quinta-feira, 23 de junho de 2016

A Fiesp e a política externa de Serra

Por Tatiana Berringer, na revista CartaCapital:

A política externa foi um instrumento importante dos programas de governo do PSDB e do PT. Em conjunto com as demais políticas (econômica e social) a atuação internacional do Estado brasileiro foi determinada pelos interesses das frações de classe hegemônicas no bloco no poder que dirigiram duas frentes políticas distintas: a neoliberal e a neodesenvolvimentista.

A primeira é dirigida pela burguesia compradora, fração de classe subordinada ao capital externo, que reproduz de maneira passiva os interesses imperialistas no interior da formação social brasileira.

A segunda frente é dirigida pela grande burguesia interna brasileira, fração dependente do capital externo, mas que, ao mesmo tempo, concorre com ele e, por isso, necessita da intervenção estatal para garantir a sua sobrevivência.

Paulo Bernardo e a prisão-espetáculo

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Se o senhor Paulo Bernardo praticou, de fato, as falcatruas de que o acusam, pague por elas.

No mundo civilizado é – ou deveria ser – assim: acusação, defesa, julgamento e pena (ou absolvição).

Prisão se justifica quando há algum elemento de surpresa na ação, que permite coleta de provas que, de outro modo, seriam destruídas.

Como, por exemplo, aconteceu em Pernambuco, onde o “bote” sobre vários empresários – alguns laranja – era necessário à apreensão de documentos. Ainda assim, com erro de planejamento, porque acabou permitindo que um deles, não localizado, tenha aparecido morto em circunstâncias ainda não esclarecidas.

A audiência e a relevância da TV Brasil

Por Elizângela Araújo, no site do FNDC:

Ao participar da audiência pública em defesa da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) na Câmara dos Deputados, nesta terça (21/6), o presidente da empresa, Ricardo Melo, rebateu o argumento de que a TV Brasil teria uma audiência inexpressiva e custaria caro para o Estado. Para o jornalista, o debate sobre a EBC a partir da medição da audiência por critérios estritamente comerciais é "o mais rasteiro possível". O jornalista também atacou a ausência de discussão sobre o bloqueio judicial dos recursos gerados pela Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública, que segundo ele já somam quase dois bilhões de reais; e sobre os contingenciamentos por parte do governo.

As máscaras dos golpistas caíram

Por Antônio Escosteguy Castro, no site Sul-21:

Recentemente de passagem por Porto Alegre, quando veio para a abertura de um congresso de advogados trabalhistas, o ex-presidente da OAB Nacional, Cesar Brito, em entrevista ao Sul21 caracterizou estes tempos que vivemos como o tempo das “máscaras caídas”. “As pessoas têm se revelado exatamente como elas são, sem retoques. Você externa o que pensa, quem é homofóbico externa sua face homofóbica, quem tem seu ódio racial, externa seu ódio racial, e quem tem a coragem de resistir também externa sua forma de resistir”, disse ele. É uma imagem precisa dos tempos atuais. As pessoas, na profunda luta política e ideológica que se seguiu à reeleição de Dilma, desnudaram-se completamente. Agora sabemos quem é quem.

Bolsonaro e o pânico nas redes sociais

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Muita gente não se deu conta do impacto da decisão do Supremo Tribunal Federal que aceitou, nesta terça (21), denúncia de incitação ao crime de estupro e transformou o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) em réu em uma ação penal. Bolsonaro havia declarado, no Congresso Nacional, que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque ela “não merece'', repetindo o conteúdo em uma entrevista.

Segundo os ministros que avaliaram a denúncia, apresentada pela Procuradoria Geral da República, Bolsonaro não estava respaldado por imunidade parlamentar porque o ocorrido não teve relação com o exercício de seu mandato. Segundo o relator Luiz Fux, a mensagem que ele proferiu significa que há mulheres em posição de merecimento de estupro. “A violência sexual é um processo consciente de intimidação pelo qual as mulheres são mantidas em estado de medo.''

Cunha vira réu por contas secretas na Suíça

Da Rede Brasil Atual:

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (22), por unanimidade, com os votos dos 11 ministros da Corte, abrir ação penal contra o contra o presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desta vez pelo recebimento de R$ 5 milhões de propina em contas não declaradas na Suíça.

Cunha vai responder por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas e passará à condição de réu pela segunda vez no STF. Os ministros acompanharam voto do relator, Teori Zavascki. Segundo o ministro, Cunha é beneficiário e o verdadeiro controlador das contas na Suíça, de acordo com as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). O presidente afastado da Câmara, responsável pela abertura do processo de impeachment de Dilma Roussef no Congresso, recebeu R$ 5 milhões de propina nas contas de seu truste, com o objetivo de ocultar a origem dos valores.

O pacote real de maldades de Temer

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Se tivesse que escolher um único adjetivo para o comportamento que o presidente de facto, Michel Temer, adotou em recente entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila em uma tevê a cabo (Globo News) – revelando, assim, desinteresse pela opinião pública, já que ele não pode ter medo de panelaço pois os paneleiros são seus comparsas –, esse adjetivo seria “dissimulado”.

Temer revelou a característica de todos os políticos malandros que todos sabem que são ladrões, mas que não se indignam com acusações e críticas pesadas de entrevistadores porque sabem que são todas verdadeiras.

O que vai acontecer na eleição de 2016?

Por Renato Rovai, em seu blog:

Uma regra que costuma ser tratada como praticamente absoluta por políticos e analistas da área é a de que nas eleições municipais o cenário nacional conta pouco.

Faz algum sentido, mas nem tanto.

Seria mais razoável dizer que quando a situação econômica nacional é confortável, todos ganham. E quando é ruim, quase todos perdem.

Isso acontece porque eleitores costumam avaliar governos de maneira generalizada.

Briga de aeroporto e a temperatura política

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

O conflito entre o senador José Aníbal (PSDB-SP) e o advogado Bruno Rodrigues de Lima, que o chamou de "golpista" e "traidor do Brasil" na manhã de ontem, na área próxima do desembarque de passageiros do Aeroporto JK, em Brasília, é um retrato atualizado do momento político brasileiro.

Para quem se habituou, desde o julgamento da AP 470, também conhecida como Mensalão, a assistir ao linchamento moral de personalidades ligadas ao governo Lula e ao Partido dos Trabalhadores, a cena mostra uma situação oposta. José Aníbal foi o quarto caso de político ligado ao presidente interino Michel Temer que foi hostilizado publicamente.

Como Temer traiu a si próprio

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Comparei outro dia Michel Temer ao Rubião de Machado - o legítimo, o de Quincas Borba, não o delator. Rubião via as pessoas na rua e, na sua sandice delirante, imaginava que fossem populares saudando-o. Achava que era Napoleão III.

Na entrevista que deu a Roberto Dávila na GloboNews, Temer reafirmou seu caráter de Rubião. Conseguiu dizer, por exemplo, que carregou muitos votos para Dilma nas eleições presidenciais.

Ora, ora, ora.

De valentão a réu por apologia ao estupro

Do site Vermelho:

O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) acreditava que suas agressões ficariam impunes por conta da imunidade parlamentar. Agora, depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que ele será réu em ação por apologia ao estupro, o valentão se faz de vítima para as câmeras de TV. Mas em conversa com um jornalista que imaginava ser um advogado ele revelou que sentiu o baque.

"Me fodi. Tomei de quatro a um [quatro ministros votaram contra ele e um a favor]. Estão querendo me tornar inelegível para as próximas eleições. Vou pagar pelo estupro coletivo daquela menina no Rio", disse Bolsonaro, segundo a coluna de Ricardo Noblat.

Como os fascistas armaram o ataque na UnB

Do site do Mídia Ninja:



Se pairavam dúvidas sobre o fascismo existente no atentando da última sexta-feira (17) na Universidade de Brasília (UnB), elas acabam de ser elucidadas: nossa reportagem teve acesso aos diálogos do grupo criado no WhatsApp intitulado inicialmente como “Invasão CA Sociologia” para articular a dissimulada “manifestação”. As conversas explicitam as táticas e meios  - como bombas, taser, spray de pimenta e canos de PVC “disfarçados” de bandeira  -  a serem utilizados para espalhar o terror e a violência. O objetivo do grupo é desmascarado nos diálogos em que revelam disputas políticas, violência física, chacina e intimidação dos estudantes e professores da universidade, além de preconceitos como homofobia, machismo, racismo e discursos de ódio contra a esquerda. Há ainda ameaças criminosas de espancamento a alvos específicos.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O “fascismo light” de Jair Bolsonaro

Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira (21), o Supremo Tribunal Federal (STF) finalmente decidiu abrir duas ações penais contra o fascista Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que agora se torna réu pelos crimes de apologia ao estupro e de injúria. Caso seja condenado, o herói da direita nativa ficará inelegível pelos próximos oito anos, o que inviabiliza a sua ambição presidencial para 2018. Logo após a decisão, o valentão se acovardou novamente, pedindo desculpas com "humildade". Mas em uma conversa informal com um jornalista, que ele imaginou ser advogado, ele admitiu: "Me fodi. Tomei de quatro a um [no STF]". Nem mesmo o afago dos mercenários do Movimento Brasil Livre (MBL) serviu de consolo ao deputado fascista.

Crise da 'Oi' e a falácia da privatização

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A turma que tomou de assalto o Estado brasileiro a partir do golpeachment em curso tem muita pressa. Tendo em vista as dificuldades políticas crescentes enfrentadas pelo presidente interino na condução de sua equipe cambaleante, aumenta a cada dia que passa a possibilidade de que a decisão definitiva do Senado Federal não corrobore a tese putschista.

Apesar de toda a blindagem proporcionada pelos principais órgãos de comunicação ao núcleo econômico de Temer, a realidade é que seu governo não consegue decolar de fato. A melhoria das chamadas “expectativas” do grande capital e do mundo empresarial privado é aspecto essencial para que haja uma reversão do quadro recessivo. Para tanto, contam bastante as impressões forjadas e divulgadas de forma ampla pela grande imprensa de que a equipe é competente, formada por profissionais de elevada capacitação e que não se deixariam influenciar pelo populismo do universo da política.

"Escola sem partido": O golpe da direita

Por Beatriz Cerqueira, no jornal Brasil de Fato:

Durante os debates do Fórum Estadual de Educação, realizado recentemente em Minas Gerais, tive a oportunidade de ler e escutar os argumentos daqueles que defendem o “Escola Sem Partido”. Acompanhando as lutas em vários estados, já sabia que esse é um projeto articulado, nacionalmente, não ideias de um grupo de pais desarticulados que "só" querem participar da escola e estão preocupados com a educação dos filhos.

Dono da Folha toma surra em Londres!

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Reproduzo abaixo um trecho de um debate realizado há alguns dias, em Londres, durante o qual o proprietário da Folha de São Paulo, Otavio Frias Filho, tomou uma surra histórica, em pergunta feita pela britânica Sue Brandford, correspondente internacional do Latin America Bureau, organizadora do evento.

Otavio Frias, furioso, reagiu chamando a austera Brandford de "militante do PT".

Tem sido cômica e previsível a reação dos barões da mídia às críticas, hoje mundiais, à sua postura golpista. Todo mundo, para eles, é "petista", "pago pelo PT", "simpatizante do PT".

O golpe e o golpe da “corrupção”

Por Osvaldo Bertolino, em seu blog:

Em um país no qual a democracia e a liberdade de expressão são respeitadas, faz parte das regras do jogo acreditar no que a mídia diz. Não no Brasil, e menos ainda no Brasil de hoje. Antes de prosseguir, é preciso definir o conceito de mídia. Resumidamente, ela é o espectro de informações que circulam nos veículos de comunicação majoritários de um país e a sua reprodução como senso comum. Analisar a postura da mídia brasileira tendo como pano de fundo esta definição é ter a certeza de que algo muito grave está ocorrendo. Não é de hoje - vem desde a farsa do “mensalão” - que a denunciamania do conluio da mídia com aparatos do Estado, como pedaços do Judiciário e da Polícia Federal, tem produzido calamidades em série.

Bolsonaro mais que merece

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Nenhuma mulher merece a hediondice do estupro mas Bolsonaro merece a decisão do STF, que o tornou reto nas ações movidas pela Procuradoria Geral da República e pela própria deputada Maria do Rosário (PT-RS), a quem ele disse que não a estuprava porque ela “não merece”. Agora as feministas já se mobilizam para que o STF, além de torná-lo réu, julgue com celeridade as duas ações e condene Bolsonaro. Deputado condenado criminalmente, com trânsito em julgado, perde automaticamente o mandato.

Agenda conservadora, golpe e religião

Por Adriana Dias, na revista Fórum:

Uma das questões mais complicadas no conjunto de temas que envolvem o golpe brasileiro é a questão religiosa. O golpe tem evidentemente uma agenda conservadora, pautada por uma bancada, dita da Bíblia, que exige cargos tidos como essencialmente ligados a questões fundamentais ao tema de Direitos Humanos e, inclusive, a Tratados Internacionais. Na verdade, a incapacidade dos governos de esquerda de negociar com a bancada dita evangélica, ao longo do tempo, por uma série de motivos, culminou numa estratégia que levou esses parlamentares e sua pauta ao protagonismo no golpe. O conservadorismo do atual Congresso Nacional, tão falado e tão pouco entendido em suas raízes, tem um núcleo expressamente pentecostal e neopentecostal, e falta a muitos analistas uma caracterização desses grupos com mais precisão.

Bolsonaro e a violência contra a mulher

Por Luciana de Oliveira Ramos, na revista CartaCapital:

Não é a primeira vez que situações trágicas são estopim para avanços na sociedade. O estupro em massa da jovem do Rio de Janeiro, ocorrido no dia 20 de maio de 2016, ganhou enorme repercussão não apenas pela atrocidade do crime, mas especialmente depois de a sessão de violência ser gravada e divulgada nas redes sociais.

A brutalidade do episódio foi tão chocante que gerou reações dentro e fora do País. Manifestações que demonstravam a existência de uma cultura do estupro ocuparam as ruas e foram objeto de intensas discussões nos meios de comunicação e nas redes sociais.