Por Ricardo Kotscho, em seu blog:
"O medo nos governa. Essa é uma das ferramentas de que se valem os poderosos, a outra é a ignorância" (Eduardo Galeano).
A campanha acabou, o novo governo já tomou posse, a oposição sumiu, mas o ódio ao PT continua do mesmo tamanho.
Entre fanáticos bolsonaristas e novos aliados de ocasião, é isso que move as redes sociais e inspira discursos dos novos donos do poder.
Ninguém fala dos outros 500 partidos que estão querendo cavar uma boquinha no novo governo.
Qualquer crítica ao bolsonarismo galopante serve de pretexto para bater de novo no PT, em Lula e Dilma, pelo que fizeram ou deixaram de fazer em seus governos.
Teve até um jornalista de Brasília, que não conheço e já esqueci o nome, capaz de escrever que o tratamento dado aos jornalistas no governo de Lula foi pior do que agora.
Chamo o testemunho de centenas de colegas que conviveram comigo durante dois anos no Palácio do Planalto e nas viagens presidenciais, quando eu era secretário de Imprensa e Divulgação, se alguma vez eles foram submetidos a humilhações como as que vimos terça-feira em Brasilia.
Ao contrário, sempre procurei atender a todos da melhor forma possível, tratando todo mundo com o mesmo respeito, e procurando melhorar suas condições de trabalho na cobertura do Palácio do Planalto.
Nem sempre pude atender aos seus pedidos de entrevista, porque isso não dependia só de mim, mas não privilegiava ninguém, como estão fazendo agora com seus repórteres de estimação, chamados para fazer entrevistas e receber informações exclusivas.
É incrível como as fake news não se referem apenas ao que está acontecendo no momento.
Procuram também reescrever o passado, sem nenhum respeito aos fatos.
Entramos num tempo de realidade virtual que mistura governantes, governados e a imprensa no mesmo bolo, como se todos fossem iguais.
Ou estamos enfrentando um processo de (re)interpretações de textos à vontade do freguês com dificuldades cognitivas, ou é muita má fé, ou as duas coisas juntas.
Não importa mais o que você escreve, mas como querem interpretar as tuas palavras para formular suas teses ou te agredir gratuitamente.
A cada dia, parece que o delírio coletivo avança sem limites, como escreveu aqui no Balaio a psicóloga Eni Gonçalves de Fraga, que procura entender esse comportamento insano dos seguidores da nova ordem, algo que só a psiquiatria pode explicar. .
Dá até medo de escrever qualquer coisa, como bem observou Eduardo Galeano, em outros tempos que não eram tão loucos como agora.
Para onde podem nos levar a ignorância, de um lado, e o medo, de outro?
E ainda estamos só no terceiro dia do novo governo.
Vida que segue.
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