domingo, 12 de julho de 2015

Paulinho da Força e a propina antigreve

Por Altamiro Borges

A mídia privada segue dando enorme destaque às "delações premiadas" – e premeditadas – de Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC. No midiático processo da Operação Lava-Jato, que inclui prisões arbitrárias e vazamentos seletivos, o delator é tratado pela imprensa como um herói, um semideus. O interessante, porém, é que alguns dos acusados por ele de envolvimento na corrupção logo somem do noticiário. É o caso do senador Aloysio Nunes, vice derrotado na chapa do cambaleante Aécio Neves, que teria recebido do empreiteiro R$ 300 mil. Outro dedurado – e deletado pela mídia – é o deputado federal Paulinho da Força (SD-SP), um dos mais ativos organizadores das "marchas" golpistas pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

Num dos seus depoimentos ao juiz-carrasco Sérgio Moro, o dono da UTC afirmou que pagou propina ao presidente licenciado da Força Sindical para evitar greves em canteiros de obras da construtora. Na mesma delação, ele também incluiu o nome do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). A Folha tucana até registrou a denúncia no final de junho. "Ricardo Pessoa disse, em delação premiada, que fez doações eleitorais aos deputados Luiz Sérgio, atual relator da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras, e Paulinho da Força, ex-presidente da Força Sindical, para evitar greves em obras de suas empresas. O objetivo das doações eleitorais, segundo Pessoa, era garantir o acesso aos congressistas, que são ligados aos movimentos sindicais".

O empresário descreveu a paralisação, ocorrida em 2011, na construção da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia. Na ocasião, houve queima de ônibus e a destruição dos canteiros de obras, o que deixou a empreiteira preocupada. A greve também estimulou a mobilização dos operários em outras obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Visando evitar o "efeito dominó", Ricardo Pessoa afirma que fez "doações oficiais" para as campanhas eleitorais dos dois sindicalistas – Luiz Sérgio já foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis (RJ) e prefeito da cidade.

No caso de Paulinho da Força, a doação foi de R$ 500 mil nas eleições de 2012 (quando ele disputou a prefeitura da capital paulista. "Ela foi motivada pelas obras da usina de São Manoel, na divisa entre Pará e Mato Grosso, afirmou o empreiteiro. A licitação da hidrelétrica foi vencida pela Constran, do grupo UTC. Os sindicatos da região são ligados à Força Sindical, berço político de Paulinho e do Solidariedade". Diante das acusações, os dois parlamentares reagiram indignados. Eles alegaram que as doações foram legais. Pronto! Está tudo explicado e não se investiga mais nada – até porque o líder da Força Sindical é hoje um importante aliado da mídia tucana na oposição golpista contra Dilma!

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