sexta-feira, 29 de março de 2019

Fazer frentes, mas com o pé firme no povão!

Por Paulo Henrique Amorim, no blog Conversa Afiada:

O excelente governador do Maranhão, o comunista Flávio Dino, se lembrou de Mao Tse-Tung, quando precisou derrotar os japoneses: se aliou ao agente do imperialismo Chiang Kai-Shek.

Mao também dizia que o importante era descobrir qual a contradição principal e a secundária.

Sim, disse Dino.

Se a gente soubesse quais são não estávamos aqui, nesse inusitada crise de hoje...

Dino esteve na noite dessa quarta-feira 27/III no Instituto de Mídia Alternativa Barão de Itararé, em São Paulo, onde deu entrevista coletiva a blogueiros sujíssimos (para espanto do Ataulpho Merval, que gostaria de vê-los sumir nos processos do Ministrário Gilmar Mendes).

Vamos resumir o que disse Dino, de forma não literal:

• essa crise é inédita;

• Bolsonaro tem o ethos do nazi-fascismo: privilegia os inimigos - terrorismo, imigrantes, corruptos, vermelhos, LGBTs;

• ele dialoga internacionalmente, como prova a relação com Steve Bannon;

• outra prova: a tentativa de comemorar o Golpe de 64;

• ele tem também o ethos do autoritarismo, com a perspectiva autoritária - Mussolini invocava um passado glorioso e se comparava a César;

• faz parte disso sufocar o sindicalismo, não só o de Vargas, mas também o "novo sindicalismo" de Lula;

• acirrar a separação de ricos e pobres;

• a Reforma da Previdência tem um "núcleo intangível": a destruição da previdência pública pela capitalização;

• os que no Congresso combatem o BPC, a aposentadoria rural do Guedes se calam sobre o cerne da questão: a capitalização!;

• não há política externa: não se via coisa igual desde quando Juracy Magalhães em 1964 disse que o que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil;

• o que fazer? Não cabe interpretar o mundo, mas transformá-lo, dizia um barbudo;

• a escalada da anomia vem desde a jornada de 2013, que começou como uma questão da tarifa de ônibus em São Paulo e foi rapidamente capturada pela Globo;

• o "centrão" são escombros da Democracia dos anos 80;

• temos que bancar a legalidade democrática;

• não podemos descartar a possibilidade de uma ruptura, porque muita gente deseja, aqui e lá fora;

• com tanques ou com um Golpe no Congresso e no Judiciário, cúmplices;

• por isso, temos que defender a Legalidade, contra os centros de poder do Imperialismo;

• eles querem fazer aqui o que ainda não fizeram na Venezuela;

• outro ponto central no "o que fazer" é lutar por Lula livre;

• não se pode secundarizar o lulismo!;

• o lulismo é a base de uma futura governança progressiva;

• mesmo que, depois, dialeticamente, seja preciso revisá-lo;

• o Brasil tem dois eixos centrais de progresso: trabalhismo e lulismo;

• não podemos expurgar o Ciro!;

• discordo dele pessoalmente e em público: defendi a candidatura do Haddad até o último momento;

• Ciro é uma liderança do nosso campo!;

• Piauí, Maranhão e Bahia, nessa ordem, deram as maiores vitórias ao Haddad;

• dos 277 prefeitos do Maranhão, 210 estavam com Haddad!;

• na campanha, num caminhão, o Haddad se impressionou com o entusiasmo de um prefeito: "incrível esse prefeito petista", ele disse. "Só que ele é do PP", respondeu Dino;

• quando fizemos a reunião com o Haddad, Boulos, Ricardo e Guajajara sugeri chamar o Ciro para a próxima reunião e o primeiro a concordar foi o Haddad!;

• a alternativa a essa reforma da previdência é lutar por uma reforma fiscal, reforma dos tributos;

• não podemos ficar só "não concordo";

• a saída não é o suposto trilhão do Guedes;

• temos que combater o nacionalismo de uma só Nação, os EUA;

• a Merkel tomou providências para defender a indústria alemã e ninguém chamou ela de vermelha;

• o viralatismo ganhou a narrativa. Temos que construir uma nova narrativa, baseada no "povo brasileiro", do Darci Ribeiro!;

• a disputa tem que ser política e simbólica;

• é preciso ter flexibilidade tática;

• senão, vamos ganhar as hashtags e perder na vida real;

• se tudo o que é solido se desmancha no ar, as hashtags não são sequer sólidas...;

• fazer frentes amplas e conversar com todos os que defendem a legalidade democrática;

• frentes amplas ancoradas no povão, pé firme, no povão;

• o que é a fila no Anhangabaú? É o desespero;

• e isso é perigoso! Numa ambiente com 2 milhões de desempregados, esse desespero pode ser levado pela Direita;

• o Consórcio dos Governadores do Nordeste é para defender políticas públicas e combater a desigualdade regional e entre clases;

• se existe mão invisível do mercado, os juristas são a mão visível do mercado;

• quero um Judiciário sem Partido!;

• Eles não querem uma escola sem partido? O Judiciário e o Ministério Público, meus ex-colegas compactuaram com o Golpe - sem apoio constitucional - e a prisão do Lula - sem provas!;

• estamos em guerra de movimento, não é luta de classes;

• não temos força para chamar greve geral;

• temos que abrir frentes múltiplas de iniciativas - Brasil Popular, Povo Sem Medo!;

• a base que elegeu o Bolsonaro não era fascista, mas anti-petista;

• o Moro escolheu um por um - ele tinha todos os nomes - para dar o Golpe anti-nacional e anti-popular: ele estava muito bem assessorado...;

• No Maranhão quero construir escolas e bater o record do Brizola, quando governou o Rio Grande do Sul;

• mas é preciso ter fé!

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