segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A greve no aeroporto privado da Alemanha

Por Altamiro Borges

As emissoras de tevê têm dado destaque à greve no aeroporto internacional de Frankfurt, na Alemanha. A linha editorial é sempre a mesma: a da satanização das lutas grevistas. Os 200 aeroportuários que aderiram à paralisação estariam prejudicando os usuários e atrapalhando os negócios. A mídia, porém, esconde um importante detalhe: o aeroporto alemão é privatizado.

Fraport participou do leilão no Brasil

Ele é gerenciado pela empresa “privada” Fraport, a mesma que participou do leilão para concessão do terminal de Guarulhos em 6 de fevereiro. Na ocasião, ela perdeu a disputa. A multinacional alemã ofereceu R$ 12,9 bilhões por Guarulhos. Mas o aeroporto foi “vendido” por R$ 16,2 bilhões ao consórcio Invepar, que reúne fundos brasileiros de pensão e uma empresa da África do Sul.

A Fraport é uma poderosa corporação do setor. Ela explora 13 terminais espalhados pelo mundo, incluindo Frankfurt e Lima, no Peru. Apesar de derrotada, ela já anunciou que pretende ampliar seus lucrativos negócios na América Latina e que participará de futuros leilões de aeroportos no Brasil. A greve de 48 horas na Alemanha, porém, deveria servir de alerta aos brasileiros.

A lógica destrutiva do capitalismo

O Sindicato dos Empregados em Segurança Aérea (GdF) convocou a greve para exigir reajuste de salários e melhores condições de trabalho no aeroporto privado. Na lógica do lucro máximo, as empresas capitalistas costumam reduzir os chamados “custos operacionais”, arrochando salários, demitindo funcionários e... degradando os serviços – inclusive no setor “pouco rentável” da segurança.

A Fraport não venceu o leilão no Brasil. Mas outras empresas capitalistas, que seguem a mesma lógica, venceram. É evidente que a mídia privatista não vai fazer escarcéu sobre os riscos futuros da concessão dos aeroportos brasileiros. Mas é bom ficar esperto!

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