Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
* Vídeomaker - profissional que se dedica à atividade criativa, utilizando o vídeo (Dicionário Online de Português).
***
Choveu forte sem parar desde o final da noite de quinta-feira, o Tietê e oito córregos transbordaram, São Paulo parou. Com semáforos apagados e ruas inundadas, o trânsito virou um caos e carros amanheceram encalhados nas marginais.
Às vésperas de completar 100 dias no comando da cidade, em meio a uma maratona de entrevistas (nesta sexta, às 9 da noite, estará no Jornal da Record News) o prefeito paulistano João Doria enfrenta seu primeiro teste para valer.
Até aqui, o empresário de eventos e apresentador de TV pode implantar sem maiores atropelos alguns dos projetos apresentados na campanha, como o "Corujão da Saúde" e o "Cidade Linda", multiplicando suas ações numa bem azeitada máquina montada nas redes sociais.
Sem iniciar ou inaugurar nenhuma grande obra nem melhorar a mobilidade urbana, o grande gargalo da metrópole, nestes primeiros três meses, em que a sua popularidade não parou de subir, Doria se transformou, acima de tudo, num fenômeno de marketing.
Posando de gari, faxineiro ou cadeirante, apagou pichações com as próprias mãos, tudo devidamente gravado em áudio e vídeo, a qualquer hora do dia ou da noite, para alimentar os seus vários canais de interação na internet.
Para não perder nada, o prefeito mantem sempre a seu lado um "personal paparazzi", que ele paga com dinheiro do próprio bolso, como revelaram em fevereiro os repórteres Silvia Amorim e Tiago Dantas, de "O Globo".
Três profissionais se revezam na função, sob a coordenação de Daniel Braga, que iniciou esse trabalho assim que João Doria resolveu ser candidato a candidato a prefeito pelo PSDB, ainda em meados de 2015.
Naquela época, quando tinha 125 mil seguidores no Facebook, seus posts conseguiam no máximo 200 curtidas ou 300 compartilhamentos, números que foram multiplicados por mil desde que assumiu o cargo de prefeito.
Em meados de fevereiro, os seguidores já eram 1,8 milhão, chegando a atingir 23 milhões de internautas por semana, tornando-o "o maior influenciador em língua portuguesa do mundo", segundo seus assessores.
Nestes tempos de pós-verdade, em que as mídias sociais ocuparam o lugar da política e da imprensa, e Donald Trump governa o maior país do mundo pelo twitter, Doria tornou-se o primeiro prefeito videomaker da cidade, mas ele rejeita comparações com o presidente americano.
"Não tenho nenhuma identidade com ele. Agradeço, mas declino da comparação", disse o prefeito em entrevista ao programa "Roda Viva", logo depois de ser eleito no ano passado.
Doria pode não gostar das semelhanças, mas procura-se no establishment brasileiro um homólogo com o mesmo perfil "gestor e apolítico" do tuiteiro Trump, também empresário de sucesso, guardando-se as devidas proporções.
Lembram sempre que os dois foram apresentadores do reality-show "O Aprendiz", entre outras coincidências.
O fato é que João Doria, desde o dia da sua surpreendente e inédita vitória em primeiro turno nas eleições do ano passado, não desceu mais do palanque eletrônico, como se fosse ainda candidato. A quê?
Embora negue todo dia que possa ser candidato a presidente da República ou governador de São Paulo, antes de completar o mandato de quatro anos na Prefeitura, e jure de pés juntos que seu candidato é o padrinho Geraldo Alckmin, Doria sabe que o destino está nas mãos das próximas pesquisas e da Lava Jato.
Se continuar despontando à frente de outros tucanos para 2018, o PSDB não terá outra escolha e só lhe restará fazer um apelo irrecusável para aceitar a candidatura.
Tudo, claro, sujeito a chuvas e trovoadas, como vimos nesta madrugada caótica em São Paulo.
Por via das dúvidas, o governador Alckmin também já abandonou a gravata e começou a frequentar as redes sociais.
* Vídeomaker - profissional que se dedica à atividade criativa, utilizando o vídeo (Dicionário Online de Português).
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Choveu forte sem parar desde o final da noite de quinta-feira, o Tietê e oito córregos transbordaram, São Paulo parou. Com semáforos apagados e ruas inundadas, o trânsito virou um caos e carros amanheceram encalhados nas marginais.
Às vésperas de completar 100 dias no comando da cidade, em meio a uma maratona de entrevistas (nesta sexta, às 9 da noite, estará no Jornal da Record News) o prefeito paulistano João Doria enfrenta seu primeiro teste para valer.
Até aqui, o empresário de eventos e apresentador de TV pode implantar sem maiores atropelos alguns dos projetos apresentados na campanha, como o "Corujão da Saúde" e o "Cidade Linda", multiplicando suas ações numa bem azeitada máquina montada nas redes sociais.
Sem iniciar ou inaugurar nenhuma grande obra nem melhorar a mobilidade urbana, o grande gargalo da metrópole, nestes primeiros três meses, em que a sua popularidade não parou de subir, Doria se transformou, acima de tudo, num fenômeno de marketing.
Posando de gari, faxineiro ou cadeirante, apagou pichações com as próprias mãos, tudo devidamente gravado em áudio e vídeo, a qualquer hora do dia ou da noite, para alimentar os seus vários canais de interação na internet.
Para não perder nada, o prefeito mantem sempre a seu lado um "personal paparazzi", que ele paga com dinheiro do próprio bolso, como revelaram em fevereiro os repórteres Silvia Amorim e Tiago Dantas, de "O Globo".
Três profissionais se revezam na função, sob a coordenação de Daniel Braga, que iniciou esse trabalho assim que João Doria resolveu ser candidato a candidato a prefeito pelo PSDB, ainda em meados de 2015.
Naquela época, quando tinha 125 mil seguidores no Facebook, seus posts conseguiam no máximo 200 curtidas ou 300 compartilhamentos, números que foram multiplicados por mil desde que assumiu o cargo de prefeito.
Em meados de fevereiro, os seguidores já eram 1,8 milhão, chegando a atingir 23 milhões de internautas por semana, tornando-o "o maior influenciador em língua portuguesa do mundo", segundo seus assessores.
Nestes tempos de pós-verdade, em que as mídias sociais ocuparam o lugar da política e da imprensa, e Donald Trump governa o maior país do mundo pelo twitter, Doria tornou-se o primeiro prefeito videomaker da cidade, mas ele rejeita comparações com o presidente americano.
"Não tenho nenhuma identidade com ele. Agradeço, mas declino da comparação", disse o prefeito em entrevista ao programa "Roda Viva", logo depois de ser eleito no ano passado.
Doria pode não gostar das semelhanças, mas procura-se no establishment brasileiro um homólogo com o mesmo perfil "gestor e apolítico" do tuiteiro Trump, também empresário de sucesso, guardando-se as devidas proporções.
Lembram sempre que os dois foram apresentadores do reality-show "O Aprendiz", entre outras coincidências.
O fato é que João Doria, desde o dia da sua surpreendente e inédita vitória em primeiro turno nas eleições do ano passado, não desceu mais do palanque eletrônico, como se fosse ainda candidato. A quê?
Embora negue todo dia que possa ser candidato a presidente da República ou governador de São Paulo, antes de completar o mandato de quatro anos na Prefeitura, e jure de pés juntos que seu candidato é o padrinho Geraldo Alckmin, Doria sabe que o destino está nas mãos das próximas pesquisas e da Lava Jato.
Se continuar despontando à frente de outros tucanos para 2018, o PSDB não terá outra escolha e só lhe restará fazer um apelo irrecusável para aceitar a candidatura.
Tudo, claro, sujeito a chuvas e trovoadas, como vimos nesta madrugada caótica em São Paulo.
Por via das dúvidas, o governador Alckmin também já abandonou a gravata e começou a frequentar as redes sociais.
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