sábado, 16 de março de 2019

Pátria armada, Brasil

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Qual a principal agenda brasileira? A reforma da Previdência? O combate à corrupção? A retomada da economia e o combate ao desemprego? A melhoria da educação pública? A garantia de saúde de qualidade à população? Nada disso. São as armas. Não há nada mais importante no Brasil que revólveres, pistolas, fuzis e submetralhadoras.

Os fatos falam por si. O principal gesto da campanha do atual presidente foi a imitação da posse de uma arma, feita com os dedos, dirigida contra os opositores, ou mesmo a simulação de uma rajada de metralhadora contra a multidão, em nome do extermínio da “petralhada”. Tratada como uma brincadeira ou deboche, a atitude não precisa de metáfora: identifica o diferente como inimigo; o debate como guerra; o extermínio físico no lugar do argumento.

Lava-Jato quer mesmo todo o poder

Evitemos Columbine enquanto há tempo

Por Valéria Cristina Wilke, no blog Viomundo:

Columbine é certamente um dos paradigmáticos eventos violentos que marcaram a recente cultura norte-americana, uma vez que o massacre teve um planejamento cuidadoso durante meses, do qual fizeram parte a aquisição de armas e a de material para a produção de bombas caseiras e de propano; e os atiradores tornaram-se uma marca a ser copiada.

Em 1999, dois estudantes transformaram a Columbine High Scholl, no Colorado, num palco de horrores e mataram doze colegas e um professor, além de ferirem outras pessoas, antes de se suicidarem. Filmes eternizaram a tragédia, dentre eles os premiados Tiros em Columbine, o documentário de Michael Moore/Michael Donovan, e Elephant, de Gus Van Sant.

Previdência, consumo das famílias e equidade

Por Adalberto Cardoso, no site da Fundação Maurício Grabois:

Quando Paulo Guedes diz que precisa economizar R$ 1 trilhão em dez anos, o valor mágico é apresentado como simples operação contábil. Nem ele nem ninguém até aqui mencionou o fato de que, o que é apresentado como “economia” para o governo, na verdade representará um enxugamento brutal de recursos hoje disponíveis para o consumo das famílias.

A reforma da Previdência proposta pelo governo trata como privilégio a aposentadoria ou pensão dos que a conquistaram com o suor de seu trabalho – para a maioria dos brasileiros pesado, árduo, muitas vezes incapacitante. Só assim se compreende a divulgação da reforma com acento apenas em seu aspecto contábil, ou seu impacto no déficit público: economizar R$ 1 trilhão em dez anos. 

Previdência e o falso discurso da mídia

Da Rede Brasil Atual:

Em sua participação no Jornal Brasil Atual, da Rádio Brasil Atual nesta sexta-feira (15), o diretor técnico do Dieese Clemente Ganz Lúcio analisou o comportamento da mídia tradicional em relação à proposta de “reforma” da Previdência defendida pelo governo Bolsonaro.

“Há uma grande convergência, a maior parte dos veículos de comunicação, da grande mídia especialmente, tem feito uma cobertura favorável à reforma da Previdência. Não necessariamente favorável em todos os aspectos, mas há uma compreensão dos analistas econômicos, predominantemente financiados pelo setor financeiro, que apoiam a ideia de uma necessidade urgente de uma reforma”, explica o diretor técnico do Dieese.

Julgamento do STF derrota Lava-Jato

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

O Supremo Tribunal Federal (STF) derrotou a Operação Lava Jato. Em julgamento realizado na quinta-feira, 14 de março, decidiu por seis votos contra cinco que os crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, em casos relacionados a caixa dois de campanha eleitoral, serão julgados pela Justiça Eleitoral e não pela Federal.

O Código Eleitoral é explícito no que diz respeito à competência dos juízes eleitorais para julgarem crimes eleitorais. O dinheiro obtido por meio de caixa dois em campanha eleitoral é crime eleitoral, previsto no artigo 35 da Lei Eleitoral, e também os crimes comuns, como corrupção, quando atrelados a ele.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Mídia é alvo do próprio monstro que pariu

O clã Bolsonaro e os exterminadores

Por Eric Nepomuceno, no site Carta Maior:

A maré de más notícias para o clã presidencial cresceu: na véspera do aniversário de um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes, foram detidos ontem (12/3), no Rio de Janeiro, os acusados Ronnie Lessa, sargento reformado da Polícia Militar fluminense, e Élcio Vieira de Queiroz, expulso da mesma corporação em 2016. Ambos integram uma “milícia”, como são conhecidos os grupos de extermínio paramilitares no Brasil, muitos deles formados policiais ativos, ex-policiais e bombeiros.

Miséria moral bolsonarista e as tragédias

Por Bepe Damasco, em seu blog:                                                                                     

Num país em que tragédias e escândalos se sucedem, uns ofuscando os outros, cabe às pessoas com senso de humanidade lutar para que não caiam no esquecimento, sobretudo por respeito à memória das vítimas e solidariedade aos seus familiares e amigos, mas também para evitar que se repitam.

É de domínio público que o governo Bolsonaro despreza a vida, cultua a violência, dissemina ódio e glorifica as armas. De costas para a promoção do bem-estar, da paz e do entendimento, os sociopatas que ocupam o governo da República são a expressão empoderada do que há de mais sombrio na alma humana.

Marielle: discurso de ódio e a desinformação

Por Renata Mielli, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

Demorou 363 dias para que a pergunta ‘quem matou Marielle’ fosse respondida. No dia 12 de março foram presos pelo assassinato da vereadora do PSOL o policial militar reformado Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz. Mas ainda há uma pergunta sem resposta: Quem mandou matar? Há uma outra pergunta que precisa ser também respondida: Por quê? Os motivos objetivos do crime precisam ser elucidados, mas, não resta dúvida que subjacente a este está o ódio ao que Marielle Franco personificava e dava voz.

A união dos governadores do Nordeste

Editorial do site Vermelho:

O Nordeste tem cerca de 20% do território nacional: são 1,5 milhões dos 8,5 milhões de km² da área total do país. Os nove estados da região têm, juntos, 56,6 milhões de habitantes, que formam cerca de 28% dos 204,5 milhões de brasileiros (dados do IBGE, para 2015).

São números expressivos, que dão força à "Carta dos Governadores do Nordeste", aprovada nesta quinta-feira (14) em São Luís (MA), assinada pelos dirigentes regionais: Rui Costa (Bahia), Camilo Santana (Ceará), Flávio Dino (Maranhão), João Azevedo (Paraíba), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (Piauí), Fátima Bezerra (Rio Grande do Norte), Belivaldo Chagas (Sergipe) e José Luciano Barbosa da Silva (Vice- governador de Alagoas).

O massacre que a TV não mostrou em Suzano

Por Flávia Martinelli, no site Jornalistas Livres:

Estarrecido, o país parou nessa terça-feira, 13 de março de 2019, para entender o que houve na Escola Raul Brasil em Suzano. O massacre, que resultou em dez mortes e ao menos 11 feridos, exigiu cobertura ao vivo. As TVs escalaram seus repórteres, suas câmeras de alta resolução, seus helicópteros, seus carros com satélites de link para transmissões diretamente do local do crime. O arsenal estava todo lá. Mas acompanhar a chegada das informações pelas emissoras foi mais um espetáculo de horrores da mídia nacional.

O grande negócio do combate à corrupção

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Os últimos dias foram históricos, de afirmação das instituições nacionais em relação a dois poderes paralelos.

Em Brasília, finalmente a Procuradora Geral da República Raquel Dodge assumiu plenamente o cargo e enquadrou o grupo da Lava Jato – que junta procuradores, juízes de direito no que se convencionou chamar de “a República do Paraná”.

Como previmos, a história da criação de uma fundação de direito privado, com controle dos procuradores da Lava Jato, visando administrar a soma inacreditável de R$ 2,5 bilhões, foi o ponto de inflexão na saga da operação. Trincou o cristal permitindo, nos próximos meses, um levantamento amplo do que ocorreu nesses anos de exercício do poder absoluto.

Lava-Jato: A bandidagem veste toga

Por Daniel Zen, no site Mídia Ninja:

Infelizmente, o povo ainda não sentiu o mal cheiro, que se disfarça com perfumes e vistosas vestes talares.

Já havia escrito, em outros artigos, publicados aqui mesmo neste portal, a respeito de parte daquilo que o jornalista Luis Nassif esquadrinhou em uma série de reportagens publicadas no site “Jornal GGN”, essa semana.

Com uma riqueza de detalhes da qual eu não dispunha, Nassif descreveu a relação existente entre o ex-Juiz e agora Ministro da Justiça, Sérgio Moro e de sua esposa, Rosângela Wolff de Quadros Moro, com a Família Arns e de como a atuação dos lavajateiros contribuiu para o surgimento de dois “mercados” milionários e exclusivos, a beneficiá-los: o de delações premiadas e o de palestras, ambos decorrentes da Operação Lava Jato.

Sobrou alguma coisa boa para contar?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Desisto.

Desde cedo, estou procurando por todo canto alguma história boa para contar aos caros leitores do Balaio para espantar o baixo astral.

Ao final de mais uma semana trágica e tormentosa, com o massacre de Suzano e a prisão dos milicianos amigos acusados do assassinato de Marielle e Anderson, lamento informar, mas não sobrou nada.

Não achei nem mesmo uma pílula noticiosa falando bem de alguém que tenha ajudado uma velhinha a atravessar a rua.

As três ignorâncias contra a democracia

Por Boaventura de Sousa Santos, no site Outras Palavras:

Escrevi há muito que qualquer sistema de conhecimentos é igualmente um sistema de desconhecimentos. Para onde quer que se orientem os objetivos, os instrumentos e as metodologias para conhecer uma dada realidade, nunca se conhece tudo a respeito dela e fica igualmente por conhecer qualquer outra realidade distinta da que tivemos por objetivo conhecer. Por isso, e como bem viu Nicolau de Cusa, quanto mais sabemos mais sabemos que não sabemos. Mas mesmo o conhecimento que temos da realidade que julgamos conhecer não é o único existente e pode rivalizar com muitos outros, eventualmente mais correntes ou difundidos. Dois exemplos ajudam. Numa escola diversa em termos étnico-culturais, o professor ensina que a terra urbana ou rural é um bem imóvel que pertence ao seu proprietário e que este, em geral, pode dispor dela como quiser.

Bolsonaro vai prestar continência a Trump?

Por Celso Amorim, na revista CartaCapital:

Neste domingo, 17, o presidente da República Federativa do Brasil estará em sua primeira visita oficial como chefe de governo, obviamente, aos Estados Unidos. As relações entre os dois maiores países do continente americano sempre foram e sempre serão complexas. Impossível reduzi-las a uma única dimensão. Nem a competição desenfreada e hostil, nem o alinhamento subserviente.

Um ano sem a minha irmã, Marielle Franco

Por Anielle Franco, no site The Intercept-Brasil:

Às 5h da manhã de terça-feira, acordei com uma ligação da promotora Letícia Petriz, do Ministério Público do Rio. Ela quis me avisar, em primeira mão, que haviam sido presos dois suspeitos de matar minha irmã, Marielle, e seu motorista, Anderson. Descobrir o rosto das pessoas que tiraram a vida deles não é nada fácil e nem motivo para comemoração. Ao mesmo tempo, a notícia da prisão tem um sabor de esperança.

Lava-Jato é inimiga do Brasil

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Foi raspando, mas o suficiente para restabelecer a ordem constitucional no Brasil. Por 6 a 5, o Supremo Tribunal Federal decidiu que crimes eleitorais conexos devem permanecer na Justiça eleitoral.

Comentaristas da Globo e de outros veículos que ajudaram a criar a farsa da Lava Jato e, em consequência, o ambiente que resultou em Jair Bolsonaro estavam tristes.

Merval Pereira, na Globonews, estava cabisbaixo, com expressão de choro.

Por que tanto?

Porque são aliados da Lava Jato e agora se sentem derrotados juntamente com Dallagnol.

Do nacionalismo ao entreguismo vulgar

Por Rafael da Silva Barbosa, no site Brasil Debate:

A utilização da expressão “entreguismo vulgar” é um pleonasmo, pois, todo entreguismo, em essência, é vulgar. Mas, dadas as atuais circunstâncias, a classificação do termo pode auxilar na compreensão de quão fundo nos encontramos dentro do poço.

O debate sobre nacionalismo e entreguismo surgiu com ilustre intérprete do Brasil Caio Prado Jr., em sua monumental obra “História Econômica do Brasil”, mais especificamente no capítulo “A crise de um sistema”. Ali, o intérprete deixa claro o que é ser, de fato, nacionalista: