sexta-feira, 14 de outubro de 2016

A PEC-241 e a desconstituinte de 2016

Por Guilherme Boulos, no site Outras Palavras:

Não se viu nada igual nos últimos 30 anos. A PEC 241 é o mais ousado ataque ao povo brasileiro desde a ditadura militar, violando a Constituição de 1988 precisamente naquilo em que ela pôde ser chamada de “cidadã”. É uma verdadeira ‘desconstituinte’, uma ode à desigualdade social. Aprovada em primeiro turno na Câmara e festejada com brindes de champanhe no jantar do Alvorada, a PEC determina o congelamento dos investimentos públicos pelos próximos 20 anos, até 2036.

Um enigma chamado povo brasileiro

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Atônito com a desgraça que se abate sobre o Brasil, tenho perdido o sono buscando explicações para a passividade com que a imensa maioria do povo brasileiro vem assistindo a retirada de seus direitos; bem como vira a banda do golpe passar sem esboçar reação.

Mais grave, em uma espécie de sadomasoquismo coletivo, votou nas eleições municipais em quem lhe rouba a saúde, a educação, entrega as riquezas do petróleo, vai impedi-lo de se aposentar, mira no seu 13º, nas suas férias e quer que ele trabalhe 60 horas semanais.

A estúpida agressão contra Eduardo Cunha

Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:

Está circulando um vídeo nas redes sociais em que Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, é agredido fisicamente no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, em meio a vaias e xingamentos. Ele teve seu mandato de deputado federal pelo PMDB carioca cassado, em setembro, por ter mentido sobre a existência de contas pertencentes a ele no exterior.

Há quem se delicie com as imagens, sorrindo por conta de uma suposta ''justiça'' feita pela população. Bobagem. Na minha opinião, as imagens apenas mostram que no fundo do poço brasileiro há um alçapão.

As convicções e o fascismo

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Os países, como as pessoas, precisam tomar cuidado com as suas convicções.

Convicções arraigadas, quando não nascem da informação, da razão, do conhecimento, costumam ser fruto do ódio, do preconceito e da ignorância.

Não é por acaso que entre as características do fascismo, a mais marcante está em colocar, furiosamente, a convicção acima da razão.

Foi por ter a forte convicção de que os judeus, os comunistas, os ciganos, os homossexuais, eram espécimes de diferentes raças sub-humanas, que os nazistas fizeram coisas extremamente "razoáveis", como guardar centenas, milhares de pênis e cérebros arrancados dos corpos de prisoneiros em vidros de formol, esquartejar pessoas para fazer sabão, adubar repolhos com cinzas de crematório, ou recortar e curtir pedaços de pele humana para colecionar tatuagens e fazer móveis e abajours, em um processo que começou justamente nos tribunais, com a gestação da jurisprudência racista e assassina das Leis de Nuremberg.

Aposentados: malignos e perigosos!

Por Mouzar Benedito, na revista Fórum:

Mais uma vez querem (e acho que vão) mexer com os direitos dos trabalhadores, para piorar, claro. Esses bandidos (nós) que trabalharam dezenas de anos pagando para se aposentar e ter na velhice um pouco do que os italianos chamam de “ócio com dignidade”, são responsáveis pela pindaíba em que o Brasil está ou – como preveem – vai ficar. Esses velhinhos e essas velhinhas que você vê “vagabundando” por aí, não se iludam, são inimigos do Brasil. Eles são os responsáveis pelo caos que o Brasil tende a se tornar. Pelo menos é o que propagandeiam os pretensos reformadores da Previdência e de toda a legislação trabalhista, se possível.

FHC lê cartilha da CUT e fica bravo

Por Isaías Dalle, no site da CUT:

A cartilha que a CUT divulgou na última segunda-feira, com dados e propostas contra a reforma da Previdência, foi lida pelo jornal “O Globo” e pelo ex-presidente FHC, que ficaram especialmente impressionados com o trecho a seguir, contido na cartilha: “Michel Temer, que se aposentou aos 55 anos e recebe R$ 33 mil por mês, além do salário de presidente e outras mordomias, e FHC, que se aposentou aos 37 anos, depois de trabalhar só 12 anos como professor”.


PEC-241 e a "era das privatizações"

Por Henrique Domingues, no site da UJS:

Com o fim dos governos FHC e com a derrota eleitoral do PSDB nas urnas, em 2002, vieram as quedas do neoliberalismo econômico e do conhecido esquema de corrupção promovido à época, a “privataria tucana”, que vendeu a preço de banana importantes empresas do povo brasileiro. Apesar de tomar algumas medidas econômicas importantes, Fernando Henrique Cardoso e o PSDB optaram por uma política de subserviência à iniciativa privada e aos interesses internacionais. A opção fez com que o Brasil perdesse as condições de decidir sozinho sobre os próprios rumos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Cunha solto. Mídia e panelas em silêncio!

Por Paulo Pimenta, no site Vermelho:

Nesta quarta-feira (12) fez exatamente um mês que a Câmara dos Deputados cassou o mandato de Eduardo Cunha (PMDB), o herói dos “coxinhas” e auxiliar direto de Michel Temer. Acusado de possuir milhões em contas na Suíça, ter recebido propina da construção de navios-sonda na Petrobras, propinas nas obras do Porto Maravilha (RJ), ter chantageado o Grupo Schahin e ter recebido R$45 milhões para alterar uma Medida Provisória, Cunha deflagrou o processo de impeachment contra Dilma Rousseff como última tentativa de tentar se salvar.

Os gastos com jantar e repasses à mídia

Por Helena Sthephanowitz, na Rede Brasil Atual:

Enquanto tenta acelerar a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição, a PEC 241, que vai impor ao povo racionamento na educação, na saúde, na renda dos trabalhadores, nas aposentadorias e até na comida da população mais vulnerável, o governo de Michel Temer desfruta a aliança com os meios de comunicação para tripudiar sobre a ludibriada opinião pública.

Dias depois do luxuoso banquete para 281 convidados, 217 parlamentares, 33 ministros e assessores e 31 mulheres de congressistas, começa a aparecer o custo do agrado. As versões mais conservadoras estimam em entre R$ 180 e R$ 200 por pessoas. O valor total desembolsado seria entre R$ 50,5 mil e R$ 56,2 mil –embora algumas notícias aqui e ali tenha citado valores acima de R$ 100 mil.

10 perguntas e respostas sobre a PEC-241

Por Laura Carvalho, no site Brasil Debate:

1. A PEC serve para estabilizar a dívida pública?

Não. A crise fiscal brasileira é sobretudo uma crise de arrecadação. As despesas primárias, que estão sujeitas ao teto, cresceram menos no governo Dilma do que nos dois governos Lula e no segundo mandato de FHC. O problema é que as receitas também cresceram muito menos — 2,2% no primeiro mandato de Dilma, 6,5% no segundo mandato de FHC, já descontada a inflação. No ano passado, as despesas caíram mais de 2% em termos reais, mas a arrecadação caiu 6%. Esse ano, a previsão é que as despesas subam 2% e a arrecadação caia mais 4,8%.

O que faz Gilmar no almoço de Temer?

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

É mais do que natural que o presidente Temer convide o ex-presidente FHC, ainda a principal liderança do PSDB, para um almoço no Palácio do Jaburu. Em outros países civilizados, é comum o encontro entre presidentes com seus antecessores para discutirem os rumos do país.

O que mais chamou a atenção, porém, neste primeiro encontro entre os dois após o impeachment, por não ser tão natural nem comum, foi a participação nas conversas do ministro Gilmar Mendes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

Hoje é o PT. E depois do serviço concluído?

Por Maria Inês Nassif, no site Carta Maior:

É um erro apontar para o PT e declará-lo o único grande derrotado da ofensiva conservadora que se utilizou da estrutura Legislativa e Judiciária para abater o petismo, quando este alçava pleno voo. A conspiração que resultou na deposição de uma presidenta da República, Dilma Rousseff, teve efeitos colaterais que atingiram de morte o sistema partidário brasileiro – e, junto, o poder que mais o representa, o Legislativo.

O Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal, que superdimensionaram seus poderes e se tornaram instrumentos não de garantia das leis, mas das condições “excepcionais” para a negação delas, sem encontrar grandes resistência dos partidos conservadores e dos setores de direita da sociedade e amparados pelo apoio da grande mídia, colocaram sob tutela todo o sistema político.

Segunda fase do golpe e a divisão de campos

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

Do regabofe organizado pelo presidente usurpador no último domingo (9), em que os convidados de honra eram os mais grotescos representantes da lupenburocracia partidária, formada pelo PSDB, PMDB, DEM, PSD, PPS, PSB e o denominado “centrão”, até o festival de horrores da sessão deliberativa do dia seguinte, comandada desde o Planalto pelo próprio Temer, o novo regime antipopular e reacionário vigente no Brasil deu início à segunda fase do golpe de Estado, reveladora de sua razão de ser.

A greve nacional contra medidas de Temer

Do jornal Brasil de Fato:

As centrais sindicais brasileiras preparam uma greve nacional contra medidas que o governo não eleito de Michel Temer (PMDB) vem anunciando e implementando. A paralisação, que deve ocorrer no dia 11 de novembro envolvendo diversas categorias, faz parte da mobilização que as organizações de trabalhadores têm feito no sentido de construir uma greve geral no país.

Na data, as entidades têm como principais críticas a Proposta de Emenda Constitucional 241 – que congela investimentos públicos nos próximos 20 anos; o Projeto de Lei Complementar 257 – plano de resgate financeiro a estados e municípios que impõe congelamento dos reajustes salarias de servidores públicos; a reforma da Previdência; a Medida Provisória que altera o ensino médio; e a reforma trabalhista, que envolve a terceirização em todas atividades e a flexibilização da CLT.

João Doria, o surfista do antipetismo

Por Miguel Martins, na revista CartaCapital:

Em uma prova do reality show O Aprendiz, em 2011, João Doria Junior, então apresentador da versão nacional do programa criado por Donald Trump, colocou contra a parede um dos participantes na presença de uma empresária espanhola do ramo de turismo. Doria recriminou o rapaz por ter usado o nome da gestora para obter vantagens em uma prova da atração televisiva.

Prestes a ser “demitido”, o equivalente a ser eliminado do programa, o participante desculpou-se por utilizar suas relações com a empresária para conseguir um simples contato telefônico. Doria encheu a boca e disparou: “Este país só vai mudar quando tiver ética, princípios”.

Prisão de Lula e o regime de exceção

Por Jeferson Miola

A coluna Painel da Folha de São Paulo de 10/10/2016 publicou: “Um policial explica assim a multiplicação de investigações contra o ex-presidente: ‘Perdemos o medo’”.

A justificativa para caçar Lula não é a existência de provas concretas contra ele, mas a perda de temor e de pudor, pelos procuradores, juízes e policiais da Lava Jato, de condená-lo à revelia. Nada mais explícito sobre o regime de exceção jurídica, midiática e policial que se vive no Brasil.

O resultado da eleição de 2 de outubro encorajou os golpistas. O revés eleitoral do PT e da esquerda foi traduzido como sendo o fracasso da narrativa do golpe. O usurpador Michel Temer apressou-se em caracterizar o resultado da eleição como uma derrota da tese de golpe.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Temer e Macri estão cercados de corruptos

Por Eric Nepomuceno, de Buenos Aires, para o blog Nocaute:

A esta altura, pouca coisa é tão monótona e previsível como constatar que a Argentina de Mauricio Macri é o reflexo do Brasil de Michel Temer, e vice-versa. A mesma política de terra arrasada, de desprezo por tudo que foi construído – por coincidência – de 2003 a 2015. Além de assassinar o futuro, querem matar a memória, o passado.

Há que se recordar, em todo caso, que entre os dois existe uma diferença essencial. Mauricio Macri é um presidente legítimo, chegou onde está pelo voto soberano da maioria do eleitorado de seu país.

Alguém viu Eduardo Cunha por aí?

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Eduardo Cunha não está aqui, à minha vista. Não está ali. Está perto de você? Acredito que não.

Onde andará Eduardo Cunha?

Especulemos.

Pode estar num restaurante fino, acompanhado da mulher. Pode estar vendo um jogo do Flamengo.

Pode estar conversando com Temer. Pode estar na piscina de seu condomínio, numa boia gigante ao estilo Gatsby.

PEC-241 pode congelar o salário mínimo

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Por dica da ótima e atenta economista Laura Carvalho, reproduzo um trecho do artigo da economista Monica de Bolle, no Estadão.

Monica é conservadora, integrante do Instituto Millenium e favorável à PEC 241 em que ela admite, com todas as letras, que o congelamento dos gastos públicos acabará acarretando um congelamento do salário mínimo – inclusive para quem não é servidor ou aposentado – porque estes têm a vinculação legal ao piso nacional de salários e, portanto, este também não poderá ter ganhos sobre a inflação.

Estelionato eleitoral de Doria salvará vidas

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Se depender do representante comercial Otacílio Bueno de Souza Júnior, de 58 anos, que morram quantos tiverem que morrer para que ele possa acelerar a 90 km por hora nas pistas expressas de São Paulo. Ele votou em João Dória Jr. para prefeito por isso, porque o candidato tucano prometeu aumentar a velocidade que o prefeito Fernando Haddad reduziu.

Porém, Otacílio está muito zangado. Entrevistado pela Folha de São Paulo sobre o assunto, ele revela que, “ainda em casa”, ouviu no rádio que o prefeito eleito, João Doria (PSDB), cogita manter em 50 km/h a velocidade em trechos da pista local das marginais Pinheiros e Tietê. “Fiquei muito bravo. E me senti traído”, disse ele