Da Revista do Brasil:
Se durante as manifestações de junho o Congresso permaneceu calado e as oposições, mudas, sobrou para a presidenta Dilma Rousseff – para quem se apontava grande parte da fúria antigovernos e antipolíticos – reagir. Frequentemente criticada por oposicionistas e aliados, por ser centralizadora e ouvir pouco, e pelos movimentos sociais, pela falta de atenção, a presidenta chamou-se à responsabilidade de assimilar o clamor das ruas e liderar o diálogo com a sociedade, os aliados e as oposições. Ao entrar em cena, devolveu parte das demandas sociais, que estavam dispersas nos protestos, ao ambiente da política, dos partidos e dos movimentos sociais. Mas as ruas não pararam de ecoar – e, como observou o professor Alfredo Bosi, mostram que “a democracia puramente formal e representativa em termos eleitorais está em crise”.