terça-feira, 8 de junho de 2021

Militares: Nada de novo no front

Por Leandro Fortes, no Diário do Centro do Mundo:

Em 1975, o Exército aceitou e disseminou a informação que o jornalista Wladimir Herzog, assassinado sob tortura nas dependências do DOI-CODI, em São Paulo, havia se suicidado. De joelho, como mostra a foto do inquérito policial militar, à época.

Apontado como subversivo pela ditadura militar, Herzog, funcionário da TV Cultura, se apresentou voluntariamente à unidade do Exército para dar esclarecimentos sobre sua atuação política. Submetido a choques elétricos e a um espancamento brutal, o jornalista morreu durante o interrogatório.

Em 1981, o Exército aceitou e disseminou a informação que dois militares, o capitão Wilson Dias Machado e o sargento Guilherme Pereira do Rosário, haviam sido vítimas de um ataque terrorista no Centro de Convenções do Riocentro, na Zona Oeste do Rio, onde milhares de pessoas estavam reunidas para um show comemorativo de Primeiro de Maio.

Brasil, uma democracia militarizada

Por Maud Chirio, no site Carta Maior:


Assim que o ex-capitão paraquedista Jair Bolsonaro assumiu a presidência da República, em 1º de janeiro de 2019, a forte tendência militarista de seu governo não atraiu grande atenção dos observadores políticos.

Ela era menos inquietante do que a extrema radicalidade das propostas do então novo presidente, seus apelos à violência e o perfil ultraconservador de alguns dos seus ministros civis, como os críticos ao aquecimento global Ricardo Salles e Ernesto Araújo, respectivamente ministros do Meio Ambiente e das Relações Exteriores.

Este último, fiel trumpista e discípulo do pseudo-filósofo de extrema direita, Olavo de Carvalho, compõe o que os jornalistas chamam de “ala ideológica” do governo, a mais inclinada às teorias da conspiração, à ruptura com o ambiente internacional e à designação de inimigos dentro de uma chamada “guerra cultural” que os bolsonaristas pretendem travar.

Um deserto chamado Brasil?

Por Frei Betto, em seu site:


A data de 5 de junho comemora o Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente. O que celebrar em nosso país se, em 2019, foram desmatados no Brasil 1.218.708 hectares (12.187 km²), sendo que 63% na Amazônia, segundo o Relatório Anual do Desmatamento do MapBiomas 2020.

É considerado desmatamento a supressão total ou quase total da vegetação nativa. Portanto, o conceito não inclui derrubada de árvores isoladas ou queimadas para aberturas de roças.

A Amazônia Legal perdeu 64 km² de área de florestas entre março de 2020 e março de 2021 – aumento de 156%. Principais causas: impunidade aos crimes ambientais, abertura de pastos, extração de madeira, mineração, garimpo e grilagem ilegais em terras do poder público.

Bolsonaro e o falso discurso de incorruptível

Políticas sociais x desmonte da proteção

A economia vai bem, mas o povo vai mal

Eletrobras: Maior golpe da história do Brasil

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Amado Batista já pagou sua dívida ambiental?

Copa América: Bolsonarismo ocupa a CBF!

Bolsonaro e o Marco Civil da Internet

Comandante do Exército agiu com prudência

Por Vivaldo Barbosa, no site Brasil-247:


Acostumado a remar contra marés temporárias, passageiras, que atingem até setores lúcidos e progressistas, desde os tempos que trabalhava de perto com Leonel Brizola, afirmo o seguinte: o Comandante do Exército agiu com prudência.

A maré de opinião de muitos setores cobra punição ao general, sem o que a disciplina e hierarquia teriam ficado irremediavelmente comprometidas.

A lei e os regulamentos não devem ser sempre aplicados em uma linha reta.

É claro que esse general fez muito mal ao Exército, deixou o Comandante mal, prejudicou até o Bolsonaro. Nunca deveria ter feito o que fez.

Nem ele nem Bolsonaro.

Acontece que, se o Comandante o pune, estaria igualmente punindo o Presidente.

Pois Bolsonaro o levou para o caminhão, o abraçou, passou o microfone a ele, com sua costumeira irresponsabilidade. E o Presidente da República é o Comandante em Chefe do Exército.

A impunidade de Eduardo Pazuello

Por Luis Felipe Miguel, no site A terra é redonda:


A impunidade de Pazuello é um indicador poderoso da posição dos militares e da complexidade da conjuntura política no Brasil para quem sonha com a restauração do caminho democrático.

Dissipa-se de vez a ilusão de que os generais podem servir de freio a Bolsonaro.

Para não brigar com ele, assumiram um vexame homérico: aceitar a desculpa esfarrapada de um general embusteiro, num caso que atraiu os olhares de toda a nação, avacalhando de vez a hierarquia (que, segundo o discurso oficial, seria a marca distintiva dos militares) e escancarando a partidarização dos quartéis.

Para Bolsonaro, que cultiva hoje, como cultivou no passado, a agitação política do baixo oficialato, é uma vitória e tanto.

Seus adeptos mais aguerridos ganharam carta branca para fazer o que bem entenderem. Para o generalato covarde, é a absoluta desmoralização.

A arma na parede de Bolsonaro

Foto: Reprodução
Por Eugênio Aragão, no Diário do Centro do Mundo:

É do teatrólogo russo Anton Chekov a frase célebre “se for, no primeiro ato, pendurar, na parede, uma pistola, no último, deve-se atirar com ela – do contrário, não a pendure.”

Bolsonaro pendurou, desde seu primeiro dia no governo, a pistola na parede.

Ameaçou o STF, homenageou um torturador, afrouxou as regras de aquisição e posse de armas pela população, participou de atos públicos contra o Congresso e o judiciário e, dentre outras bazófias, prenunciou não aceitar o resultado das eleições presidenciais de 2022, se ele não for eleito.

Ninguém pode dizer que não viu a pistola dependurada.

Todos os dias fomos assaltados com o discurso ameaçador e disruptivo do presidente da república.

Seu mandato tem sido exercido com improbidades e indecoro a rodo. Não pode ter passado desapercebido.

E no Brasil, vai ter Copa América!

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Neofascismo: o que é e onde surgiu?

The Economist e o Cristo Redentor sem ar

Por Altamiro Borges

A imagem de Jair Bolsonaro no mundo está cada dia pior. A revista britânica The Economist, considerada uma bíblia da cloaca financeira internacional, estampou na capa da semana passada a estátua do Cristo Redentor sem ar, respirando com uma máscara de oxigênio. Em um dos vários artigos dessa edição especial sobre o Brasil, uma afirmação peremptória: “A prioridade mais urgente é tirá-lo pelo voto” em 2022.

Diferentemente de parte da mídia nativa, que ainda nutre ilusões sobre a possibilidade de “civilizar” o fascista no poder, a conclusão da revista é que “será difícil mudar o rumo do Brasil enquanto [Bolsonaro] for presidente”. O caderno especial com dez páginas, organizado pela correspondente Sarah Maslin, aborda temas como economia, corrupção e Amazônia.

domingo, 6 de junho de 2021

Amazônia desmatada. Salles "passa a boiada”

Por Altamiro Borges

Apesar do cerco que sofre de todos os cantos, nacionais e internacionais – inclusive sob o risco de ter em breve a sua prisão decretada –, o ministro Ricardo Salles segue “passando a boiada” da devastação ambiental. Na sexta-feira (4), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou dados que comprovam que o desmatamento na Amazônia Legal em maio foi o maior registrado desde 2016, quando a série histórica teve início.

Foi o terceiro mês seguido de recorde de destruição da floresta em 2021. Em 28 dias, a devastação atingiu a marca de 1.180 km² - um aumento de 41% em relação ao mesmo mês de 2020. Desde o início da operação do satélite Deter-B do Inpe, é a primeira vez que esse número ultrapassa 1.000 km² no mês.