domingo, 12 de outubro de 2014

A postura corajosa da bancada do PSOL

Por Altamiro Borges

No “Levante das Cores” – ato organizado por coletivos de cultura, ativistas digitais e movimentos sociais, que reuniu quase 2 mil pessoas no Largo do Arouche, no centro de São Paulo, neste sábado (11) –, dois discursos prenderam a atenção dos presentes. O deputado Jean Wyllys, que veio do Rio de Janeiro, afirmou que rejeitava a postura de Pôncio Pilatos, que “lavou as mãos e foi culpado pela morte de Jesus Cristo”, e reafirmou sua decisão de “apoiar Dilma”, apesar das críticas à falta de ousadia do atual governo. Outra liderança do PSOL, o ativista do movimento negro Douglas Belchior, enfatizou que estava presente para “evitar o grave retrocesso” que representa Aécio Neves para a juventude das periferias.

Em resolução aprovada na quinta-feira, o PSOL decidiu liberar seus filiados no segundo turno, mas enfatizou que seu maior objetivo é derrotar o candidato do PSDB. Com base nesta decisão de “neutralidade”, as lideranças da sigla passaram a se pronunciar em apoio à reeleição de Dilma Rousseff. O voto é “crítico”, reafirmando a postura da legenda de oposição de esquerda ao atual governo, mas é explícito. A presença do deputado Jean Wyllys, reeleito com expressiva votação, e de Douglas Belchior, líder do movimento Uneafro e blogueiro da CartaCapital, evidencia a postura corajosa destas lideranças. No mesmo rumo, a bancada federal do PSOL divulgou um incisivo manifesto nesta sexta-feira (10). Reproduzo-o abaixo:

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Bancada federal do PSOL declara voto em Dilma

Nós, deputados federais do PSOL, trocando ideias e respeitando os princípios partidários, como é nosso dever, construímos uma posição coletiva - serena e clara - diante do embate do 2º turno presidencial:


1. Um pleito em 2º turno, quando nosso projeto partidário não está ali representado, é mais uma eleição do não do que do sim;
2. O PSOL vê com preocupação o avanço conservador no Congresso Nacional, com a votação expressiva de representantes da ultradireita, do fundamentalismo, do corporativismo empresarial e latifundiário, do ruralismo antirreforma agrária e violador dos direitos indígenas, do patrimonialismo, do discurso de ódio à diversidade e aos direitos humanos e do clientelismo dos currais eleitorais;
3. No plano nacional, há uma divisão na sociedade, com os setores mais à direita, do privatismo total, da corrupção estrutural e sistêmica, de parte significativa da mídia grande e dos avessos à participação popular alinhados com Aécio, isto é, com PSDB, DEM, PTB, PSC; de outro, com as evidentes contradições do PT e do governo Dilma, assemelhado aos tucanos até na continuidade da corrupção, alinham-se movimentos, personalidades e partidos com viés mais progressista;
4. Para nós, do PSOL, nossa missão principal nesta disputa eleitoral encerrou-se no 1º turno, no qual, nos estados e no país, com Luciana Genro, afirmamos nossas propostas programáticas básicas e um novo modo de fazer campanha política, sem os aparatos enganosos das candidaturas milionárias, prisioneiras de empreiteiras, bancos, frigoríficos e mineradoras que as financiam;
5. Sem qualquer intenção de participação num eventual novo governo ou de formar 'base de sustentação' a ele, manteremos nossa condição de oposição programática de esquerda, seja qual for o(a) presidente eleito(a), preservando assim, nossa posição crítica, fiscalizadora e propositiva;
6. Diante da composição de forças políticas e sociais que se constituiu, com os vínculos entusiasmados dos setores mais conservadores e retrógrados com a candidatura tucana, e do retrocesso que isso pode representar, dentro dos marcos aprovados pelo PSOL em Resolução divulgada em 8/10, declaramos nosso voto em Dilma;
7. Seguiremos na luta, nas ruas, nas redes e nos parlamentos, por Reforma Política com participação popular, por Reforma Tributária que grave os mais ricos, por políticas de superação estrutural da desigualdade social e inter-regional, pela auditoria da dívida, pelo combate a todas as discriminações, por uma política externa independente da hegemonia estadunidense e por um Brasil livre, soberano, justo, igualitário e fraterno.

Brasília, 10 de outubro de 2014

Edmílson Rodrigues (PA)
Chico Alencar (RJ)
Jean Wyllys (RJ)
Ivan Valente (SP)


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Um comentário:

  1. Eu vou votar no Aécio por uma simples razão. Os governos do PSDB (FHC) fazem bem para a saúde e explico. Na era do FHC, por exemplo, alguns alimentos como yogurte a gente dava aos filhos uma vez por mês e era uma festa, mas durava pouco. Ainda bem. Pois, a gente sabe que alimentos industrializados não fazem muito bem à saúde. Refrigerante também era uma vez por mês e hoje sabemos que os refrigerantes contém muito açúcar e acabam deixando as pessoas obesas. FHC era um gênio, era um pai que só queria o bem dos seus filhos. Era tudo tão bem planejado que os empregos quase não existiam, emprego para que? Para ficar consumindo e gerando mais empregos? E a saúde como é que ia ficar? A gente tinha que andar à pé e isso dava um condicionamento incrível. (Hoje até tenho um carro e por isso acabei criando uns pneuzinhos na barriga). E como naquela época todo mundo tinha saúde não era preciso investir em médicos nem hospitais. Mas, o plano era tão perfeito que também ia ao encontro da preservação e sustentabilidade, eu diria que quase um retorno à natureza. O processo todo era muito perfeito, quem não tinha emprego, não tinha dinheiro, não pagava a conta de energia, logo não tinha luz, pois a concessionária cortava a energia. Então...velas que bom que elas existiam, uma das maiores invenções do humanidade. E para que essa política de retorno à natureza fosse bem democrática e todos pudessem participar do programa, tínhamos apagões, quando faltava luz, era tudo muito mágico as pessoas saiam para rua e ficavam contemplando as estrelas, os vizinhos ficavam no maior bate-papo. As pessoas eram mais solidárias, coisa que hoje em dia não se vê mais. Afinal todo mundo tem um computador, e ficam horas e horas na frente dele.
    Por isso eu voto no Aécio, imagine voltar no tempo e recuperar tudo isso que foi perdido? Espero que nesses doze anos do governo do PT os tucanos tenham aprimorado aquelas políticas que faziam bem para a saúde. Imagine que bom não seria voltar a andar a pé na busca de emprego? Eu tenho fé e sei no meu íntimo que eles aprimoraram os programas, talvez tenha até alguma surpresa, estou doido para ver.

    teatino@sapo.pt

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