Por Altamiro Borges
A Comissão da Verdade e Memória de Pernambuco lançou nesta sexta-feira (16) um documento de leitura obrigatória neste momento em que alguns grupelhos fascistas pedem o retorno dos militares ao poder. Intitulado "Prêmio Nobel da Paz: A atuação da ditadura militar brasileira contra a indicação de dom Helder Câmara", o dossiê de 229 páginas relata como os generais golpistas tentaram impedir que o arcebispo de Olinda e Recife recebesse a premiação internacional nos sombrios anos de 1970. Ele reúne inúmeros depoimentos, ofícios e telegramas que descrevem a violenta perseguição ao líder religioso, respeitado no mundo inteiro por sua dedicação à luta dos explorados e oprimidos.
Os embaixadores brasileiros na Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia receberam do então chefe do Departamento Cultural do Itamaraty, Vasco Mariz, e do secretário-geral, Jorge de Carvalho e Silva, a missão de evitar a homenagem. "Diplomatas trabalharam para convencer os integrantes da Fundação Nobel e a opinião pública europeia de que a premiação traria um 'desconforto ao governo brasileiro', diz Coelho. Em um dos ofícios, do então embaixador do Brasil em Oslo, Jayme de Souza Gomes, admite a existência de um 'programa de ação contra a candidatura do arcebispo de Olinda e Recife'".
Um estudo encomendado pela ditadura sobre as críticas de dom Helder ao capitalismo foi entregue aos membros da Comissão Nobel no Parlamento Norueguês, com um alerta do embaixador Jayme de Souza Gomes. "Uma personalidade brasileira esquerdizante que ataca substancialmente o regime capitalista caso se projete universalmente através do prêmio poderá concorrer para a formação de um ambiente que venha por em risco os capitais estrangeiros", escreveu o serviçal. A sabotagem dos generais golpistas obteve resultados. "Dom Helder foi indicado três anos seguidos e durante todo esse tempo o governo trabalhou objetivamente para evitar a premiação. Isso revela uma área em que pouco se tinha falado da intervenção da ditadura: a diplomacia", comemora Fernando Coelho.
O documento publicado nesta semana serve não apenas como reparação diante de mais um crime da ditadura militar. Ele fará parte do processo de beatificação do religioso, que está em curso na Arquidiocese de Olinda e Recife. O atual arcebispo, dom Fernando Saburido, espera concluir essa fase do processo nos próximos seis meses. "Estamos colhendo tudo sobre dom Helder: cartas, fotos, depoimentos. Já terminamos esse processo aqui no Recife, faltando apenas o Rio de Janeiro, onde ele trabalhou como sacerdote, e em Fortaleza, onde ele nasceu", relatou à Folha. Dom Helder Câmara faleceu em 1999, de parada cardíaca. Este grande brasileiro merece todas as homenagens!
A Comissão da Verdade e Memória de Pernambuco lançou nesta sexta-feira (16) um documento de leitura obrigatória neste momento em que alguns grupelhos fascistas pedem o retorno dos militares ao poder. Intitulado "Prêmio Nobel da Paz: A atuação da ditadura militar brasileira contra a indicação de dom Helder Câmara", o dossiê de 229 páginas relata como os generais golpistas tentaram impedir que o arcebispo de Olinda e Recife recebesse a premiação internacional nos sombrios anos de 1970. Ele reúne inúmeros depoimentos, ofícios e telegramas que descrevem a violenta perseguição ao líder religioso, respeitado no mundo inteiro por sua dedicação à luta dos explorados e oprimidos.
Segundo o dossiê, disponível no site cepedocumento.com.br, a corajosa ação de dom Helder Câmara despertou a atenção de entidades religiosas de vários países. Em 1970 ocorreu sua primeira indicação ao Prêmio Nobel da Paz. Temendo que a sua premiação servisse para denunciar os crimes praticados pela ditadura, com suas prisões, torturas e mortes, os generais trataram de sabotar a indicação. "A gente tinha notícia de que começou a ter uma grande mobilização do governo para impedir que dom Helder recebesse o prêmio, mas não tínhamos como provar. Há dois anos, o trabalho da comissão foi buscar essas provas", afirmou Fernando Coelho, coordenador da Comissão da Memória e Verdade de Pernambuco, que leva o nome de dom Helder Câmara, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.
Os embaixadores brasileiros na Noruega, Suécia, Dinamarca e Finlândia receberam do então chefe do Departamento Cultural do Itamaraty, Vasco Mariz, e do secretário-geral, Jorge de Carvalho e Silva, a missão de evitar a homenagem. "Diplomatas trabalharam para convencer os integrantes da Fundação Nobel e a opinião pública europeia de que a premiação traria um 'desconforto ao governo brasileiro', diz Coelho. Em um dos ofícios, do então embaixador do Brasil em Oslo, Jayme de Souza Gomes, admite a existência de um 'programa de ação contra a candidatura do arcebispo de Olinda e Recife'".
Um estudo encomendado pela ditadura sobre as críticas de dom Helder ao capitalismo foi entregue aos membros da Comissão Nobel no Parlamento Norueguês, com um alerta do embaixador Jayme de Souza Gomes. "Uma personalidade brasileira esquerdizante que ataca substancialmente o regime capitalista caso se projete universalmente através do prêmio poderá concorrer para a formação de um ambiente que venha por em risco os capitais estrangeiros", escreveu o serviçal. A sabotagem dos generais golpistas obteve resultados. "Dom Helder foi indicado três anos seguidos e durante todo esse tempo o governo trabalhou objetivamente para evitar a premiação. Isso revela uma área em que pouco se tinha falado da intervenção da ditadura: a diplomacia", comemora Fernando Coelho.
O documento publicado nesta semana serve não apenas como reparação diante de mais um crime da ditadura militar. Ele fará parte do processo de beatificação do religioso, que está em curso na Arquidiocese de Olinda e Recife. O atual arcebispo, dom Fernando Saburido, espera concluir essa fase do processo nos próximos seis meses. "Estamos colhendo tudo sobre dom Helder: cartas, fotos, depoimentos. Já terminamos esse processo aqui no Recife, faltando apenas o Rio de Janeiro, onde ele trabalhou como sacerdote, e em Fortaleza, onde ele nasceu", relatou à Folha. Dom Helder Câmara faleceu em 1999, de parada cardíaca. Este grande brasileiro merece todas as homenagens!
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