predomínio norte-americano, além da defesa, são as grandes redes sociais;

- Há uma relação umbilical das Forças Armadas brasileiras, tão umbilical e humilhante a ponto das comunicações serem transmitidas pelo sistema Starlink, que é bancado pelo Pentágono;

- Há também uma ofensiva de estados nacionais – incluindo a União Europeia – para enquadrar as redes sociais. E a aliança natural será com o tal libertarismo da ultradireita nesses países.

Como calar a Starlilnk

Agora, Musk amplia o confronto fazendo com que a Starlink transmita o conteúdo do X, contrariando as recomendações de Moraes.

Há condições concretas de impedir o sinal de Starlink, segundo Luis Antonio Bambace.

Segundo Bambace,

“O presidente da Anatel deu entrevista no Globonews e cometeu uma falha. Não dá para impedir a antena do usuário de mandar algo para o Starlink, mas dá para impedir um satélite do Starlink de receber dados do solo, o famoso jamming dos militares, ilumina na frequência das antenas do usuário um satélite com sinal muito forte, saturando a recepção. Aí nenhum usuário do satélite manda nada a ele, esteja ele no Brasil ou não. Como as antenas de matriz faseada dos usuários só olham para o satélite, jogar sinal forte na banda de recepção delas paralelo ao solo pode ser difícil. Mas dá para fazer jamming nos terminais com balões, dirigíveis e drones. Este segundo jamming é mais caro, mas só afeta os usuários de zonas restritas.

“As do solo sim, as de satélite são alvo fácil para antenas de Jamming de 6 metros, similares às parabólicas antigas, mas móveis. Jammeando metade dos satélites alguns minutos e trocando para outros, torna-se o uso inviável. O sistema não suporta intermitência. Mas por exemplo se ninguém mais usar a frequência do satélite no solo, faz-se uma transmissão abrangendo uma grande área, como fazem os sistemas de rádio e TV, um balão a 30 km de altura, onde ele pode ficar quase parado face a inversão de direção de ventos estratosféricas, com um sobe e desce pequeno para manter latitude e longitude, e ilumina todas as antenas no solo num raio de 600 km do ponto abaixo dele”.


E uma recomendação: “As forças armadas deveriam ter um sistema assim para impedir o uso destas redes em caso de ataque externo. Elas podem guiar drones como ocorre na guerra da Ucrânia”.

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