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As acusações do governo dos EUA à China, segundo as quais partem do país asiático ciberataques contra redes de computadores norte-americanas, são meras cortinas de fumaça para ocultar ações cometidas contra o governo e o povo chineses. É o que se pode concluir das revelações feitas pelo ex-agente da CIA, Edward Snowden sobre o vasto esquema de espionagem eletrônica, com sede nos EUA – e acobertado pelo governo de Washington – para bisbilhotar usuários de computadores e redes sociais em todo o mundo. E visando em especial, alvos localizados na China.
A nova revelação impõe outras conclusões necessárias. Uma, e mais evidente, é a própria confirmação das suspeitas de espionagem feita pelos estadunidenses usando a rede mundial de computadores. Fica comprometida também a hipocrisia liberal, de parte da imprensa e do establishment dos EUA, que se tornou prisioneira da contradição entre a defesa, da boca para fora, da incolumidade dos direitos individuais e que, agora, defendem o “direito” do governo em vigiar cidadãos nos EUA e no mundo, em nome do combate ao “terrorismo”.
Finalmente, outra conclusão que se impõe diz respeito à fragilidade destes esquemas de espionagem que, operados por homens e mulheres como, primeiro, a dupla: Julian Assange e Bradley Manning, o soldado que abasteceu a Wikileaks de informações; agora é o ex-espião da CIA, Edward Snowsen. São pessoas que se apresentam como convictas dos males da intromissão governamental na vida de cidadãos comuns e que não vacilam em correr os ricos de denunciar a manipulação e os esquemas criminosos de vigilância eletrônica.
O governo dos EUA usa a rede mundial de computadores para espionar os cidadãos do mundo, acusou Snowsen. E, ao menos desde 2009, espiona a China e Hong Kong. A fonte dessas operações de guerra eletrônica é a Agência Nacional de Segurança norte-americana (NSA, na sigla em inglês), que lança sofisticados ataques à “espinha dorsal” das redes, uma técnica que permite a espionagem simultânea de milhares de computadores. Foram, acusou, mais de 61 mil ataques cibernéticos globalmente, centenas dos quais contra chineses.
Robert Mueller, diretor do FBI, apressou-se em acusar Snowsen em uma audiência no Comitê Judiciário da Câmara dos EUA. É o papel dele, que é um policial! Mais surpreendente foi a reação de jornalões norte-americanos, como The New York Times, favoráveis à bisbilhotagem eletrônica. O comentarista Thomas L. Friedman é um exemplo deste liberalismo genuflexo diante de ações ilegais do governo dos EUA, e justifica a bisbilhotagem com a desculpa absurda da defesa contra a ação de “células secretas no Iêmen, no Afeganistão e no Paquistão”!
As revelações feitas por Snowden são de extrema gravidade embora, a rigor não contenham novidades. Ações como as denunciadas fazem parte da natureza dos governos autoritários, antidemocráticos e baseados não na transparência, mas na ocultação de seus propósitos. Os governos de Washington são mestres nessa ocultação! São essas ações que tornam seu crédito declinante entre os povos. E que transformam os EUA no maior estado terrorista e na maior ameaça à paz mundial em nosso tempo.
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