Janio de Freitas |
Eu estava lá, fardado, nos estertores da ditadura militar, de sentinela, próximo ao muro dos fundos de um quartel, em Barbacena, fazendo a primeira ronda da noite, metido em coturnos e numa japona de lã. Ouvia, ao longe, o som da multidão. Era 1984, o movimento das Diretas Já havia, finalmente, chegado à geleiras da Mantiqueira, mas no quartel, um internato militar, aquela realidade só existia para uns poucos que pescavam, na clandestinidade, os jornais que a soldadesca retirava do cassino dos oficiais e jogava no lixo. Eu tinha 18 anos, eu era um deles. Eu lia a coluna de Janio de Freitas.