Por Altamiro Borges
Pela "delação premiada", Nestor Cerveró poderá deixar a prisão em 24 de junho, mas deverá devolver aos cofres públicos cerca de R$ 17 milhões, como forma de ressarcimento pelos desvios. Obtido este "perdão", o delator até poderia ter evitado citar FHC - o que lhe garantiria espaços mais generosos na mídia tucana. Mas fez questão de relatar aos investigadores da Lava-Jato que, por orientação do então presidente da Petrobras, Phillipe Reichstul, ele participou diretamente da contratação de uma empresa ligada a Paulo Henrique Cardoso, filho do "príncipe da privataria".
Nestor Cerveró disse que, em 1999 ou 2000, ele negociou com o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, a contratação da firma espanhola Union Fenosa em um projeto da TermoRio, usina termoelétrica operada pela estatal. O acordo com a multinacional já estava quase fechado, mas na última hora quem ficou com o contrato foi a empresa do herdeiro de FHC. A delação é explícita:
“Fernando Antônio Falcão Soares e os dirigentes Union Fenosa acreditavam que o negócio estava acertado, faltando apenas a assinatura para a finalização; que, no entanto, o negócio já estava fechado com uma empresa vinculada ao filho do Presidente da República Fernando Henrique, de nome Paulo Henrique Cardoso; que essa empresa era a PRS Participações; que o negócio havia sido fechado pelo próprio declarante, por. orientação do então presidente da Petrobras Phillippe Reichstul”.
A sólida blindagem do ex-presidente serve, inclusive, para salvar a pele dos seus asseclas. Em março passado, o Supremo Tribunal Federal desarquivou ações por improbidade administrativa contra três ministros tucanos Elas estavam mofando há oito anos, mas o STF foi forçado a admitir um recurso do Ministério Público Federal. As ações envolviam os nomes dos ex-ministros Pedro Malan (Fazenda), José Serra (Planejamento) e Pedro Parente (Casa Civil) - os dois últimos retornaram ao governo por indicação do "interino" Michel Temer, o líder do "golpe dos corruptos".
Nesta semana, o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a retirada do sigilo da "delação premiada" de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras. A mídia privada, mentora do "golpe dos corruptos", só tem dado destaque aos trechos do depoimento contrários à Dilma Rousseff - apesar do delator ter afirmando apenas que "ouviu falar" sobre o seu envolvimento em atos ilícitos. Já o trecho em que o delator afirma categoricamente que o ex-presidente FHC privilegiou o seu filho em negócios com a Petrobras virou notinha de rodapé. Afinal, o grão-tucano é um santo. Como circula na internet, basta pertencer ao PSDB para não ser acusado, julgado e, muito menos, condenado!
Pela "delação premiada", Nestor Cerveró poderá deixar a prisão em 24 de junho, mas deverá devolver aos cofres públicos cerca de R$ 17 milhões, como forma de ressarcimento pelos desvios. Obtido este "perdão", o delator até poderia ter evitado citar FHC - o que lhe garantiria espaços mais generosos na mídia tucana. Mas fez questão de relatar aos investigadores da Lava-Jato que, por orientação do então presidente da Petrobras, Phillipe Reichstul, ele participou diretamente da contratação de uma empresa ligada a Paulo Henrique Cardoso, filho do "príncipe da privataria".
Nestor Cerveró chutou o balde
Nestor Cerveró disse que, em 1999 ou 2000, ele negociou com o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, a contratação da firma espanhola Union Fenosa em um projeto da TermoRio, usina termoelétrica operada pela estatal. O acordo com a multinacional já estava quase fechado, mas na última hora quem ficou com o contrato foi a empresa do herdeiro de FHC. A delação é explícita:
“Fernando Antônio Falcão Soares e os dirigentes Union Fenosa acreditavam que o negócio estava acertado, faltando apenas a assinatura para a finalização; que, no entanto, o negócio já estava fechado com uma empresa vinculada ao filho do Presidente da República Fernando Henrique, de nome Paulo Henrique Cardoso; que essa empresa era a PRS Participações; que o negócio havia sido fechado pelo próprio declarante, por. orientação do então presidente da Petrobras Phillippe Reichstul”.
Ainda sobre o sombrio reinado tucano, em que o "engavetador-geral da República" tratava de abafar todos os escândalos, Nestor Cerveró falou sobre as propinas da Alstom - multinacional que mantém sólidas relações com o tucanato - e sobre a aquisição, pela Petrobras, da empresa Perez Companc, no final de 2002. Em outro trecho da "delação premiada", ele afirma que a aquisição foi estranha, já que a estatal pagou US$ 1 bilhão pela compra. Nestor Cerveró garante que a sinistra transação rendeu uma propina de US$ 100 milhões, "destinada ao governo Fernando Henrique Cardoso".
Diante das revelações, Paulo Henrique Cardoso, o rico empresário filho de FHC, afirmou por meio da sua assessoria que "desconhece a empresa e as pessoas citadas por Cerveró, além de não ter nenhuma relação com os fatos descritos pelo delator". Já o ex-presidente se disse indignado com a repercussão da denúncia. "Notícias veiculadas pela mídia a propósito de delação do senhor Nestor Cerveró sobre o governo FHC não têm qualquer fundamento", afirmou em sua página no Facebook. A mídia tucana, sempre tão complacente, acatou a resposta e deu o caso por encerrado. Será que o juiz Sergio Moro, o justiceiro endeusado pelos "coxinhas", vai convocar o sinistro filho de FHC para depor na Lava-Jato?
E as ações contra ministros tucanos?
A sólida blindagem do ex-presidente serve, inclusive, para salvar a pele dos seus asseclas. Em março passado, o Supremo Tribunal Federal desarquivou ações por improbidade administrativa contra três ministros tucanos Elas estavam mofando há oito anos, mas o STF foi forçado a admitir um recurso do Ministério Público Federal. As ações envolviam os nomes dos ex-ministros Pedro Malan (Fazenda), José Serra (Planejamento) e Pedro Parente (Casa Civil) - os dois últimos retornaram ao governo por indicação do "interino" Michel Temer, o líder do "golpe dos corruptos".
Segundo reportagem do Estadão, as ações questionavam a assistência financeira no valor de R$ 2,9 bilhões dada pelo Banco Central ao Banco Econômico, em dezembro de 1994, assim como outros atos decorrentes da criação, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer) - o programa de socorro aos banqueiros. O caso chegou ao STF em 2002, mas o ministro Gilmar Mendes - sempre ele, o líder do PSDB no Supremo - determinou o arquivamento das ações ajuizadas pelo Ministério Público.
No dia 15 de maio, conforme relato do Estadão, a primeira turma do STF decidiu acolher recurso da Procuradoria-Geral da República contra o entendimento de Gilmar Mendes. O caso, porém, está em segredo de Justiça. Tudo indica que não dará em nada. José Serra e Pedro Parente seguirão impunes, contribuindo com o governo golpista de Michel Temer. Pedro Malan, o criador do Proer, continuará com as milionárias consultorias aos banqueiros. E a mídia chapa-branca, agora ainda mais animada com a publicidade oficial e outras benesses do poder, ficará calada!
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