Por Altamiro Borges
O ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações do governo FHC, Luiz Carlos Mendonça de Barros, também conhecido como Mendonção nos meios empresariais e políticos, adorou o resultado do leilão de três dos mais rentáveis aeroportos do país, realizado ontem na Bolsa de Valores de São Paulo. O motivo da sua alegria é mais ideológico, no campo da luta de idéias.
Para ele, a privatização representa uma vitória do receituário implantado por FHC, que foi alvo de críticas das forças de esquerda e eixo das três últimas campanhas presidenciais que derrotaram os tucanos. Em entrevista ao Estadão, o fanático privatista até crítica o modelo adotado pelo governo Dilma, que manteve certo papel para a Infraero, mas aplaude o leilão. Leia alguns trechos:
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Como o senhor vê o modelo adotado para a concessão dos aeroportos?
Dada a posição ideológica do PT contra as privatizações, o modelo me parece razoável e eficiente. Não é meu modelo ideal, mas o mais importante desse leilão é que ele marca a volta da privatização como instrumento legítimo e eficiente para aumentar os investimentos na infraestrutura. Depois de mais de oito anos sistematicamente colocado no limbo por questões políticas e ideológicas, a parceria entre governo, via agências reguladoras, e setor privado volta à agenda do País.
No que esse modelo difere daqueles do governo FHC?
A menos da participação da Infraero - uma verdadeira jabuticaba criada pelo PT para tentar diferenciar o modelo de agora dos adotados no período FHC -, a lógica intrínseca dos contratos de concessão é a mesma: um grupo privado, explorando os serviços comercialmente segundo seus objetivos de eficiência e lucratividade, mas balizado por regras estabelecidas pela Anac.
Na sua avaliação, a Infraero deveria continuar com a fatia de 49% nos aeroportos concedidos?
Não acho esta questão relevante, embora para mim ela não faça sentido, pois é a Anac que tem a responsabilidade de regular e fiscalizar esse setor. O argumento de usar parte dos lucros nos aeroportos privatizados para financiar suas atividades nos aeroportos deficitários não faz sentido, pois estes recursos deveriam vir do pagamento das concessões. É preciso entender que os preços pagos pelo setor privado nos leilões já levam em conta que apenas 51% dos lucros serão apropriados por eles.
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A privataria tucana
O apoio de Mendonção deveria preocupar as forças progressistas. Afinal, ele foi um dos principais cabeças no reinado neoliberal de FHC. Fora do governo, ingressou no lucrativo ramo da especulação financeira, com a empresa Quest, e hoje também atua na comercialização de automóveis chineses. Na política, Mendonção continua sendo tratado com um “mentor intelectual” do PSDB.
No livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro, o ex-ministro de FHC é mencionado várias vezes. Num episódio que ficou famoso, o do grampo nos telefones do seu gabinete no BNDES, ele aparece em inúmeras conversas reveladoras de como se deu o processo de privatização no governo FHC. O livro descreve algumas delas:
*****
Mendonça de Barros liga para Ricardo Sérgio [ex-tesoureiro das campanhas de José Serra] e explica que o Opportunity [do agiota Daniel Dantas] está com “um problema de fiança” para participar do leilão das teles. E propõe: “Não dá para o Banco do Brasil dar (a fiança)?”.
- Acabei de dar – responde Ricardo Sérgio, que alcançou R$ 874 milhões para o consórcio de Dantas. E agrega, cometendo a frase síntese do processo de privatização à brasileira. “Nós estamos no limite da nossa irresponsabilidade”. E emenda outra, mais tosca e premonitória: “Na hora que der merda, estamos juntos desde o início”.
Vale relembrar um telefonema de FHC para Mendonça de Barros. Queria saber a quantas andava a preparação do leilão das teles. Recebe, como resposta, que “estamos com o quadro praticamente fechado”. À vontade, os dois comentam o tom apologético adotado pela mídia para saudar as privatizações...
- A imprensa está muito favorável, com editoriais – comenta Mendonça de Barros.
- Está demais, NE – diz FHC. Estão exagerando até... – acrescenta, mordaz com seus áulicos midiáticos.
*****
Agora, novamente, boa parte da mídia privatista também está eufórica com o leilão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília, mas sem negar o seu caráter oposicionista. Ela festeja a privatização e aproveita para fustigar o governo Dilma Rousseff. Afirma que ela cedeu às teses privatistas e rasgou os seus compromissos de campanha.
A vida é cruel. Um amigo sindicalista lembrou hoje um ditado que sua avó sempre dizia: “Quem se abaixa demais, expõe as nádegas”.
O ex-presidente do BNDES e ex-ministro das Comunicações do governo FHC, Luiz Carlos Mendonça de Barros, também conhecido como Mendonção nos meios empresariais e políticos, adorou o resultado do leilão de três dos mais rentáveis aeroportos do país, realizado ontem na Bolsa de Valores de São Paulo. O motivo da sua alegria é mais ideológico, no campo da luta de idéias.
Para ele, a privatização representa uma vitória do receituário implantado por FHC, que foi alvo de críticas das forças de esquerda e eixo das três últimas campanhas presidenciais que derrotaram os tucanos. Em entrevista ao Estadão, o fanático privatista até crítica o modelo adotado pelo governo Dilma, que manteve certo papel para a Infraero, mas aplaude o leilão. Leia alguns trechos:
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Como o senhor vê o modelo adotado para a concessão dos aeroportos?
Dada a posição ideológica do PT contra as privatizações, o modelo me parece razoável e eficiente. Não é meu modelo ideal, mas o mais importante desse leilão é que ele marca a volta da privatização como instrumento legítimo e eficiente para aumentar os investimentos na infraestrutura. Depois de mais de oito anos sistematicamente colocado no limbo por questões políticas e ideológicas, a parceria entre governo, via agências reguladoras, e setor privado volta à agenda do País.
No que esse modelo difere daqueles do governo FHC?
A menos da participação da Infraero - uma verdadeira jabuticaba criada pelo PT para tentar diferenciar o modelo de agora dos adotados no período FHC -, a lógica intrínseca dos contratos de concessão é a mesma: um grupo privado, explorando os serviços comercialmente segundo seus objetivos de eficiência e lucratividade, mas balizado por regras estabelecidas pela Anac.
Na sua avaliação, a Infraero deveria continuar com a fatia de 49% nos aeroportos concedidos?
Não acho esta questão relevante, embora para mim ela não faça sentido, pois é a Anac que tem a responsabilidade de regular e fiscalizar esse setor. O argumento de usar parte dos lucros nos aeroportos privatizados para financiar suas atividades nos aeroportos deficitários não faz sentido, pois estes recursos deveriam vir do pagamento das concessões. É preciso entender que os preços pagos pelo setor privado nos leilões já levam em conta que apenas 51% dos lucros serão apropriados por eles.
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A privataria tucana
O apoio de Mendonção deveria preocupar as forças progressistas. Afinal, ele foi um dos principais cabeças no reinado neoliberal de FHC. Fora do governo, ingressou no lucrativo ramo da especulação financeira, com a empresa Quest, e hoje também atua na comercialização de automóveis chineses. Na política, Mendonção continua sendo tratado com um “mentor intelectual” do PSDB.
No livro “A privataria tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro, o ex-ministro de FHC é mencionado várias vezes. Num episódio que ficou famoso, o do grampo nos telefones do seu gabinete no BNDES, ele aparece em inúmeras conversas reveladoras de como se deu o processo de privatização no governo FHC. O livro descreve algumas delas:
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Mendonça de Barros liga para Ricardo Sérgio [ex-tesoureiro das campanhas de José Serra] e explica que o Opportunity [do agiota Daniel Dantas] está com “um problema de fiança” para participar do leilão das teles. E propõe: “Não dá para o Banco do Brasil dar (a fiança)?”.
- Acabei de dar – responde Ricardo Sérgio, que alcançou R$ 874 milhões para o consórcio de Dantas. E agrega, cometendo a frase síntese do processo de privatização à brasileira. “Nós estamos no limite da nossa irresponsabilidade”. E emenda outra, mais tosca e premonitória: “Na hora que der merda, estamos juntos desde o início”.
Vale relembrar um telefonema de FHC para Mendonça de Barros. Queria saber a quantas andava a preparação do leilão das teles. Recebe, como resposta, que “estamos com o quadro praticamente fechado”. À vontade, os dois comentam o tom apologético adotado pela mídia para saudar as privatizações...
- A imprensa está muito favorável, com editoriais – comenta Mendonça de Barros.
- Está demais, NE – diz FHC. Estão exagerando até... – acrescenta, mordaz com seus áulicos midiáticos.
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Agora, novamente, boa parte da mídia privatista também está eufórica com o leilão dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília, mas sem negar o seu caráter oposicionista. Ela festeja a privatização e aproveita para fustigar o governo Dilma Rousseff. Afirma que ela cedeu às teses privatistas e rasgou os seus compromissos de campanha.
A vida é cruel. Um amigo sindicalista lembrou hoje um ditado que sua avó sempre dizia: “Quem se abaixa demais, expõe as nádegas”.
4 comentários:
Amigos, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-SP) autorizou, no dia 3, a instalação de três CPIs. Como só podem funcionar cinco simultaneamente, ficou estreito o caminho para a CPI da Privataria Tucana.
Parece que há uma "operação-abafa" em andamento, com a cumplicidade do PT e do Governo Dilma.
Precisamos pressionar urgentemente, nas próxiams horas, para que os gatunos não fiquem impunes.
Depois, é Carnaval...
Agora Dilma não segura mais! Vai SUS, vai o MEC, vai até o cafezinho do Senado. Mas toda ação gera uma reação.
E eu pergunto: o pessoal que administrava não sabia fazer a coisa direito já que podiam pegar dinheiro do BNDS, ou eram corruptos mesmo?
Altamiro
Tem muito disse e me disse, pelo que eu entendi não tem nada, absolutamente nada a ver com a era Fernandiniana, tanto é verdade que causou choque em todo mundo, aeroporto dar mais lucro em que 9 vales. A vale foi vendida por 3bi e os aeroportos tem concessão de uso de 24b.
Na contabilidade que eu aprendi nos meus 16/17 anos. Isso é considerado lucro do dono.
-Quem é o dono? A enfraero, que é o governo. Esse dinheiro é da estrutura já pronta desses aeropostos. Técnicos calcularam o valor minimo de 5b( estrutura pronto o que o estado gastou )
-Daqui por diante será assim:
A concessionária tem 51% de administração na área terrestre com projetos apresentados e se o governo não gostar pode vetar. Se ele quiser ampliar e tudo tiver de acordo libera-se. Esse NOVO investimento de ampliação o concessionário pode pegar dinheiro fora ou dentro, como ele achar melhor. Se quiser via BNDES, sem problema pois é aberto a todos.
-como será a distribuição dos lucros?
Tudo que a concessionária investir é abatido na receita bruta. tirado isso a receita liquida é distribuida entre os socios de maneira proporcional .A infraero recebe 49% da receita liquida e o resto é para o administrador terrestre.Esse dinheiro vai gerar mais emprego hoje necessário para melhor atender os usuários independente da copa do mundo ou olimpiadas. ISSO JÁ ERA PARA ONTEM.
Enfim até agora não vejo motivo para essa gritaria. A Dilma fez um OTIMO negocio e o que é melhor a titulação dos aeroportos ainda continuam em nome do povo brasileiro, onde durante os contratos tem direito a veto.
O Mendonção está é com um inveja danada pois ele vendeu a CSN e a Vale. Não tem jeito está nas mão de um grupo, a sorte que a VALE mais de 50% são fundos publicos e as teles foi 100% para concessão. Se tivesse ficado pelo menos 49% tudo bem, mas nem isso.
Por fim aeroporto não é um serviço de primeira necessidade. Eu por exemplo como tenho medo de me afastar mais de 200km de casa nem preciso dele. A maioria da população não precisa de avião, afinal o homem é um ser terrestre
Tucanos e imprensa chamam concessão de privatização e, acreditem, parte da esquerda cai na esparrela!
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