sexta-feira, 28 de abril de 2017

Da escravidão à reforma trabalhista

Por Pedro Paulo Zahluth Bastos, na revista CartaCapital:

A reforma trabalhista que autoriza o vale-tudo nos contratos de trabalho foi aprovada na Câmara de Deputados com o recurso previsível a argumentos neoliberais. Vários deputados alegaram ser preciso reinstituir o livre-mercado nas relações trabalhistas, pois as leis existentes protegeriam em excesso o vendedor da jornada de trabalho e diminuiriam o incentivo aos compradores de mão-de-obra. No fim, o aumento da demanda favoreceria os trabalhadores: a reforma trabalhista seria para o próprio bem deles.

No louvor às virtudes do livre-mercado, este discurso é muito semelhante àquele dos traficantes e proprietários de escravos brasileiros no século XIX. Os primeiros reclamavam das pressões inglesas para fechar um mercado como outro qualquer: o do corpo negro. Os segundos exigiram até indenização do Império por intervir na esfera da livre propriedade privada em 1888, embora talvez soubessem que o tipo de greve geral da época, a fuga massiva de escravos, exigia a abolição para preservar a mão-de-obra no campo. Em 1887, o Clube Militar anunciara a recusa do Exército a caçar e capturar os escravos que fugiam em massa.

O golpismo brinca com fogo

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil (12/5/16)
Por Gilberto Maringoni, em seu blog:

Michel Temer, João Doria e outros meliantes estão indo com muita sede ao pote para esmagar o povo brasileiro. Podem se dar mal.

Desde a República Velha, nenhum governo rompeu laços com o movimento sindical. Nem mesmo as ditaduras ou os governos neoliberais anteriores.

As duas gestões de Getúlio Vargas – que criou a CLT – tiveram no movimento dos trabalhadores – mesmo buscando mantê-lo sob controle – importante base de articulação e apoio. A criação do PTB, em 1945, teve o papel de se contrapor ao PCB nas disputas sindicais.

O desemprego e a "retomada" do Temer

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:


O IBGE divulgou hoje os números do desemprego.

E, para variar, subiu.

F foi a maior taxa de desocupação da série histórica da pesquisa, iniciada no primeiro trimestre de em 2012.

Segundo o Instituto, o número de pessoas desocupadas chegou a 14,2 milhões, recorde da série histórica. O aumento desta legião de desempregados foi de 14,9% (mais 1,8 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e 27,8% (mais 3,1 milhões de pessoas em busca de trabalho) em relação ao mesmo trimestre de 2016.

O lançamento do Projeto Brasil Nação

A greve geral bate à porta da História

Hoje em Belo Horizonte. Foto: Fotos: Isis Medeiros/Jornalistas Livres
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A julgar por todas as informações disponíveis, inclusive no Planalto, no final do dia será possível ter uma dimensão exata dos efeitos da greve geral na evolução política do país.

Na madrugada de 28 de abril, quando publico estas linhas, já é possível reconhecer sinais importantes sobre a jornada de hoje, que anunciam o mais amplo esforço até aqui dos brasileiros e brasileiras para enfrentar o retrocesso político iniciado pela encenação parlamentar - a expressão é de Joaquim Barbosa - que afastou Dilma Rousseff e abriu as portas para o mais violento ataque violento e a seus direitos desde a unificação da Previdência Social e da CLT, há mais de 70 anos.

Cantanhêde e o nome do marido na Lava-Jato

Eliane e Gilnei Rampazzo (à dir.), da GW Comunicação, em lançamento de livro
Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A não ser que jornalistas estejam acima da lei, Eliane Cantanhêde, colunista da GloboNews e do Estadão, deve explicações a seu público.

A empresa do marido Gilnei Rampazzo, a GW Comunicação, é citada na Lava Jato pelo delator Benedicto Júnior, o BJ, o mesmo que falou do esquema de Aécio Neves na Cidade Administrativa de Minas Gerais.

Benedicto entregou aos investigadores uma planilha na qual listou as obras no Estado de São Paulo em que houve propina.

Na mídia oficial, a verdade entrou em greve

Foto: Katia Passos e Cecília Bacha/Jornalistas Livres
Por Leandro Pedrosa, no site Jornalistas Livres:

10h45, na TV. Fala o apresentador: “Aos poucos, tudo vai se normalizando em São Paulo. O transporte já está funcionando. Vamos saber ao vivo como está a situação nas estações de trem”.

Repórter: “Vamos falar com um passageiro”.

Passageiro: “Poxa, vi na televisão e ouvi no rádio que já tinha trem e vim prá cá. Cheguei há meia hora e tá tudo parado.”

Greve geral e a explosão do desemprego

Foto: Jornalistas Livres
Por Altamiro Borges

Neste 28 de abril, dia da histórica greve geral que parou o Brasil, o IBGE divulgou os dados oficiais sobre a taxa de desemprego no país. Eles confirmam a justeza da paralisação nacional. Segundo o instituto, a política econômica genocida praticada pela quadrilha de Michel Temer resultou em um novo recorde de desocupação: 14,2 milhões de brasileiros estão sem trabalho. Nos três primeiros meses deste ano, a taxa de desemprego ficou em 13,7% da População Economicamente Ativa (PEA). É a maior da série histórica do IBGE. Na comparação com o último trimestre de 2016, o contingente de pessoas sem emprego pulou de 12,3 milhões para 14,2 milhões. Esta desgraceira, agravada pelo "golpe dos corruptos" que depôs a presidenta Dilma Rousseff, explica o clima de revolta e indignação na sociedade. Ela dá plena razão aos trabalhadores que aderiram à greve geral.

Globo, marchas golpistas e a greve geral

Montagem das fotos: Jornalistas Livres
Por Altamiro Borges

Como ensinou o mestre Perseu Abramo, a manipulação informativa não consiste apenas em mentir. A mídia mente, também. Mas ela utiliza técnicas mais refinadas. Ela realça o que lhe interessa e omite o que não lhe interessa. Nas marchas golpistas pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2015 e 2016, a TV Globo garantiu todos os holofotes aos manifestantes "coxinhas" que foram às ruas convocados por organizações fascistas e sinistras. Na prática, o império midiático da famiglia Marinho foi o grande líder e organizador dos protestos, manipulando e seduzindo milhares de "midiotas". Já agora, na greve geral convocada pelas centrais sindicais, a TV Globo fez de tudo para ofuscar a preparação do protesto dos trabalhadores por seus direitos. Como não dá para esconder totalmente a realidade, na manhã desta histórica sexta-feira, 28 de abril, a emissora procurou criminalizar os grevistas.


quinta-feira, 27 de abril de 2017

Lançamento do Manifesto Projeto Brasil Nação

A amplitude do "Projeto Brasil Nação"

Por Altamiro Borges

Diante da acelerada devastação do país promovida pela quadrilha que assaltou o Palácio do Planalto, um grupo de intelectuais, liderado pelo economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, produziu o manifesto “Projeto Brasil Nação”, que será lançado nesta quinta-feira (27), na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O texto é resultado de sete reuniões e de várias conversas bilaterais que aprofundaram o diagnóstico sobre a grave crise nacional e que visaram produzir uma plataforma para a superação das atuais dificuldades. O manifesto é uma importante contribuição para a criação urgente de uma ampla frente, que reúna os setores democráticos e patrióticos, em defesa da nação brasileira – hoje ameaçada pela regressão patrocinada pelo Judas Michel Temer.

Avisa lá que dia 28 eu vou parar!

Datena e Junho de 2013, Veja e Greve Geral

Por Renato Rovai, em seu blog:

Um dos marcos de que as manifestações de junho de 2013 não eram algo de grupelhos, mas que tinham apelo popular foi uma enquete realizada pelo apresentador Datena, na TV Bandeirantes.

Ele perguntou se as pessoas eram favor ou contra os atos contra o aumento da passagem de ônibus, os famosos 20 centavos. E sua audiência começou a votar que sim.

Do alto de sua arrogância, Datena xingou todo mundo e mandou a produção modificar a questão pois, no seu entendimento, o público não havia entendido a pergunta.

MPF foi vítima da caça às bruxas da Lava-Jato

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O Ministério Público Federal sentiu na própria pele os resultados das libidinagens da Lava Jato com a mídia, a irresponsabilidade dos ataques generalizantes e dos assassinatos de reputação.

Esta semana a vítima foi o Ministério Público Federal; o algoz, o Procurador Geral da República.

Cena 1 – a defesa cega da Lava Jato

O Estadão foi definitivo: "Sabotagem contra a Lava Jato" (https://goo.gl/7LhRCO). E um subtítulo tão radical quanto uma sentença do Juiz Sérgio Moro: "Quem quiser identificar um foco de sabotagem contra a Lava Jato basta olhar para o Ministério Público Federal".

Os lobistas da "reforma" trabalhista

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
Por Alline Magalhães, Breno Costa, Lúcio Lambranho e Reinaldo Chaves, no site The Intercept-Brasil:

Lobistas de associações empresariais são os verdadeiros autores de uma em cada três propostas de mudanças apresentadas por parlamentares na discussão da Reforma Trabalhista. Os textos defendem interesses patronais, sem consenso com trabalhadores, e foram protocolados por 20 deputados como se tivessem sido elaborados por seus gabinetes. Mais da metade dessas propostas foi incorporada ao texto apoiado pelo Palácio do Planalto e que será votado a partir de hoje pelo plenário da Câmara.

The Intercept Brasil examinou as 850 emendas apresentadas por 82 deputados durante a discussão do projeto na comissão especial da Reforma Trabalhista. Dessas propostas de “aperfeiçoamento”, 292 (34,3%) foram integralmente redigidas em computadores de representantes da Confederação Nacional do Transporte (CNT), da Confederação Nacional das Instituições Financeiras (CNF), da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística).

Começa a destruição da universidade pública

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Enquanto no Chile o ensino superior voltou a ser público e nos Estados Unidos os cidadãos lutam pela educação superior gratuita, já que o ensino pago resultou na elitização das universidades e no profundo endividamento dos jovens ao começar a carreira, o Brasil dá marcha a ré: o Supremo Tribunal Federal decidiu nesta quarta-feira, 26 de abril, que as universidades públicas poderão cobrar dos alunos para fazer pós-graduação. É o primeiro passo rumo à privatização do ensino superior e uma comprovação de que os ministros do STF estão atuando sob a influência da mídia e das ideias neoliberais do governo Temer e do PSDB.

A vitória que mostrou a fraqueza de Temer

Ilustração: Marcio Baraldi
Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

A força que o governo Temer demonstrou ontem ao aprovar a reforma trabalhista no plenário da Câmara foi a revelação de sua fraqueza: se estivesse em pauta a reforma previdenciária, que é uma PEC (proposta de emenda constitucional), o governo não teria tido os 308 votos necessários para aprová-la. Para a trabalhista, que é um projeto de lei, foram 296 votos favoráveis. Mais que a maioria absoluta de 257, mas 12 votos abaixo dos 3/5 que serão necessários para aprovar a PEC 287, a da Previdência. Diante da operação de guerra montada para a votação de ontem, o placar mostrou que Temer não tem votos garantidos para aprovar a reforma previdenciária. Se queria impressionar bem as tais forças do mercado com uma exibição de força, não funcionou.

Sim, outro Brasil é possível

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Um dos principais recursos utilizados pelo financismo para esmagar toda e qualquer alternativa ao seu projeto de desmonte do Estado brasileiro reside na manipulação teórica e na falsificação de informações relativas à realidade econômica do País. Esse, aliás, foi exatamente o procedimento adotado pelos artífices do modelo neoliberal ao longo de décadas pelo mundo afora. Eles contavam com uma suposta chancela das instituições multilaterais em torno do chamado Consenso de Washington para o apoio ao modelo de liberalização geral e privatização desenfreada. E essa estratégia de esmagamento recorria uma suposta sofisticação globalizada, apresentando a sigla TINA, do inglês “There Is No Alternative”, para justificar a inexistência de alternativa ao que propunham os papas do neoliberalismo.

Trabalhadores unidos em defesa dos direitos

Editorial do site Vermelho:

A rejeição e resistência contra as “reformas” trabalhista e da Previdência e a lei que permite a terceirização irrestrita dos contratos de trabalho é o mote do grande protesto desta sexta-feira (dia 28). A Greve Geral foi convocada unitariamente pelas centrais sindicais (CTB, CUT, UGT, Força Sindical, Nova Central, CSP-Conlutas e Intersindical) e tem o apoio da Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, do movimento social e dos partidos de esquerda. A mobilização dos trabalhadores também tem o apoio da igreja católica, através da CNBB, e das igrejas evangélicas históricas.

Quem vai aderir à greve geral?

Da revista CartaCapital:

As principais centrais sindicais do Brasil convocaram uma greve geral para a sexta-feira, 28, na tentativa de demonstrar força e mobilização contra a reforma trabalhista e a reforma da Previdência propostas pelo governo de Michel Temer e a lei de terceirização, sancionada pelo presidente.

A expectativa é que categorias como petroleiros, metalúrgicos, bancários, metroviários, motoristas de transporte público, professores das redes pública e particular, funcionários dos Correios, trabalhadores da construção civil e o Tribunal Regional do Trabalho da Bahia engrossem a paralisação, em várias cidades, contra as reformas, consideradas prioritárias para o governo, mas rechaçadas pela população. A reforma da Previdência, por exemplo, é rejeitada por 93% dos brasileiros, segundo pesquisa do instituto Vox Populi encomendada pela CUT e publicada no último dia 13.