Por Dayane Santos, no site Vermelho:
Discutir um projeto nacional de desenvolvimento em novas bases para a reconstrução do Brasil. Esse foi o objetivo da Fundação Maurício Grabois na realização do seminário “Desafios para a Retomada do Desenvolvimento Nacional”, realizado em São Paulo, nesta sexta-feira (23).
Na abertura, o presidente da Fundação, Renato Rabelo, destacou a importância do debate para aprofundar o diálogo em torno de um projeto nacional de desenvolvimento que tenha a soberania nacional como centro.
Renato frisou ainda que o seminário é resultado do manifesto lançado em fevereiro, intitulado "Unidade para Reconstruir o Brasil", assinado pelas cinco fundações vinculadas ao PCdoB, PT, PDT, PSB e Psol, que foi” um passo importante da busca do diálogo”.
“O manifesto tem sido o ponto de partida para o diálogo e convergência no sentido de criar um lastro programático como contribuição dessas fundações aos seus respectivos partidos”, salientou.
Luiz Fernandes, cientista político e ex-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos do de Fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep), foi o moderador da primeira mesa de debates. Ele destacou que uma das particularidades dos palestrantes, que além de ser referências nas suas áreas de pesquisa sobre o tema do desenvolvimento nacional, também são intelectuais que, ou assumiram a execução de políticas públicas vinculadas ao desenvolvimento nacional, ou tiveram interação muito próxima com o governo no desenho, execução, monitoramento ou avaliação das políticas públicas nessa área.
“Queremos com o seminário recolher subsídios que nos permitam retomar um caminho que foi interrompido e desmontado em um curtíssimo período de tempo. O seu desmonte está gerando um retrocesso amplo na sociedade, implicando numa posição de subordinação e dependência do nosso país diante de poderes que são decadentes no sistema internacional do século 21”, afirmou Fernandes.
Segundo ele, o desafio diante desse quatro de retrocessos, “é retomar o caminho interrompido, corrigindo erros e equívocos na experiência de governo que tivemos no Brasil”.
“Essa discussão certamente servirá para se transformar num polo de reunificação das forças de esquerda, democráticas e nacionais de nosso país”, defendeu.
Desindustrialização
A professora de economia da Universidade Estadual d Maringá, Eliane Araújo, abriu a primeira mesa de debates. Com gráficos e planilhas detalhadas, Eliana apontou como o país vem regredindo no padrão de participação do Produto Interno Bruto, comparado com países desenvolvidos.
Ela apontou três causas principais para esse quadro: a instabilidade macroeconômica recorrente, com uma inflação e taxas de juros altas, além de uma tendência a supervalorização da taxa de câmbio; o desequilíbrio fiscal que se manifesta pelo aumento da carga tributária e despesa primária; e a desindustrialização que impede o desenvolvimento.
Sobre a desindustrialização, Eliana destacou que o impacto é significativo no PIB. “Temos observado que a indústria brasileira vive um processo de desindustrialização precoce que acaba comprometendo o crescimento econômico de longo prazo”, disse.
“A China e o leste asiático tem aumentado a participação da indústria no PIB. Os países desenvolvidos mantiveram a participação ao longo dos anos, apesar da redução do emprego industrial. Mas os países da América Latina registram uma tendência declinante”, completou.
Projeto de classe
O diplomata e ex-ministro para Assuntos Estratégicos (2009 a 2010), Samuel Pinheiro Guimarães foi o segundo palestrante. Ele salientou que existe uma diferença entre crescimento e desenvolvimento.
“Crescimento é o aumento do PIB que pode redundar da utilização da capacidade ociosa. Se amanhã reduzir o número de desempregados, aumenta o PIB. O que não significa que está havendo desenvolvimento”, detalhou.
Para ele, o país tem diversas disparidades em diferentes setores. “Disparidades políticas, culturais, sociais, etc. Outra característica é o subdesenvolvimento dos fatores de produção, do trabalho, do capital e dos recursos naturais”, frisou.
Segundo ele, a direita tem um projeto para o país estabelecido pela “classe que representa 1% ou talvez 2% da população”.
“O projeto deles e que está em curso tem certas premissas como por exemplo, a inflação que é a questão central brasileira para eles. O resto, emprego, renda, industrialização, tudo isso é irrelevante. Por que? A inflação afeta os valores dos ativos e títulos públicos. Compra por R$ 100,00, se houver inflação reduz o valor”, afirmou.
E acrescenta: “Outra premissa é que o Estado é o culpado pela inflação, como regulador e investidor. Para eles, a iniciativa privada é capaz de resolver qualquer desafio brasileiro. Mas a inciativa privada estrangeira é melhor do que a brasileira. Está aí o programa de privatização e desnacionalização”.
Bancos públicos
Por fim, o economista Frederico Mazzucchelli destacou que o fortalecimento do Estado é pré-condição para qualquer projeto nacional de desenvolvimento.
"Fortalecimento das instâncias de planejamento que foram destruídas ao longo dos anos”, destacou Frederico, reforçando que o fortalecimento dos bancos públicos também tem papel relevante, “pois sem eles não há desenvolvimento”.
Discutir um projeto nacional de desenvolvimento em novas bases para a reconstrução do Brasil. Esse foi o objetivo da Fundação Maurício Grabois na realização do seminário “Desafios para a Retomada do Desenvolvimento Nacional”, realizado em São Paulo, nesta sexta-feira (23).
Na abertura, o presidente da Fundação, Renato Rabelo, destacou a importância do debate para aprofundar o diálogo em torno de um projeto nacional de desenvolvimento que tenha a soberania nacional como centro.
Renato frisou ainda que o seminário é resultado do manifesto lançado em fevereiro, intitulado "Unidade para Reconstruir o Brasil", assinado pelas cinco fundações vinculadas ao PCdoB, PT, PDT, PSB e Psol, que foi” um passo importante da busca do diálogo”.
“O manifesto tem sido o ponto de partida para o diálogo e convergência no sentido de criar um lastro programático como contribuição dessas fundações aos seus respectivos partidos”, salientou.
Luiz Fernandes, cientista político e ex-presidente da Financiadora de Estudos e Projetos do de Fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação (Finep), foi o moderador da primeira mesa de debates. Ele destacou que uma das particularidades dos palestrantes, que além de ser referências nas suas áreas de pesquisa sobre o tema do desenvolvimento nacional, também são intelectuais que, ou assumiram a execução de políticas públicas vinculadas ao desenvolvimento nacional, ou tiveram interação muito próxima com o governo no desenho, execução, monitoramento ou avaliação das políticas públicas nessa área.
“Queremos com o seminário recolher subsídios que nos permitam retomar um caminho que foi interrompido e desmontado em um curtíssimo período de tempo. O seu desmonte está gerando um retrocesso amplo na sociedade, implicando numa posição de subordinação e dependência do nosso país diante de poderes que são decadentes no sistema internacional do século 21”, afirmou Fernandes.
Segundo ele, o desafio diante desse quatro de retrocessos, “é retomar o caminho interrompido, corrigindo erros e equívocos na experiência de governo que tivemos no Brasil”.
“Essa discussão certamente servirá para se transformar num polo de reunificação das forças de esquerda, democráticas e nacionais de nosso país”, defendeu.
Desindustrialização
A professora de economia da Universidade Estadual d Maringá, Eliane Araújo, abriu a primeira mesa de debates. Com gráficos e planilhas detalhadas, Eliana apontou como o país vem regredindo no padrão de participação do Produto Interno Bruto, comparado com países desenvolvidos.
Ela apontou três causas principais para esse quadro: a instabilidade macroeconômica recorrente, com uma inflação e taxas de juros altas, além de uma tendência a supervalorização da taxa de câmbio; o desequilíbrio fiscal que se manifesta pelo aumento da carga tributária e despesa primária; e a desindustrialização que impede o desenvolvimento.
Sobre a desindustrialização, Eliana destacou que o impacto é significativo no PIB. “Temos observado que a indústria brasileira vive um processo de desindustrialização precoce que acaba comprometendo o crescimento econômico de longo prazo”, disse.
“A China e o leste asiático tem aumentado a participação da indústria no PIB. Os países desenvolvidos mantiveram a participação ao longo dos anos, apesar da redução do emprego industrial. Mas os países da América Latina registram uma tendência declinante”, completou.
Projeto de classe
O diplomata e ex-ministro para Assuntos Estratégicos (2009 a 2010), Samuel Pinheiro Guimarães foi o segundo palestrante. Ele salientou que existe uma diferença entre crescimento e desenvolvimento.
“Crescimento é o aumento do PIB que pode redundar da utilização da capacidade ociosa. Se amanhã reduzir o número de desempregados, aumenta o PIB. O que não significa que está havendo desenvolvimento”, detalhou.
Para ele, o país tem diversas disparidades em diferentes setores. “Disparidades políticas, culturais, sociais, etc. Outra característica é o subdesenvolvimento dos fatores de produção, do trabalho, do capital e dos recursos naturais”, frisou.
Segundo ele, a direita tem um projeto para o país estabelecido pela “classe que representa 1% ou talvez 2% da população”.
“O projeto deles e que está em curso tem certas premissas como por exemplo, a inflação que é a questão central brasileira para eles. O resto, emprego, renda, industrialização, tudo isso é irrelevante. Por que? A inflação afeta os valores dos ativos e títulos públicos. Compra por R$ 100,00, se houver inflação reduz o valor”, afirmou.
E acrescenta: “Outra premissa é que o Estado é o culpado pela inflação, como regulador e investidor. Para eles, a iniciativa privada é capaz de resolver qualquer desafio brasileiro. Mas a inciativa privada estrangeira é melhor do que a brasileira. Está aí o programa de privatização e desnacionalização”.
Bancos públicos
Por fim, o economista Frederico Mazzucchelli destacou que o fortalecimento do Estado é pré-condição para qualquer projeto nacional de desenvolvimento.
"Fortalecimento das instâncias de planejamento que foram destruídas ao longo dos anos”, destacou Frederico, reforçando que o fortalecimento dos bancos públicos também tem papel relevante, “pois sem eles não há desenvolvimento”.
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