Por Rogério Lima Barbosa, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:
Praticamente todos os dias somos surpreendidos com acintes de pessoas que, a princípio, deveriam preocupar-se com o bem-estar de qualquer brasileiro/a. São expressões e frases que demonstram uma visão de mundo enviesada para o aproveitamento individual, sempre, e para os “iguais”, sempre que possível. Nós, ou melhor, eu, quando ouço alguns comentários do governo, sinto uma mistura de raiva, tristeza, desesperança, revolta e impotência. Muitas vezes algumas notícias sobre os dizeres da equipe desse governo são tão descoladas de um ambiente democrático, que me levam a buscar a informação para checar a sua veracidade. Quando se faz essa busca não sei o que é pior, ler a notícia que já vilipendia a nossa consciência, ou constatar que a aberração realmente é verdadeira. São visões duras, preconceituosas, presunçosas e arrogantes que nos açoitam quase na pele. A funcionalidade dessas posições é para nos colocar no nosso lugar. E esse é, para esse governo, o não lugar. Como somente quem tem lugar está apto para alcançar um diálogo ou ter as suas demandas ouvidas, a restrição do lugar àqueles que estão longe da esfera do governo é justamente para manter a contenção de nossa angústia na esfera particular.