domingo, 16 de dezembro de 2018

Consumismo, pesadelo sem fim?

Por William Mebane, no site Outras Palavras:

Os primeiros bens genéricos foram aqueles baseados em um único modelo universal. O modelo preto T, da Ford, é o exemplo clássico. A produção em massa permitiu uma enorme economia de escala e com redução de custos nunca antes realizada. A função básica do transporte rodoviário de pessoas foi satisfeita.Mas empresas temiam que, com produtos genéricos, todas as necessidades seriam logo satisfeitas e pouco restaria para produzir. Um primeiro passo para superar isso foi a introdução de mais escolhas, de acordo com a capacidade de compra. Uma grande diferenciação de produtos foi introduzida por meio das diferenças de preço e qualidade.

Os ataques aos direitos humanos na rede

Por Cristiane Sampaio, no jornal Brasil de Fato:

Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (13) na Comissão de Direitos Humanos do Senado, em Brasília (DF), especialistas de diferentes entidades compartilharam preocupações com o contexto de disseminação de informações falsas e ataques aos direitos humanos em redes sociais.

A ONG SaferNet Brasil, por exemplo, recebeu, desde 2005, mais de 2 milhões de denúncias envolvendo crimes de ódio. O avanço da extrema direita no país também se refletiu nas redes: somente no período do segundo turno das eleições presidenciais deste ano a entidade registrou 39 mil denúncias.

O Brasil embrenha-se na selva

Por Mino Carta, na revista CartaCapital:

Não, não vou falar de Lord Keynes. A memória do grande pensador inglês é de exclusiva competência do professor Belluzzo, neste momento indignado nos precórdios com a presença do presidente eleito na festa da vitória do Palmeiras no Brasileirão. Eu, torcedor palestrino nos meus tempos escolares, lamento que a taça tenha sido erguida pelo tonitruante capitão, bem como as suaves carícias recebidas por ele de Luís Felipe Scolari.

A relação de Bolsonaro com o Congresso

Por Antônio Augusto de Queiroz, na revista Teoria e Debate:

O presidente eleito, sob o argumento de que a estrutura partidária está viciada e só age à base do toma lá dá cá, fez campanha prometendo que não negociaria com os partidos a formação de seu governo, mas, tão logo eleito, passou a negociar indicações com as bancadas informais, temáticas ou transversais, que se articulam no Congresso para a defesa de interesses setoriais.

Na formação do primeiro escalão de seu governo, aparentemente foi coerente, na medida em que não consultou os partidos nos casos em que recrutou filiados em alguns deles. Entretanto, há três equívocos nesse raciocínio, que precisam ser explicitados, além de mostrar a mistificação retórica que isso representa.

Eduardo Bolsonaro, o idiota diplomático

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – um tosco na corte de Rio Branco

O titulo do artigo foi tomado emprestado de um clássico do continente, o "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano".

As sandices ditas por Eduardo Bolsonaro no Twitter seriam apenas isso: sandices de um palpiteiro de rede social, não fosse a circunstância de que se trata do responsável, de fato, pela política externa brasileira, por herança paterna. É um completo sem-noção, inclusive sobre o peso da palavra de quem se tornou o chanceler de fato.

sábado, 15 de dezembro de 2018

Para quem Queiroz repassou R$ 1,2 milhão?

Por Jeferson Miola, em seu blog:     

O assessor Fabrício Queiroz é a pessoa mais habilitada – além, naturalmente, dos próprios Bolsonaro – para esclarecer o escândalo do R$ 1,2 milhão.

A sucursal carioca da Lava Jato deflagrou a operação Furna da Onça, que levou à prisão deputados estaduais implicados com as mesmas práticas criminosas descobertas no gabinete do Flavio Bolsonaro.

A operação coordenada pelo espetaculoso Deltan Dallagnol estranhamente decidiu-se, porém, por não atribuir a Flavio Bolsonaro o mesmo destino dado aos colegas dele [a prisão] e, além disso, demonstra total inapetência em investigar o caso. Decorridos quase 10 dias desde a denúncia, a Lava Jato sequer convocou Queiroz para depor.

Bolsonaro e os truques de Dallagnol

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Malandro é malandro, mané é mané.

Deltan Dallagnol encontrou um jeito de comentar sem comentar as denúncias envolvendo os Bolsonaros e seus assessores.

Hiperativo nas redes sociais, o loquaz procurador deu pouca atenção, para seus padrões, ao escândalo político mais escabroso do momento.

Em uma semana, retuitou duas matérias.

A lei da selva dos golpistas

Editorial do site Vermelho:

A matemática não mente; mente quem faz mau uso dela. O axioma atribuído a Albert Einstein é uma boa referência para se entender as discretas comemorações, pelos economistas oficias, do resultado do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao terceiro trimestre de 2018. A cifra foi de pouco mais de R$ 1,7 trilhão, o que corresponde a 0,8% de expansão, suficiente para fazer o “mercado” projetar uma tendência de baixo crescimento da economia no próximo governo.

De vendedora de açaí a personal trainer

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

“Ah, pelo amor de Deus, pergunta para o meu chefe de gabinete. Eu tenho 15 funcionários comigo”, desabafou Jair Bolsonaro, já eleito presidente, quando os repórteres lhe perguntaram sobre o que fazia em seu gabinete de deputado a funcionária Nathalia Melo de Queiroz.

De camiseta, encostado num carro na entrada do seu condomínio na Barra da Tijuca, o capitão parecia visivelmente acuado diante das câmeras e microfones, cercado por um batalhão de jornalistas e seguranças.

AI-5 continua vivo

Por Marcelo Zero

O Brasil, ao contrário de outros países da América do Sul que também passaram por ditaduras militares, nunca conseguiu encerrar realmente o ciclo político do autoritarismo militar.

Para tanto, teria sido necessário que os culpados por crimes hediondos, como o de tortura, sequestro, assassinato, etc. tivessem sido responsabilizados por seus atos, e julgados com o amplo direito à defesa que eles negaram às suas vítimas.

Dessa forma, o país poderia ter “passado a limpo” o seu passado de crimes e crueldades.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Como o "kit gay" ajudou Damares Alves

Por Felipe Neves, no site The Intercept-Brasil:

Damares Alves estava com enxaqueca naquele fim de tarde em 2015. O expediente de uma quarta-feira de junho, às vésperas do recesso parlamentar, havia sido repleto de reuniões, telefonemas, assinaturas de papéis e caminhadas pelos corredores das duas Casas do Congresso Nacional.

Mesmo cansada, a futura ministra dos Direitos Humanos de Jair Bolsonaro aceitou conceder a entrevista que eu havia lhe pedido para o meu documentário Púlpito e Parlamento: Evangélicos Na Política.

Ao final da conversa de cerca de uma hora, perguntada sobre seu futuro, ela me daria um ultimato: “Eu estou cheia de tudo isso, vou parar de trabalhar aqui em dezembro de 2015”. Não parou.

Bolsonaro terá mesmo fim de Collor e Jânio?

Por Renato Rovai, em seu blog:

Jânio Quadros ganhou a eleição com uma vassourinha que seria usada para varrer a bandalheira. Era um moralista sem moral que desafiou o sistema e derrotou os grandes partidos da época.

Fernando Collor saiu de Alagoas para caçar os marajás e combater a corrupção. Seu programa de governo, aliás, era muito parecido com o de Bolsonaro. Privatizações, diminuição do Estado, fim da estabilidade do servidor público, sanha moralista e criminalização dos movimentos sociais e sindical.

O AI-5 realmente está longe?

Por Ícaro Jatobá, no site Jornalistas Livres:

Completados os 50 anos da baixa do Ato Institucional nº 5, se faz necessário uma análise histórica e social dos tempos de outrora com os tempos atuais. “O governo Costa e Silva resolveu baixar um novo ato, o AI-5”, anunciava o Ministro da Justiça Luís Antônio da Gama e Silva em 13 de dezembro de 1968. O ato que prometia a continuidade da “ordem e tranquilidade” decorrentes da “Revolução de 64”, promoveu o fechamento do Congresso Nacional e das Assembleias Legislativas, suspendeu o habeas corpus para crimes políticos e deu poderes punitivos ao regime. Além de todas essas arbitrariedades que feriam a democracia, uma mais grave, a tortura, passava a ser uma política de Estado, não oficialmente institucionalizada por meio da atuação dos órgãos repressivos.

Bolsonaro e o Estado confessional

Por Frei Betto, no site Correio da Cidadania:

Tudo in­dica que te­remos pela frente um Es­tado con­fes­si­onal, dis­posto a negar o prin­cípio 
cons­ti­tu­ci­onal da lai­ci­dade. Algo pa­re­cido ao Des­tino Ma­ni­festo de­fen­dido pelos ul­tra­con­ser­va­dores dos EUA e go­vernos que pre­ferem se ater a Li­vros Sa­grados do que a Cons­ti­tui­ções.

“O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Este brado da Bri­gada de Pa­ra­que­distas do Exér­cito foi o mote de cam­panha do fu­turo pre­si­dente. Mas, que deus? O que levou a In­qui­sição a acender 
fo­gueiras a su­postos he­reges? O in­vo­cado pelo car­deal Spellman, de Nova York, ao aben­çoar 
sol­dados que foram perder a guerra no Vi­etnã?

Pequisa Ibope/CNI: Nem tanto

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

É natural o otimismo da população com presidentes que acabam de ser eleitos, mas não é inédita ou acima do padrão a expectativa positiva da população com a posse de Jair Bolsonaro.

Segundo pesquisa CNI-IBOPE, 64% dos entrevistados acreditam que seu governo será ótimo ou bom.

Em novembro de 2002, em relação ao recém eleito Lula, este índice era de 71%. Em 2010, após a eleição de Dilma, 62% achavam que o governo dela seria ótimo ou bom. Bolsonaro, portanto, segue o padrão.

Bolsonaro quer legalizar trabalho precário

Da Rede Brasil Atual:

Na análise do diretor-técnico do Dieese, Clemente Ganz Lúcio, a intensão do futuro presidente Jair Bolsonaro (PSL) de impor legislação trabalhista no Brasil que seja mais próxima da "informalidade" caminha na contramão da proteção que deveria ser dada aos trabalhadores que não têm carteira assinada, estimada pelo IBGE em 37,3 milhões de brasileiros, no último ano.

"O presidente anuncia que o objetivo é transformar em legal aquilo que é precário, ou transformar a legislação, a própria Constituição, retirando direitos que estão garantidos", critica o diretor-técnico em entrevista à jornalista Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

O coração de Dilma e a miséria da política

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Dilma Rousseff deixou hoje o hospital onde fez uma angioplastia cardíaca.

Atualmente, um procedimento muito seguro e de recuperação relativamente rápida, testemunho de quem fez o mesmo, quase seis anos atrás.

E um nada para ela, que já enfrentou uma ditadura, a prisão, a tortura, um câncer, a mídia, um Aécio Neves e um golpe de Estado.

O que dói, mesmo, é saber que a miséria da política maltrata o corpo e o coração de quem não fez dela meio de enriquecer.

A posição do Brasil no mundo

Por Samuel Pinheiro Guimarães, no site Carta Maior:

“A geografia é a política das Nações” - Napoleão (1769-1821)

“O Brasil está fadado a ser, por tempo indefinido, um satélite dos Estados Unidos” - Raul Fernandes, Ministro das Relações Exteriores – 26/08/1954 a 12/11/1955


1 - A política exterior e a posição do Brasil no mundo se transformaram radicalmente desde a posse de Michel Temer, resultado de golpe de Estado político/midiático/judicial em 2016.

2. - A julgar pelas manifestações do presidente eleito, de familiares e de seus ministros indicados, essa mudança de política e de posição deverá se acentuar na gestão do Presidente Jair Bolsonaro, a partir de 2019, devido à sua visão do mundo e da sociedade brasileira.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Mídia vitamina discurso policialesco

Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Mesmo sendo o país com a terceira maior população carcerária no mundo, perdendo apenas para Estados Unidos e China, impera, no Brasil, a ideia de que a solução para combater a criminalidade é continuar mandando gente - principalmente jovens - para a prisão. Para piorar, as eleições de 2018 mostraram que o discurso policialesco, autoritário e essencialmente punitivista tem "colado" na opinião pública, já que portadores de bandeiras como "bandido bom é bandido morto" e representantes da chamada "bancada da bala" obtiveram votações expressivas, seja no âmbito da presidência, de governos estaduais e para a Câmara dos Deputados.

Há saída no labirinto capitalista?

Por Ladislau Dowbor, no site Outras Palavras:

The most intellectual creature ever to walk the earth, is destroying its only home.” – Jane Goodall

A burrice no poder tende não só a se perpetuar, como nela se afundar. O acúmulo de bobagens ou de tragédias, a partir de um certo ponto, exigiria tamanha confissão de incompetência, que os donos de poder continuam até a ruptura total. Reconhecer a burrice torna-se demasiado penoso. Barbara Tuchman nos dá uma análise preciosa dos mecanismos, no que ela chama de Marcha da Insensatez: “Uma vez que uma política foi adotada e implementada, toda atividade subsequente se transforma num esforço para justificá-la.” Isso levou, por exemplo, cinco presidentes note-americanos sucessivos a se afundarem na guerra do Vietnã, apesar da convicção íntima, hoje conhecida, de que era uma causa perdida. A burrice política obedece a uma impressionante força de inércia. (263)