Por Altamiro Borges
A mídia demotucana está animadíssima com as “marchas contra a corrupção”. Não pára de falar nisto. Editoriais da Folha, Estadão e O Globo clamam por novas manifestações de rua contra os “malfeitos” no governo. Exigem que a presidenta Dilma Rousseff intensifique a “faxina” no Palácio do Planalto, que imploda de vez a base governista.
Seus principais articulistas viraram agitadores de massa, como se dizia antigamente. Até Carlos Heitor Cony, que apoiou o golpe de 64 e depois foi perseguido pelos éticos golpistas, resolveu engrossar o coro. A tucaninha Eliane Cantanhêde retornou das férias com toda a carga e até sugere incorporar uma nova bandeira – contra os impostos.
Uma das piores pragas da corrupção
Aproveitando este espírito rebelde da velha mídia, faço outra sugestão. A primeira foi a que ela convocasse marchas contra os escravocratas – contra a Zara e os ruralistas, que gastam fortunas em publicidade. Agora sugiro a marcha, repleta de madames e ricaços, contra os empresários caloteiros – uma das piores pragas da corrupção no Brasil.
Segundo recente relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), entre 2008 e 2010, os órgãos públicos multaram 734 mil empresas, no montante de R$ 24 bilhões, mas apenas R$ 1,1 bilhão, ou 4,67% do total, foi recolhido aos cofres da União. Os ricaços contestam as multas na Justiça e enrolam para pagar suas dívidas. São autênticos caloteiros!
Ruralistas são os campeões
Entre os mais descarados estão os velhos latifundiários, muitos travestidos de modernos barões do agronegócio. Só o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) já aplicou 71 mil multas, no valor de R$ 10,5 bilhões, mas recebeu apenas 0,34%. Eles exploram trabalho escravo, usam jagunços, destroem o meio ambiente e ainda dão calote!
O relatório do TCU, que não ganhou qualquer destaque no Jornal Nacional da ética TV Globo, também inclui bancos, faculdades privadas e operadoras de cartão de crédito, entre outras corporações empresariais. Depois dos ruralistas, os casos mais escandalosos de multas aplicadas e não recolhidas são as das concessionárias de serviços públicos.
Ricos não são presos no Brasil
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aplicou 17,5 mil multas no valor de R$ 5,8 bilhões, mas recebeu apenas 4,28% do total. Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) impôs 926 multas, no montante de R$ 900 milhões, dos quais apenas 11,17% foram pagos. Além de oferecer péssimos serviços, elas não pagam o que devem! Na maioria multinacionais, ainda exigem redução de impostos.
Este quadro lamentável confirma que no Brasil só o ladrão de galinhas vai preso. Os empresários multados têm prazo de cinco anos para recorrer ao Judiciário. “Os processos são lentos e a aplicação da multa é passível de recurso, e os casos que vão parar na Justiça podem demorar até 10 anos", critica o advogado Anderson Albuquerque.
A mídia udenista topa?
O uso interminável de recursos à Justiça para protelar o pagamento das multas contrasta com os prejuízos impostos ao consumidor. No setor elétrico, a falta de manutenção das redes ou de investimentos na manutenção dos velhos equipamentos é uma das principais causas dos apagões em São Paulo e da explosão de bueiros no Rio de Janeiro.
Alguns destes caloteiros até devem ter apoiado as “marchas contra a corrupção” no 7 de setembro, ou levado seus filhinhos em carros importados. Eles detestam a corrupção... dos outros. Odeiam o inchaço do poder público, com seus órgãos de fiscalização que pentelham suas vidas. Exigem menos Estado, menos fiscalização e menos impostos!
Que tal a mídia demotucana, tão empolgada com as recentes marchas, convocar uma contra os caloteiros? Afinal, o rombo nos cofres públicos, segundo o TCU, foi de R$ 23 bilhões. Se topar essa sugestão, a mídia mostrará que não é oportunista, que seu moralismo não é falso. O risco é perder os anúncios das empresas caloteiras. Será que ela topa?
*****
Leia mais:
- O Grito, a "marcha" e a mídia seletiva
- Arias não se indignou com a Zara
- Que tal a marcha contra os escravocratas?
A mídia demotucana está animadíssima com as “marchas contra a corrupção”. Não pára de falar nisto. Editoriais da Folha, Estadão e O Globo clamam por novas manifestações de rua contra os “malfeitos” no governo. Exigem que a presidenta Dilma Rousseff intensifique a “faxina” no Palácio do Planalto, que imploda de vez a base governista.
Seus principais articulistas viraram agitadores de massa, como se dizia antigamente. Até Carlos Heitor Cony, que apoiou o golpe de 64 e depois foi perseguido pelos éticos golpistas, resolveu engrossar o coro. A tucaninha Eliane Cantanhêde retornou das férias com toda a carga e até sugere incorporar uma nova bandeira – contra os impostos.
Uma das piores pragas da corrupção
Aproveitando este espírito rebelde da velha mídia, faço outra sugestão. A primeira foi a que ela convocasse marchas contra os escravocratas – contra a Zara e os ruralistas, que gastam fortunas em publicidade. Agora sugiro a marcha, repleta de madames e ricaços, contra os empresários caloteiros – uma das piores pragas da corrupção no Brasil.
Segundo recente relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), entre 2008 e 2010, os órgãos públicos multaram 734 mil empresas, no montante de R$ 24 bilhões, mas apenas R$ 1,1 bilhão, ou 4,67% do total, foi recolhido aos cofres da União. Os ricaços contestam as multas na Justiça e enrolam para pagar suas dívidas. São autênticos caloteiros!
Ruralistas são os campeões
Entre os mais descarados estão os velhos latifundiários, muitos travestidos de modernos barões do agronegócio. Só o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) já aplicou 71 mil multas, no valor de R$ 10,5 bilhões, mas recebeu apenas 0,34%. Eles exploram trabalho escravo, usam jagunços, destroem o meio ambiente e ainda dão calote!
O relatório do TCU, que não ganhou qualquer destaque no Jornal Nacional da ética TV Globo, também inclui bancos, faculdades privadas e operadoras de cartão de crédito, entre outras corporações empresariais. Depois dos ruralistas, os casos mais escandalosos de multas aplicadas e não recolhidas são as das concessionárias de serviços públicos.
Ricos não são presos no Brasil
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aplicou 17,5 mil multas no valor de R$ 5,8 bilhões, mas recebeu apenas 4,28% do total. Já a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) impôs 926 multas, no montante de R$ 900 milhões, dos quais apenas 11,17% foram pagos. Além de oferecer péssimos serviços, elas não pagam o que devem! Na maioria multinacionais, ainda exigem redução de impostos.
Este quadro lamentável confirma que no Brasil só o ladrão de galinhas vai preso. Os empresários multados têm prazo de cinco anos para recorrer ao Judiciário. “Os processos são lentos e a aplicação da multa é passível de recurso, e os casos que vão parar na Justiça podem demorar até 10 anos", critica o advogado Anderson Albuquerque.
A mídia udenista topa?
O uso interminável de recursos à Justiça para protelar o pagamento das multas contrasta com os prejuízos impostos ao consumidor. No setor elétrico, a falta de manutenção das redes ou de investimentos na manutenção dos velhos equipamentos é uma das principais causas dos apagões em São Paulo e da explosão de bueiros no Rio de Janeiro.
Alguns destes caloteiros até devem ter apoiado as “marchas contra a corrupção” no 7 de setembro, ou levado seus filhinhos em carros importados. Eles detestam a corrupção... dos outros. Odeiam o inchaço do poder público, com seus órgãos de fiscalização que pentelham suas vidas. Exigem menos Estado, menos fiscalização e menos impostos!
Que tal a mídia demotucana, tão empolgada com as recentes marchas, convocar uma contra os caloteiros? Afinal, o rombo nos cofres públicos, segundo o TCU, foi de R$ 23 bilhões. Se topar essa sugestão, a mídia mostrará que não é oportunista, que seu moralismo não é falso. O risco é perder os anúncios das empresas caloteiras. Será que ela topa?
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Leia mais:
- O Grito, a "marcha" e a mídia seletiva
- Arias não se indignou com a Zara
- Que tal a marcha contra os escravocratas?
Miro, e que tal uma marcha contra os calotes do governo do estado de SP que não paga os precatórios alimentares já julgados pela Justiça?
ResponderExcluirMarco A.Artacho
Que tal uma marcha contra o caloteiro Governo de SP que não paga os precatórios alimentares devidos?
ResponderExcluirMarco.
Grande Miro!
ResponderExcluirSempre com pontaria certeira e munição de alto poder de impacto. Preciso contato sobre possibilidade de lançamento do livro "A ditadura da mídia", em Campina Grande, PB, no curso de Jornalismo, no dia 05 de outubro de 2011. Contato no twitter. @rangeljrUEPB. Grande abraço!
Bem lembrado, Marco. Além do sistema permitir uma série de recursos para os devededores empurrarem com a barriga suas dívidas, foi o governo Lula que lançou a PEC do Calote aos brasileiros. Não é só o Alckmin, essa figura que anda de flerte com a Dilma, são todos os governadores. Parece que estão todos no mesmo cesto. E quem vai puxar a Marcha do Caloteiros? Sugiro que seja por hierarquia.
ResponderExcluirVocê esqueceu de citar a impoluta Igreja Católica Apostólica Romana que mama nas tetas do governo com isenções de impostos e financiamentos mutretados do BNDES. A CNBB apoia essas marchas sem vergonhas.
ResponderExcluirTranscrevo, abaixo, e-mail que escrevi para um amigo externando essa minha estranheza em relação a um comunista como você:
"Impressionante o respeito que até comunistas como o Miro tem da Igreja Católica Romana.
Não sei se você leu no meu blog, mas o BNDES fraudou o enquadramento de um de seus programas para facilitar o financiamento a juros subsidiados de um hotel para romeiros em Aparecida: http://blogdomarciotavares.blogspot.com/2011/08/escandalo-bndes-subsidia-hotel-para.html
Tem também o caso dos bispos que furaram fila pra usarem jatinhos da FAB para assistirem a posse de um coleguinha em Campo Grande (MS): http://blogdomarciotavares.blogspot.com/2011/07/bispos-passeiam-de-jatinho-com-o-nosso.html
Ainda sobre o BNDES, gasta-se centenas de milhões todos os anos na reconstrução de templos católicos sob o pretexto de que fazem parte do acervo cultural brasileiro. Ora, por que não obrigar o estado do Vaticano a fazer essas reformas? Por que usar o dinheiro dos trabalhadores - sim o BNDES é gestor do FAT - na reforma de prédios privados? Só mais um detalhe, 90% do dinheiro movimentado pelo BNDES não é público como a maioria pensa. Essa grana pertence aos trabalhadores. Dinheiro que tem que ser remunerado para pagar seguro desemprego, principalmente.
E a CNBB também apoiou essa marcha dos sem vergonhas.
Assim como a OAB que congrega todos os profissionais que ganham rios de dinheiro defendendo e orientando como se faz pra fraudar o Fisco."